Extant – 01×01 – Re-entry (Pilot)
| 13 Jul, 2014

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Extant, a nova série de verão da CBS, que conta com o grande nome de Steven Spielberg na produção executiva, Halle Berry como protagonista, e com uma história curiosa, intrigante e prometedora. Ou pelo menos era isso que eu pensava antes de ver o episódio piloto. E peço desculpa se repetir a palavra “estranho” muitas vezes durante esta review mas, é inevitável com um episódio assim, e não no sentido mais positivo de “estranho”.

O enredo desenvolve-se no futuro, em torno de Molly Woods, uma astronauta que após passar um ano numa missão a solo no espaço, regressa à terra para o seu marido John (Goran Visnjic), e para o seu filho não-biológico Ethan (Pierce Gagnon), que não é humano, mas sim um Humanic, uma espécie de andróide criado por John.

Muito (demasiado, no meu entender) era já revelado no trailer, mas não deixam de haver dois ou três mistérios introduzidos ao longo do episódio. Contudo, nada que me tenha deixado de boca aberta, ou com as engrenagens a deitar fumo, e muito menos com grande entusiasmo para ver o segundo episódio.

Ao regressar à Terra, Molly começa a sentir-se enjoada e vai à sua médica, acabando por descobrir que está grávida. Ora, tendo estado 12 meses sozinha no espaço e tendo problemas de fertilidade, isto é aparentemente impossível, e é o principal mistério da série.

Enquanto Molly está no espaço, num certo dia, uma interferência causada por uma erupção solar deita abaixo a energia e o sistema de comunicações da estação espacial. Molly consegue recompor os quadros eléctricos, mas é então que algo estranho acontece. Enquanto Molly verifica algumas componentes eléctricas da nave, é surpreendida pela aparição de Marcus, seu ex-namorado e também astronauta, na separação para outro compartimento na nave, a escrever “Help Me” no vidro embaciado. E o que é que a aparição de Marcus tem de estranha, para além da missão de Molly ser solitária e não haver supostamente mais ninguém nas imediações da nave dela? O facto de Marcus estar morto há vários anos.
Molly abre a escotilha para deixar entrar Marcus na mesma secção que ela e, um pouco em choque, toca no rosto dele, para garantir que ele é real. Os dois trocam algumas palavras (num diálogo um bocado desconexo) e é a vez de Marcus tocar no rosto de Molly. E ao fazê-lo, algo estranho acontece e e a astronauta desmaia/perde a consciência. Quando acorda, já não há Marcus nenhum ao pé dela e ela não está no sítio onde tinha desmaiado, mas sim noutra parte da nave. Confusa e assustada, Molly corre para as gravações das câmaras de vigilância da nave, recuando até ao momento do seu encontro com Marcus. E qual não é o espanto (ou não) quando nas gravações não existe Marcus nenhum, apenas Molly fazer festinhas ao ar e a perder a consciência segundos depois (previsível). Ao ver isto, a astronauta entra em pânico e, em vez de continuar a ver as gravações para perceber como foi parar ao andar de baixo antes de acordar, ela simplesmente decide apagar esses registos das câmaras. Estúpida…

Obviamente que a falta das horas que ela apagou dos registos levantam questões aos seus superiores, que ao questionarem Molly, a única justificação pobre que recebem é que ela os apagou por engano. E claro, não ficam convencidos.

E terá sido apenas com o toque da mãozinha do fantasma espacial Marcus que Molly engravidou? Ou terá ela sido, vá – usando uma palavra bonita – fertilizada enquanto estava inconsciente, pelo mesmo fantasma espacial? The mystery!

Mas continuando, de volta à Terra, Ethan, o filho Humanic do casal é outro mistério. O objectivo de John aquando da sua criação é que Ethan aprenda a ser humano, tal como uma criança aprende e é educada. Assim Ethan tenta aprender a comportar-se como uma criança normal e a ter expressões de sentimentos humanos. Mas não deixa de parecer sempre um pouco não-natural e até mesmo um pouco arrepiante. A chegada da mãe parece despertar em Ethan alguma mudança, até porque nem ela sabe lidar muito bem com ele, nem ele com ela. E algumas cenas são despoletadas durante o episódio a partir da estranheza que se desenvolveu na relação entre os dois.

Ethan não é só um filho para John, mas também a base do seu projecto de vida a nível profissional – os Humanics. John pretende fazer entender às pessoas que os Humanics não são robôs, mas sim muito humanos. E procura financiamento para os desenvolver. Acaba por encontrar esse financiamento na pessoa do Sr. Yasumoto, um milionário intrigante que minutos antes vemos a ser “acordado” de banho de qualquer coisa pegajosa cor-de-laranja, e que também tem o dedo metido na ISEA, a companhia espacial para a qual Molly trabalha. Yasumoto só financia o projecto de John para se aproximar da família, em especial de Molly, e tentar perceber o que aconteceu nas 13 horas de gravação apagada por Molly.

Durante o episódio conhecemos também a história de Harmon Kryger, outro astronauta que anos antes tinha sido enviado no mesmo tipo de missão que Molly, e que durante esse tempo a sua nave também foi atingida por uma erupção solar. Após o seu regresso, Kryger acabou por tirar a própria vida. Ou pelo menos é essa a história que a ISEA conta. Pois, pelos visto, algo estranho também aconteceu com Kryger, mas ao contrário de Molly, ele não apagou as gravações dos acontecimentos, e a ISEA viu-as.

No final do episódio, o último mistério a aparecer: O próprio Kryger aparece a Molly. Vivo. E ele parece saber o que se passou na nave espacial com Molly. O encontro deles é breve, mas Harmon avisa Molly para não confiar “neles”, em ninguém, deixando Molly confusa.

E basicamente é isto o episódio. Quarenta e um minutos de série que se resumem a 2 ou 3 pontos chave e cuja repartição durante o episódio se torna um bocado cansativa e aborrecida. Tal como disse no início, a série tinha um argumento intrigante à primeira vista, mas não conseguiu cativar com o piloto. E para mim, este é um erro fatal para as séries.

Nota: 5/10

Mélanie Costa

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