As horas que, a conta-gotas, demorei a ver “Loved Ones” não são bom prelúdio para a minha relação com esta série. Quanto mais The Strain ignora uma boa construção de personagem, mais eu me desligo. E parece que não há intenção de se corrigir, uma vez que grande parte do episódio incidiu sobre a transformação da Kelly, exposta em cores que claramente nos indicam que querem que simpatizemos com a personagem – sem qualquer trabalho prévio que tornaria isso possível. Mas que episódio teria sido se a única forma que temos de definir a Kelly não fosse apenas “ex-mulher do Eph”. Portanto sim, o Mestre ter escolhido a Kelly como uma das especiais abre uma panóplia de possibilidades narrativas. Contudo, o envolvimento emocional que se esperava neste género de revés não ocorreu, nem ocorrerá porque trata-se de uma personagem que é essencialmente uma página branca.
Retomando então o que disse anteriormente para contextualizar. Em “Loved Ones” fomos transportados em flashback para o que aconteceu com a Kelly. Ela de facto foi a responsável pela ferida na cara do Matt versão Vampiro, mas não escapou ilesa à batalha. Aliás, finalmente tivemos o momento nojento há muito prometido de um verme a entrar por um olho a dentro. Foi dos únicos momentos redentores neste episódio. Agora vampira, o Mestre elegeu-a como uma das suas escolhidas.
Depois de confessar o seu papel na derrocada da internet, a Dutch partiu para resolver o problema, com o Fet para ajudar. O destino, a companhia do Palmer.
Existe química na relação Fet/Dutch, mas gradualmente estou-me a desinteressar pelo Fet, apesar dele ter sido dos únicos raios de Sol nos primeiros episódios. Admito que no momento de flirt com a rececionista Kevin Durand trouxe um charme absolutamente irresistível misturado ao cómico de situação. No entanto, há uma qualquer qualidade a ser desenhada na personagem que me retrai.
Assim que chegaram à companhia foram confrontados com os seguranças que os levaram a Palmer. O homem moribundo revelou-lhes as suas intenções a ajudar a disseminação do vírus: imortalidade. Não foi propriamente uma novidade, apenas para as personagens.
Teria sido o final destes personagens se o Fitzwilliams, o fiel segurança, fosse realmente fiel. Ele acha que Palmer está a fazer algo de errado e por isso não os matou e deixou-os ir.
Este episódio deixou um oceano de possibilidades. A mulher do Eph a tornar-se uma vampira de alta ordem. O filho claramente a demonstrar não ser estúpido em relação ao destino da mãe, o que é de louvar no mar de personagens burras existentes. E a possibilidade do Fitzwilliams como um futuro aliado. Todavia, à parte das possíveis possibilidades, tudo o resto foram as habituais falhas. Tornou-se oficialmente cansativo esperar que The Strain se corrija.
Nota: 5.5/10
André F Dias