Depois de sabermos que Damon Lindelof estaria por trás de The Leftovers as comparações com Lost são inevitáveis. Mas desenganem-se os que pensam que teremos como narrativa principal o evento em que 2% da população mundial desaparece discriminadamente. Esta série terá o seu foco na forma como os que ficaram “para trás” seguiram com a sua vida.
Para nos dar uma ideia do que desencadeou tudo o que veremos daqui para a frente, somos levados até ao dia 14 de Outubro. Aqui vimos como uma criança desaparece sem qualquer explicação e todo o desespero da sua mãe. Claro que não ficamos por aqui e é-nos dada uma pequena noção da quantidade de participações de desaparecimentos que caem na linha do 112. Avançamos 3 anos e é aqui que o foco da série começa a ser desenvolvido.
Kevin é o chefe da polícia da cidade de Mapleton e este será o nosso protagonista. Vemos que a relação que ele tem com os seus filhos não é de todo a mais desejável. É notório que a falta da sua esposa, que poderá ter sido uma das vítimas do misterioso desaparecimento, é a peça que falta para manter o equilíbrio. Jill é uma jovem problemática e Tom está ligado a um tal de Wayne, do qual falarei mais à frente.
De forma a relembrar o que aconteceu no fatídico dia 14 de Outubro, a presidente da câmara de Mapleton quer realizar um desfile pelas ruas da cidade em honra dos que partiram, aclamando-o como “Dia dos heróis”. Kevin não concorda com a ideia com medo do caos que a aparição do misterioso grupo dos Remanescentes poderá causar na população.
Os Remanescentes, ou RC, são um grupo misterioso que se veste todo de branco, a cor da paz. Vemos que eles não dizem uma palavra, exceto aquando da receção de um novo membro, não têm propriamente uma vida cheia de confortos e passam o dia inteiro a fumar. Eles têm algum tipo de objetivo para este dia, já que um pequeno grupo é destacado.
Eis que chega o tão esperado “Dia dos heróis”. O desfile pelas ruas da cidade corre às mil maravilhas, os discursos e a inauguração da estátua vão pelo mesmo caminho, mas eis que os RC aprecem para um protesto silencioso. Eles erguem uns papéis que formam a frase “ Stop wasting your breath!”. É aqui que o grande receio de Kevim acaba por se concretizar e a população acaba mesmo por agredir os RC.
Umas das coisas que mais me intrigou neste grupo de pacifistas foi a facto de cada par receber um ficheiro com os dados de alguns habitantes de Mapleton. Posteriormente vemos esses pares seguirem constantemente o seu designado, o que acontece com Meg e mais para o final do episódio com Kevin. Seja qual for o real objetivo deles acabou por ter efeito em Meg, já que esta se junta a eles, apesar de não ter apreciado muito a perseguição de que foi alvo.
Falando agora de Wayne, este é um homem misterioso e que provavelmente terá algum tipo de “poder” que ajuda as pessoas a lidarem melhor com o que lhes aconteceu há 3 anos. Ele próprio também perdeu o seu filho nesse dia. Ele diz que tem de forma repetida sonhos com o seu filho, com ele a dizer que num intervalo de 3 anos algo irá acontecer, algo que Wayne considera como o fim do período de graça.
Mais para o final do episódio temos a maior revelação.Laurie, a mulher do Kevin, afinal não desapareceu no dia 14 de Outubro, pertencendo ao misterioso grupo RC. Isto levantou-me duas grandes interrogações: o que teré levado Laurie a deixar a sua família para se juntar a este grupo, e em segundo será que os seus filhos o sabem? Lembrem-se de que Kevin não quis de Jill fosse ao “Dia dos heróis”, talvez com medo que esta visse a mãe.
Tendo sido um pilot algo grande aconteceram coisas que não considero muito relevantes para a narrativa principal, mas mesmo assim tenho de fazer referência à cena final envolvendo os cães. Será que eles foram afetados de alguma forma com os eventos ou foi apenas uma armação do misterioso matador de cães?
Para finalizar quero apenas dizer aos que não apreciam muito uma série mais focada no dramatismo e com uma narrativa mais lenta e enigmática, que esqueçam esta série pois ela não tem nada a ver com vocês. Se o teu caso é o contrário então acredito que possa ser uma agradável surpresa. Ainda assim interrogo-me como será que LIndelof conseguirá manter a narrativa interessante com o desenrolar dos episódios ou até mesmo em futuras temporadas, caso a série venha a ser renovada.
Nota: 7.5/10
Carlos Oliveira