Durante o primeiro dia da Comic Con Portugal 2024, o Golden Theatre também foi palco de um painel da nova série portuguesa da RTP, A Travessia, que nos irá contar a história do início da aviação portuguesa e da corrida à travessia do Atlântico. O painel contou com a presença de Fernando Vendrell (realizador e argumentista), juntamente com os atores Miguel Damião, Francisco Froes e Tiago Costa (que interpretam na série Gago Coutinho, Sarmento Beires e Thomaz Colaço, respetivamente) e ainda, com os membros da equipa de produção, Silvestre Vendrell e Leonor Batista.
“Travessia é uma série que fala dos pioneiros da aviação portugueses, que são na realidade os primeiros astronautas, quase os primeiros astronautas do mundo, ou seja, os anos 20 em Portugal. Logo a seguir à Primeira Grande Guerra houve um desenvolvimento muito grande da aviação e estes pioneiros da aviação portugueses fizeram romper barreiras e arranjaram sistema de navegação. E a série fala dos atos pioneiros do Sacadura Cabral, Gago Coutinho e também de outro que pouca gente conhece, o Sarmento Beires…”. Fernando Vendrell apresenta assim ao público esta série que começou a criar em 2002/2004 e que, segundo o próprio, teve de lutar para que se tornasse uma realidade.
O primeiro ator a ser alvo de perguntas por parte do moderador foi Miguel Damião, que falou um pouco mais sobre a sua personagem e revelou que o facto de se tratar de uma história real o atraiu para este projeto, para além de ser uma história que nunca foi concretizada em ficção. Miguel Damião irá interpretar Gago Coutinho, que foi um dos navegadores pioneiros e, por isso, o moderador questionou se Miguel e os restantes membros do elenco tiveram alguma experiência a pilotar um avião, ao que, em tom de brincadeira, Miguel respondeu que, apesar de apanhar aviões como autocarros, não teve nenhuma experiência do género. Continuando neste tom brincalhão e descontraído, Fernando Vendrell complementa a resposta de Miguel, afirmando que chegaram a ter acesso a um hidroavião pequeno, mas que este tinha perdido a capacidade de voar há algum tempo e por isso decidiram não arriscar. No entanto, os membros do elenco receberam uma pequena formação/instrução de avião organizada pelo comandante Hugo Cabral, que é também um estudioso dos feitos da aviação portuguesa.
Tiago Costa e Francisco Froes, após a intervenção de Miguel Damião, apresentaram as suas personagens, referindo o sentido de honra que sentem em poder dar vida a estas figuras históricas. Durante a intervenção de Tiago Costa é revelado que o mesmo decidiu fazer uma pesquisa sobre a sua personagem que se verificou preciosa para a sua preparação, principalmente por ter sido capaz de entrar em contacto com um descendente do jornalista Thomaz Colaço.
Ao longo do painel foi possível falar-se um pouco sobre o trabalho de produção da série e de modo a ter uma ideia mais visual do que estaria em questão foi passado um pequeno vídeo das gravações da série e do aspeto final após a edição, com a adição de efeitos especiais. Antes da passagem deste vídeo, o realizador voltou a referir que a criação desta série passou por três fases: uma primeira de investigação, em que o seu principal interesse era a relação Homem/Máquina e a superação da distância através da ligação entre ciência e coragem; de seguida seguiu para a questão da celebração do centenário do feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, mas sentia que faltava um bocadinho de drama na história; levando assim a uma terceira fase que surge após a descoberta da rivalidade entre Sarmento Beires e Sacadura Cabral, que é então adicionada ao enredo da série.
Neste momento, a série encontra-se em pós-produção, uma vez que ainda estão a implementar os efeitos especiais, para o qual utilizaram a tecnologia de Special Effects VFX com a qual gravaram maquetes dos aviões à escala real e filmaram cenas já com a incorporação destes efeitos especiais que fornecem às cenas um aspeto mais realista. Questionados sobre se sentem uma tendência de fazer algo semelhante ao trabalho de Hollywood, o realizador afirma que o que está a acontecer é que os nomes de excelência de efeitos especiais em Portugal têm feito alguns trabalhos para fora e sentem a necessidade de provar que o mesmo pode ser feito cá, pois embora seja mais complicado utilizar este tipo de tecnologia no país, existe vontade por parte das empresas em romper estas barreiras.
De modo a finalizar o painel, o realizador afirma que acredita que existe um enorme potencial para a evolução dos efeitos especiais em Portugal e esta só não acontecerá se for impedida por situações sociais e/ou económica do país, mas que existe uma evolução natural da qualidade das produções portuguesas e na sua internacionalização, sendo isto visível em séries como Rabo de Peixe, que têm surgido nos serviços de streaming.
Para concluir, foi apresentado ao público um pequeno teaser da série, que ainda não tem uma data de estreia oficial, mas está prevista para o final do ano.