Em Welcome To Gitmo a tripulação de 216 pessoas (e um cão) segue viagem em direção à Baia de Guantánamo por forma a recolher alimentos, combustível e a medicação e equipamento necessários à criação da cura. A tripulação prepara-se para eventuais combates e a Dra. Rachel instrui-os nas propriedades do vírus e nos cuidados a terem em terra para não o contraírem. O importante a retirar para este episódio: o vírus é transportado pelo ar, por isso é necessário usar as máscaras em espaços fechados ou nas proximidades de cadáveres.
A fricção entre o XO Slaterry e o Cap. Chandler continua, agora devido à hostilidade do primeiro com a Dra. Rachel – hostilidade visível também noutros elementos da tripulação. Apesar do “Estou contigo” do XO e da cooperação entre ambos ao longo do resto do episódio, duvido que esta fonte de conflito não ressurja.
Durante a viagem temos ainda tempo para um momento de pesar, ou dois. O primeiro vindo de Danny Green, interpretado por Travis Van Winkle e que eu receava não ser capaz de muito mais que ser uma cara bonita. Para me provar errado ofereceu uma cena breve, mas eficaz e emocionalmente credível, que nos mostrou alguém que não só lida com perdas prévias pelo vírus, como o resto da tripulação, mas também com a do comparsa, vítima no episódio passado.
A cena imediatamente a seguir, com a tripulação reunida no convés num combinado de luto pelos que perderam e de esperança pelos de que nada sabem, não me convenceu tanto. É difícil empatizar ao nível que aqui foi tentado quando sabemos pouco ou nada das respetivas personagens. Acabou por servir mais para nos familiarizar com as personagens prestes a ir a terra em Guantánamo. Foi uma escolha típica de estrutura de filme, ou não estivéssemos nós a ver algo com a mão de Michael Bay. Mas isto é uma série e a melhor opção teria sido colocar esta cena pós-Guantánamo, em que o contacto dessas personagens com os efeitos do vírus e o confronto com as dificuldades no terreno lhe teriam oferecido outra profundidade emocional.
São enviados 3 grupos para a Baía de Guantanamo, uma para recolher o combustível, outro para recolher a medicação e equipamento e o último para recolher comida. As coisas dão para o torto, como seria de esperar. O grupo encarregado da comida e liderado pelo Cap. Chandler encontra um ex-guarda, Tex, que os avisa do perigo. Ele fazia parte de um grupo de 7 guardas que ao verem o mundo de pernas para o ar decidiram que não havia razão para manterem prisioneiros 14 membros da Al-Qaeda.
Seguem-se cenas de ação em que para cada grupo do USS Nathan James, temos um face-off com um grupo de prisioneiros.
O grupo do combustível enfrenta os possuidores do lança-granadas, que depois de ferirem a chefe das máquinas, se preparam para disparar contra o navio. A resposta do XO Slattery é destra e é ele que dispara contra os prisioneiros, eliminando-os.
O grupo dos medicamentos é impedido de sair do laboratório numa altura em que o ar dos fatos está a minutos de terminar. Fora de alcance para o XO resolver o problema da mesma forma, a solução teve que ser criativa. Enquanto o tenente Danny Green ficou para trás, os restantes subiram ao telhado, ele rebentou a porta como distração e na surpresa eliminaram os prisioneiros. Um deles ainda fere gravemente um dos nossos tripulantes, o que obriga a Dra. Rachel a ir a terra para o salvar, contrariando as ordens do Cap. Chandler.
O grupo dos alimentos prosseguiu para o armazém onde se encontravam os restantes prisioneiros. Tex é tomado como refém no decorrer do confronto e as coisas complicam-se. A solução desta vez é um misto das duas anteriores. O XO Slattery dispara um míssil contra uma das zonas do armazém, o que distraí os prisioneiros e permite eliminá-los.
São três sequências de ação que The Last Ship faz muito bem.
De volta ao navio, ganhámos um novo tripulante no Tex e a tripulação ficou muito mais recetiva à Dra. Rachel depois dela salvar um dos tripulantes.
Finalmente, o USS Nathan James recebe uma transmissão de um suposto navio Britânico a necessitar de alimentos. O Cap. Chandler fica agradado com a perspetiva de encontrar alguém amigável, no entanto, o que aparece no final do episódio é um navio russo, dando-nos um bom cliffhanger para o próximo episódio.
Considerações:
– O Dr. Quince andou nos seus conluios durante o episódio, mas sem nada de relevante ser mostrado. Acredito que será trazido para foco no próximo episódio, principalmente agora que um navio russo entrou em jogo.
– A transmissão foi um engodo dos russos? Ou havia mesmo um navio britânico que entrará em jogo também no próximo episódio? Fiquei na dúvida.
– A responsabilidade de manter o enredo cativante esteve largamente posta sobre os ombros de Dane (Chandler), Miltra (Rachel) e Baldwin (Slattery). Espero que o desenvolvimento e a introdução de novos personagens que houveram, permita distribuir de forma interessante essa responsabilidade.
– Russos e agora Al-Qaeda. Não percam nos próximos o surgir dos alemães neste mundo dos clichés.
– No episódio passado, inflacionei um pouco a nota do piloto por ter gostado do conceito base da história. Esperava uma queda a pique esta semana, mas fui surpreendido. Mesmo com diálogos menos brilhantes, houve pelo menos a preocupação de ir dando dimensão aos personagens.
– Tripulação: 217 (e um cão)
Nota: 7.5/10
André Dias