Glória, a série portuguesa que a Netflix aceitou 39 vezes depois
| 21 Dez, 2021

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O penúltimo dia da Comic Con Portugal 2021 teve como grande destaque as produções nacionais. Depois da conferência de imprensa mais caricata dos últimos tempos com o realizador e o elenco de Pôr do Sol, seguiu-se o painel de Glória, a primeira série portuguesa da Netflix.

Presentes em palco estavam o criador Pedro Lopes, o produtor José Amaral e os atores Miguel Nunes, Afonso Pimentel e Maria João Pinho. A recebê-los estava um Golden Theatre composto, ansioso por ouvir os protagonistas deste projeto pioneiro revelarem alguns pormenores por detrás do produto final.

José Fragoso, diretor de programas da RTP, que também marcou presença no painel, deu início à conversa, revelando que o showrunner de Glória, José Amaral, já tinha apresentado a ideia do projeto ao canal público há cerca de três anos. Contudo, e apesar de querer dar luz verde à série, esta não avançou de imediato. Eventualmente, a hipótese da Netflix surgiu-lhes à frente e, 39 vezes depois, conseguiram que o clique da claquete se desse na plataforma de streaming.

“Identificámos uma história portuguesa, que aconteceu e que, de alguma maneira, tem esta escala internacional – a Guerra Fria. Nem sempre é possível, mas foi aí que residiu o nosso sucesso”, afirmou José Amaral, relativamente à aceitação da Netflix e ao consequente feedback positivo, após a estreia de Glória em 190 países.

Para Miguel Nunes, o protagonista da história, foi muito gratificante ver a plateia recheada de pessoas interessadas num “projeto tão especial”. Em representação de um elenco muito vasto, nacional e internacional, quase que lhe coube a tarefa de ser um “anfitrião”, uma vez que teve a oportunidade de contracenar com quase todos os atores “muito maravilhosos”. Interpretar João Vidal foi especial porque lhe permitiu entender um pouco melhor a época retratada. Ainda assim, crê que nem ele próprio ainda tem “a total compreensão destes dez episódios” que compõem a 1.ª temporada da série, pela sua complexidade histórica, política e emocional.

Maria João Pinho partilhou desta opinião e acrescentou que sentiu que houve uma grande união entre todos – quer por aquilo que queriam contar, quer por tudo o que estavam a viver, referindo-se à situação pandémica, que os obrigou a serem extremamente cautelosos durante as gravações, para que ninguém ficasse infetado e prejudicasse a produção. Sobre o sucesso de Glória e o que daí pode vir, a atriz que interpreta Sofia não tem dúvidas: “Temos um país cheio de talento e não é só esta falsa ideia de que lá fora é que é bom, os atores de fora é que são bons, a escrita lá de fora é que é boa. Finalmente acho que estamos todos numa comunhão. Veem-nos como aquilo que acho que somos verdadeiramente”.

Chegada a vez de Afonso Pimentel, o Gonçalo da trama, a conversa incidiu sobre as diferenças notórias em termos de produção quando se trata de uma série com carimbo Netflix – mais e melhores condições que, claro, se traduzem em mais tempo de preparação para todos os envolvidos. “A decoração ter tido tempo para preparar os décors da forma que preparou, os guiões serem trabalhados com tempo, o realizador ter tempo para trabalhar esses guiões sozinho e depois com os atores… Acho que aí é que se notou muito mais essas condições. Mas claro que se notava que estávamos a trabalhar com meios técnicos muito interessantes”, salientou o ator.

A chegada de uma 2.ª temporada de Glória ainda é apenas uma miragem. Porém, Pedro Lopes fez questão de salientar o voto de confiança dado pela Netflix numa altura tão conturbada, referindo que foi “gratificante” receberem os meios necessários para fazer o projeto acontecer. E como encerramento, Miguel Nunes salientou a importância de disseminar temas importantes como os que são abordados na série – ditadura, misoginia, machismo, violência doméstica, violação de direitos – pelas camadas mais jovens da população . “Como é bom Glória fazer parte dessa semente de cultura nos mais novos, no que toca ao relevo da História portuguesa!”

Beatriz Caetano

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