Neste episódio de título “The Flood”, Dominion parece afogar-se. Um problema foi avançar certos momentos da narrativa de forma demasiada rápida. Eu sei que mencionei na review passada que este seria um bom episódio para isso, depois dos anteriores mais centrados nas personagens, mas também não era necessário pregar a fundo no acelerador. O outro problema foi centrar-se em personagens pouco desenvolvidas (Senador Frost) ou completamente novas (Uriel).
Na sequência da ferida sofrida pelo Michael na luta contra o Furiad, o Alex volta para Vega para procurar socorro. É certo que o Escolhido eventualmente teria que voltar a Vega e o ferimento de Michael foi um bom impulsor, porém eu gostaria de ver o mundo fora de Vega mais um tempinho.
Na cidadela, como já era expectável, consequências da fuga esperavam o Alex. Assim que entrega Michael ao hospital, os militares chegam para o prender.
Na cadeia, é ordenado aos prisioneiros que se dispam e cria-se um sentimento de urgência com o Alex a tentar encontrar uma forma de manter as tatuagens escondidas. A solução não foi muito difícil de encontrar e para ser agraciado com um despacho imediato para a solitária, o Alex parte o nariz a um guarda com uma cabeçada. Este desenrascanço foi um grande momento de iniciativa própria por parte do nosso protagonista, contudo também foi o único, infelizmente; mais à frente voltarei a este assunto.
Teria sido interessante um período de tempo mais estendido na prisão, com Alex a batalhar com alguns obstáculos, enquanto veríamos aspetos de um extracto social diferente em Vega. Todavia, Dominion parece estar extremamente relutante em enfrentar a realidade que criou com o seu sistema social. A oportunidade foi-se tão depressa quanto surgiu quando a Claire foi visitar o Alex à cadeia. Ele pretende ficar onde está para não colocar em perigo a Claire, a Bixby, etc, mas ela compara o que ele quer fazer a Bixby com o que Jeep lhe fez e ordena a sua libertação.
Voltando ao Michael, o seu estado parece grave. No entanto, no calar da noite, alguém derrete uma pena para a sua ferida, que começa a sarar. Michael acorda mais tarde, ao lado da Senadora Becca Thorn e intrigado. Para os que se perguntavam como é que um arcanjo pode ir abaixo tão facilmente, ao que parece a espada de Furiad (e certamente as dos restantes anjos superiores) é feita de um metal celestial, aço Empyrean.
Enquanto os dois dormem, alguém se aproxima e tenta matar Thorn. Michael impede-a e ficamos a saber que é Uriel, que vem pedir explicações a Michael depois de ter ficado a saber que ele encontrou o Escolhido.
A Uriel marca uma reunião de família com o Michael e com o Gabriel e temos um momento um tanto longo de exposição. A Uriel é protectora dos seus irmãos arcanjos, acredita que as tatuagens do Escolhido pertencem a todos os arcanjos, tem estado desaparecida durante 25 anos, neutra na luta, mas segundo Michael gosta tanto dos humanos quanto ele. Katrine De Candole fez um bom trabalho neste episódio a mostrar todas as facetas de Uriel, que transpareceram como sinceras, mesmo quando oferece a sua lealdade ao Michael para pouco depois a oferecer ao Gabriel também. Exatamente o que pretende é incerto, exceto que o Escolhido é parte central das suas orquestrações.
Foi ainda implícito pelo Gabriel que o Michael tem um qualquer passado negro que poderia virar o Escolhido contra ele.
A meu ver a parte mais fraca do episódio envolveu a tomada do David Whele e do General Edward Riesen como reféns pelo Senador Thomas Frost. Apesar do foco colocado em David e Edward ao longo dos últimos episódios, o que foi mostrado não foi o suficiente, ou o indicado, para que nos preocupemos por demais que qualquer um deles ou ambos morram. Sim, seria uma chatice para a cidadela…talvez…mas é isso. O nível de tensão desce consideravelmente se não empatizarmos com as personagens cuja vida está em risco.
Esta situação de reféns aconteceu porque Frost ficou a saber da existência do Escolhido no hospital quando Bixby contou a Claire que o Alex tinha sido preso porque ninguém sabia que ele era o Escolhido. A Bixby continua uma mera ferramenta de narrativa com dimensão 0.
No concílio de Senadores, Frost enfrenta Whele e Riesen, tentado extrair-lhes a identidade do Escolhido, mas é completamente ridicularizado por ambos, que até negam a existência de um Salvador. Frost parte então para medidas mais drásticas e marca um encontro com David e Edward no edifício de cultivo, tranca-os aos três lá dentro e começa a inundar a torre, ameaçando-lhes as vidas e a capacidade de sobrevivência de Vega se as culturas forem destruídas. Ele exige ver o Escolhido.
Por entre as troca de galhardetes, Frost menciona que Edward e Whele apenas querem saber do poder que mantêm e não estão interessados na mudança que o Escolhido impulsionará em Vega. Isto é bem verdade e a razão porque se torna difícil empatizar com os reféns. Em vez disso, ficamos a torcer pela revelação do Escolhido e a empatizar com os motivos do Senador Thomas.
Claire é nomeada a nova Senhora da Cidade e ainda batalha com a ideia de admitir a todos a existência do Escolhido e enviá-lo a Frost, mas ao invés disso acaba por ceder à ideia de William e Becca de intervir militarmente. Alex faz parte do corpo de intervenção e, quando sabe que é o Escolhido que Frost quer, oferece-se para negociar com o Senador. O oficial recusa, mas Claire surge e suporta a ideia. Assim, o Alex e revela-se somente a Frost como o Escolhido, mostrando as tatuagens. O senador ainda duvida, mas Alex profere as palavras que viu num sonho quando estava na prisão (“Ela morreu por ti”) e convence-o.
Oooooora, eu tenho problemas com esta sequência de acontecimentos, porque as tatuagens começam a tornar-se um elemento complicado. O Alex decidiu intervir na situação de reféns por diligência própria ou devido à visão proporcionada pelas tatuagens? Algo de semelhante já havia acontecido quando a primeira mensagem criou atrito com o Michael. Depois de tanto tempo de recusa em ser o Escolhido, o episódio tentou mostrar que ele abraçava o seu destino (conversa final com o Michael) e a ideia esteve lá, mas a centralização nas tatuagens toldou a vontade própria do Alex, que deveria ter sido demarcada de forma a reverter o protagonista relutante.
O Senador Thomas Frost, depois de convencido que o Alex é realmente o Escolhido, parou a inundação da torre e largou a arma, que Edward prontamente agarrou para o matar, evitando que a informação acerca do Escolhido se propaga-se. Só foi surpresa porque esperava isto mais do Whele, não tanto do Riesen. Farinha do mesmo saco. E o Whele guardou-se para a Bixby, a última testemunha marginal da revelação do Escolhido, e mata-a no hospital. Não posso dizer que tive pena, foi a remoção de um apêndice na história. Serão mais interessantes de ver as reações da Claire e do Alex à morte do que qualquer coisa que a Bixby alguma vez tenha feito.
Considerações:
– Houveram duas cenas com a Arika e com o Ethan e a Noma, respectivamente, que eu não sei bem para o que serviram. Os militares no geral são desinteressantes.
– O Christopher Egan (Alex) bem que faz o melhor que pode com o que lhe dão, mas continuam a não lhe dar muito. Nem parece o protagonista às vezes.
– Era suposto ficarmos surpreendidos com a cena em que a Thorn analisa o fragmento da espada de Furiad?
– A escolha de uma mulher para interpretar Uriel, um arcanjo de grande habilidade bélica, foi refrescante.
– Quem é que curou Michael? Já temos 3 arcanjos, parece-me o quarto, Rafael.
Nota: 6.3/10
André Dias