Premissa:  April Carver é uma jovem repórter a lutar para ascender na carreira, a balançar a sua vida familiar héctica e a iniciar um relacionamento com um colega de trabalho. Num momento em que tudo poderia compor-se, April é confrontada com um diagnóstico de cancro.

Histórias que revolvem em torno da doença oncológica, por defeito de profissão, despertam sempre o meu interesse. Foi, por isso, com grande entusiasmo que comecei a ver este piloto.

Vejamos então as personagens introduzidas e a sua história.

April Carver. A protagonista. Uma floater – assumo que isto seja gíria para “repórter em início de carreira” – com 24 anos, vive com a mãe, a avó e a irmã mais nova. O pai morreu há cerca de dois anos num acidente de viação. Tem interesse romântico num repórter da sua redação, Dominic.

Danny. Também um floater, tão ou mais focado na carreira que April.

Dominic. Repórter na secção de Artes e Entretenimento. É o interesse romântico da April.

Lawrence. Chefe de redação. Simpatia e afabilidade não são características que se encaixem nele.

Sara Carver. Mãe da April e terapeuta, não termina frases quando está nervosa e decide recomeçar a sua vida romântica com a ajuda de um website de encontros.

Beth Carver. Irmã mais nova da April, agora faz parte de um projeto comunitário, mas parece que atravessou um período em que foi tudo menos uma filha modelo.

Emma. Avó da April. Joga roleta na internet e faz exercício.

George Carver. Irmão do pai da April e oncologista pediátrico. A família guarda-lhe ressentimento por não ter aparecido no funeral do irmão ou em qualquer outra ocasião depois dessa morte. Encontrava-se ao volante no acidente em que o pai da April morreu.

Beth. Grande amiga da April desde o tempo em que esta era gerente no café em que Beth trabalha. Beth é atrevida e gosta de homens do tipo machão calado.

Thomas Carver. Nome do pai da April que faleceu.

O episódio começa com April a tentar invadir uma doação de sangue num hospital, onde está presente um jogador de basebol, Richie Miranda, a promovê-la. Sem sucesso nas suas primeiras tentativas de infiltração, April recorre ao seu tio George, que trabalha nesse hospital.

A interação George-April não é amistosa, mas ele acede ao pedido e infiltra-a como doadora de sangue. Contudo, subtileza parece não ser o seu forte e rapidamente Richie percebe que April é repórter. Por entre a confusão que se segue, April desmaia e Richie ganha-lhe alguma simpatia na conversa sequente. April lá consegue a entrevista que queria.

Quando volta à redação e anuncia o material que possui, o chefe não tem a reação esperada e ordena-lhe que entregue esse material a outro repórter que escreverá o artigo.

Dominic convida April para o acompanhar a uma performance, como segunda opinião, e April corre a contar à sua amiga Beth. Mais tarde, no encontro, Dominic confessa que não vai escrever sobre a performance e apenas queria estar com April fora do local de trabalho.

De regresso a casa, April encontra George à sua espera na rua, visto que ela ignorou as suas várias tentativas de contacto. George revela que fez testes ao sangue da April e descobriu que ela tem leucemia. A reação da April é mista. Existe confusão e descrença, afinal tem apenas 24 anos, seguidas de confronto prático, querendo saber como se trata e como se cura. Mas o tio precisa de saber mais informações e pede-lhe que vá ao hospital no dia seguinte para que ele lhe possa fazer mais testes.

April tenta acordar a mãe sem sucesso porque esta tomou um medicamento sonífero. Passa então a noite a pesquisar na internet sobre leucemia. Quando acorda de manhã já a mãe saiu, pelo que não consegue, assim, contar-lhe o seu problema.

Ao sair para o trabalho, April ouve uma conversa de Brenna ao telemóvel. Parece que, afinal, os tempos de filha rebelde talvez não tenham acabado. April desaba sobre a irmã e ficamos a perceber que quando o pai morreu, April foi o pilar da família. Esta reação é compreensível. April não pode voltar à mesma situação agora que tem outra batalha para lutar.

Na redação, April ouve Lawrence ao telemóvel, a gritar com o repórter que ia escrever o artigo com o material que ela recolheu. Parece que ele está doente. April decide escrever ela o artigo e entregá-lo a Lawrence, com esperança de ser reconhecida. No entanto, neste processo, falha a marcação no hospital com o tio. Portanto, George resolve aparecer na redação. April arrasta-o para as escadas do edifício, onde George tenta chamá-la à atenção do quão grave é a situação em que se encontra. Ela desvaloriza, mas George relembra-a que são necessários exames o quanto antes para que se possam iniciar os tratamentos, especialmente se April começar a demonstrar sintomas. Através de uma deixa – mal introduzida – neste diálogo, fica também no ar a ideia de que Thomas, pai da April, poderia não ser tão perfeito quanto ela pensa.

Enquanto discutem, Dominic, num piso mais abaixo, ouve só parte da conversa e fica a pensar que April e George têm uma relação romântica. Mais tarde, trata April com frieza quando se cruzam.

Lawrence apesar de não poder publicar o artigo que April escreveu por questões técnicas, ficou impressionado e oferece-lhe uma grande oportunidade de trabalho. Ela aceita.

April telefona a Beth para se encontrarem, pois pretende contar-lhe acerca da sua doença. A amiga está prestes a ir para um bar, o que não é o ambiente que April pretendia, mas teria que servir. Quando chega, Beth já está bem acompanhada (com um machão silencioso), o que coloca um entrave à revelação que queria fazer.

April sofre o seu primeiro sintoma no bar e começa a sangrar do nariz. Para tornar a noite ainda mais intensa, Dominic aparece. Incentivada pela amiga, April pede-lhe explicações acerca da reação dele e, ao perceber a confusão, explica-lhe que o homem com que conversava na redação era o tio dela. Quando isto se resolve, April recebe um telefonema de Brenna a pedir-lhe a ajuda.

Brenna faltou ao projeto comunitário para sair com a sua paixoneta, Sean, para uma festa de ambiente duvidoso. Para seu desgosto, ele apresenta-a ao seu amigo Tyler e vai-se embora com outra miúda. Quando April chega ao apartamento da festa, já Brenna está inconsciente devido ao excesso de álcool. April leva-a para casa.

Em casa, Sara volta tão feliz do seu encontro que April não consegue contar à mãe que tem leucemia. Sara vai para o quarto e April fica na cozinha. E começa a chorar.

Na cena final do episódio, April visita a lápide de Thomas e é, então, ao pai que conta primeiro que tem leucemia. Ao sair do cemitério, cruza-se com uma rapariga que também vai visitar o jazigo do seu pai. O cliffhanger do episódio surge quando essa rapariga para precisamente no jazigo de Thomas Craver. Parece que ele realmente tinha alguns segredos.

Considerações

– O tema desta série, a doença oncológica, foi o que me atraiu inicialmente, mas grande parte do episódio ignora-a e evita-a, trazendo para primeiro plano a vida profissional, familiar e romântica da April. Isto torna-se uma falha algo grave quando o conflito interno e as causas externas que levam April a não revelar o seu diagnóstico, não se fundem de forma credível. Chasing Life tornar-se-á mais interessante e mais focada se decidir abordar a vida da April depois do diagnóstico, em vez de abordar a sua vida enquanto mantém o diagnóstico em segredo.

– Destaco neste episódio duas cenas: a cena em que April discute com a irmã e que já referi. E a cena imediatamente a seguir, em que April está no elevador a olhar para o botão de emergência que lê “PUSH FOR HELP”, enquanto toca “Won’t Be the Same” por Billy the Kid. Estas cenas poderiam ter servido como um excelente ponto de viragem, em que April toma consciência definitiva da sua situação, decidindo enfrentá-la e contar à sua família. Todavia, a série decide manter a narrativa caótica dos diferentes aspectos da sua vida em primeiro plano.

– Italia Ricci faz um excelente trabalho como April, conseguindo oferecer coesão a uma personagem cuja personalidade nos é apresentada como contraditória: no trabalho é frontal e lutadora, mas na vida romântica, na vida familiar e na sua saúde é hesitante.

Fiquei bastante desapontado. Não digo que a série não melhore, mas não prevejo que tal aconteça nos episódios mais próximos, o que pode ser fatal em termos de audiência. O que acham? Continuarão a investir nesta série?

Nota: 6/10

André Dias