One-liner: O vosso típico policial americano com a história de um agente da L.A.P.D. Gang Task Force (Ryan Lopez) que trabalha como agente duplo para uma família gang mexicana (os Acosta) cujo objectivo é conseguir as informações necessárias para organizar as actividades mafiosas da família.
(A partir deste ponto, contém spoilers.)
Ora sendo mais um policial americano, daqueles que há aos molhos e aos montes, a série começa logo de pé atrás. Já estamos todos um bocadinho cansados de tanto polícial que só parece cópia da cópia da cópia.
Por outro lado, Gang Related inova no mundo das séries um bocadinho (uma vez que no mundo dos filmes é quase um cliché). Conta a história de um miúdo que cresce num ambiente de conflito entre gangs, órfão, membro de uma força policial de gangs, plantado como espião para a família Acosta – o gang Los Angelicos. O chefe dos Los Angelicos, Javier Acosta, foi quem o adoptou e direccionou neste sentido.
Poupando-vos aos pequenos detalhes do que passou e não passou e aos pormenores infinitos dos episódios que eu tanto gosto de marcar, vamos ao que interessa: vale ou não vale a pena?
Ramon Rodriguez é quem dá cara a Ryan Lopez, que aparece logo no iniciar do episódio com o seu parceiro Tanner, numa daquelas aparentes relações de amizade como estamos habituados a ver em Hawaii 5-0. Ora, ponto +1, Tanner morre a meio do episódio, terminando com a minha brincadeira pessoal de que ía ter mais uma série com um cenário McGarrett-Williams. Confesso que se por um lado foi triste, por outro foi uma decisão mais do que feliz. É também o ponto de partida para a perseguição aos Los Angelicos e a consequente complicação na vida de Ryan Lopez.
É neste momento que percebemos que Ryan Lopez é um agente duplo: quem mata Tanner é um filho do líder dos Los Angelicos – Carlos Acosta – e Ryan Lopez encobre.
É de mencionar que todo este episódio piloto gira à volta da morte de Tanner e de um caso de trafico que compromete os Los Angelicos e consequentemente Ryan Lopez
Pareceu-me a mim que os atores conseguiram solidificar bastante bem as posições das suas personagens: Ryan Lopez, os Acosta, a Task Force… O que não fica tão bem consolidado terá sido talvez a ligação entre todas as personagens inseridas no piloto.
O piloto de Gang Related é feito de pequenas pistas para o resto da série: Javier Acosta quer limpar o nome da sua família (mas percebemos que é tarefa complexa para alguém que já leva esta vida há algum tempo) através do seu outro filho, o melhor amigo de Ryan Lopez, que nunca se envolveu em problemas de gangs; Ryan entra em conflito consigo próprio e com as suas convicções com a morte polémica do seu parceiro Tanner; a Task Force decide atacar em força os Acosta; as guerras entre os vários gangs intensificam-se por causa do negócio de tráfico do qual todos andam atrás.
Interessante também é a cena de poucos minutos em que nos apercebemos que o melhor amigo de Ryan Lopez, filho de Javier Acosta, vai casar com a dita mulher da vida de Ryan. Alguma subtileza nesta introdução, que pode vir a ser decisiva na construção da personalidade de Ryan ao longo da série.
Percebo que a ideia deste episódio tenha sido mais na onda de explicar o cenário, em detrimento de explicar a profundidade das convicções e relações das personagens – talvez porque o episódio só tivesse 45 minutos e houve uma clara tentativa de querer mostrar muita coisa ao mesmo tempo.
A presença de Terry O’Queen dá claro a sua notoriedade à série (não terei eu sido fã de Lost, e não seja eu fã de Hawaii 5-0), que apesar de não ter sido muito visto, nem muito explorado, terá eventualmente um papel notório, uma vez que se apresenta como o capitão da Task Force.
O conceito principal está lá: como é que Ryan Lopez vai lidar com este cenário de vida dupla, cada vez mais complexo?
Falta o resto. Falta tudo o resto. Para ter sido um piloto bem estruturado, bem envolvente, devia ter sido double episode (se bem que por outro lado, uma série deste tipo com um double episode podia tornar-se um tanto ou quanto chato).
Vamos à resposta?
Para quem goste de um policial como uma série cheia de acção e adrenalina, Gang Related encaixa-se perfeitamente. Claro está que é necessário, mais que necessário ser fã destas guerras declaradas entre gangs e máfias.
Eu como gosto destas coisas, vou dar uma segunda oportunidade à série.
Não digo com toda a certeza que vou ver até ao fim.
Não digo com toda a certeza que vão adorar.
Digo que dêem uma oportunidade. Vale a pena? A série vale a pena se a vontade de a ver não for pequena.
Nota: 7/10.
Joana Pereira