The Strain – 01×05 – Runaways
| 17 Ago, 2014

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Em “Gone Smooth” vimos um dos momentos mais estranhos de TV até à data quando o pénis do personagem Gabriel caiu na sanita. Da parte dele, não mais que um piscar de olhos antes de puxar o autoclismo e se virar na direção da câmara para nos mostrar o seu Ken-look. Foi horror, não no habitual ensanguentado significado, mas centrado em completa bizarria. Emparelhando  a cena e o título do episódio, parecia claro que The Strain estava aprender a divertir-se consigo mesma e dominava a bizarria que expunha.

“It’s Not For Everyone” rumou na direção oposta, deixando a diversão nas margens e focando o episódio nas cenas mais dramáticas e bem construídas do Ansel transformado e da sua mulher Ann-Marie. Estaria The Strain a querer dizer que aspirava a ambas? Diversão e drama?

O mais recente episódio, “Runaways”, respondeu-me às dúvidas de certa forma. Já a meio da temporada, altura em que série deveria começar a consolidar o que quer, The Strain retraiu-se das opções que testou nos episódios anteriores. Parece que decidiu não ser nenhuma e ficou-se por não ser nada. Sem traços da excentricidade de “Gone Smooth” e com o drama tão competentemente explorado em “It’s Not For Everyone” agora tragicamente a acabar em tragédia, ficou muito pouco a que nos agarrarmos. Adicionando que quase tudo o resto neste episódio roçou o ridículo, eu não poderia estar mais desmotivado.

Uma das maiores desilusões foi mesmo a Ann-Marie ter-se enforcado e o Ansel ter sido morto pelo Setrakian. Um cão e um vizinho morreram para ISTO! Tão bom trabalho num episódio, para mandar tudo pela janela no outro!

Mas a maior transgressão foi mesmo a boleia que The Strain tentou apanhar no Holocausto. A chegada do comboio, as famílias a serem arrancadas dos braços uns dos outros…Isto são cenas que sabemos de cor e de coração, que exercem um peso emocional inerente porque realmente aconteceram e que The Strain não ganhou o direito de explorar. Não havia necessidade de enraizar o Mal em Mal verídico. Abuso, exploração, tortura, doença; os campos de concentração eram horríveis que chegue sem adicionarem um monstro sugador de sangue à equação. Crédito, onde o pouco crédito que existe é devido, pelo menos estas realidades dos campos de concentração foram muito pouco exploradas e limitaram-se a mostrar de onde o Setrakian havia vindo e o seu primeiro contacto com os vampiros. Tivesse sido muito tempo investido nos verdadeiros horrores do Holocausto e The Strain teria percorrido terreno imperdoável.

As cenas com o Gabriel esta semana foram repetitivas e previsíveis. Era óbvio que a urologista e o homem da ‘limpeza’ lhe iam servir de refresco. Com personagens introduzidas de propósito para isto, restou-nos adivinhar o que ia acontecer e ver a acontecer.

Já as cenas da Joan foram moderadamente mais interessantes. Depois de semanas sem aparecer, vemos finalmente a sua transformação. Curioso que tanto ela como o Gabriel, dos quatro sobreviventes os mais amorais, sejam os únicos vivos e precisamente porque não estão a lutar contra a transformação, como fizeram o piloto e o Ansel.
A empregada percebeu que algo de errado se passava, mas não teria sido mais lógico ter ligado a um médico ou alguém que pudesse ajudar? A decisão de levar as crianças dali para fora foi, de facto, a melhor, mas foi estranha se analisarmos a informação que a empregada possuía. Gostei da cena em que a Joan os apanhou, mas os deixou ir, primeiro porque parece-me boa opção não andarem assim a matar crianças e depois porque da maneira como foi mostrado não pareceu misericórdia, pareceu que ela ainda não sabia bem o que queria.

A palavra foi dita! “Vampiro”! O protagonista tem cérebro! A quantidade de exposição neste episódio foi imensa. E porquê? Porque em todos os outros episódios o Setrakian andou a falar em enigmas. No entanto, não posso dizer que a conversa de pequeno-almoço com o Eph como vetor para isso tenha sido completamente desagradável.

No mundo da Nora (aquela personagem que fazia sentido para de repente deixar de fazer) as coisas tornam-se ainda mais parvas. Neste episódio foi visitar a sua mãe, que tem Alzheimer, ao lar. Este momento serviu largamente para nada até que o lar foi invadido por um dos vampiros que começou a atacar as pessoas. A Nora, a única que sabia o que diabo se estava a passar, o que é que fez? Tentou ajudar a pessoa que estava a ser morta? Ligou ao Eph para ele vir lidar com o assunto? Ligou ao CDC para avisar do alastrar da doença? Não! Fugiu! A imbecilidade…

Sem qualquer sombra de dúvida, o Vasily continua o mais interessante porque é o que mais utiliza o cérebro e, por consequência, é aquele com que mais facilmente nos relacionamos. Neste episódio, o Vasily foi investigar o debandar das ratazanas do esgoto e deparou com os cadáveres desaparecidos do avião.
Assim, Vasily começa a integrar-se no mesmo enredo das restantes personagens. Agora é aguardar que se cruze com elas! Da forma que as coisas estão, só pode ser um fator de melhoramento da série!

Finalmente e para manter a consistência lógica nem que fosse num aspeto, o episódio terminou da forma mais imbecil possível. O Eph mostrou um vídeo com provas conclusivas do perigo da doença que se alastra e o chefe ignorou isso completamente em prol do facto do Eph ter sido apanhado em vídeo a arrastar o corpo do piloto. É preciso dizer mais?

Ficção científica é um género que requer a suspensão da descrença para ser apreciado. Contudo, The Strain força a boa vontade do espectador com uma miríade de decisões estranhas ou imbecis por parte das personagens. E a meio da temporada a série ainda tem uma ideia muito pouco formada do que quer ser, arrastando o enredo enquanto experimenta. Em sua benesse, existe profissionalismo por de trás da câmara, o que permitiu que este episódio que se geriu entre 5 histórias diferentes, parecesse que se movia mais do que realmente se moveu. Mas prefiro o verdadeiro movimento à ilusão do mesmo.

Outras coisas:

– Gus, o gangster relutante que não é assim tão relutante, continua o tédio

– Os vampiros realmente são sensíveis à prata. E parece que extremamente sensíveis à luz.

– Continuamos sem saber porque o outro contratou a hacker para mandar a internet abaixo.

Nota: 5.5/10

André F Dias

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