No último dia da Comic Con Portugal, contámos com a presença de Elyes Gabel, conhecido pelo seu papel de protagonista em Scorpion e por ter participado em Game of Thrones, entre outros.
Conferência de imprensa:
Sempre num tom divertido e bem humorado, Elyes entrou na conferência de imprensa logo a brincar. A primeira pergunta, como seria de esperar, foi sobre Scorpion, mais concretamente sobre como é que lidou com a notícia do cancelamento e se tinha esperança de que alguma estação salvasse a série. Elyes disse que, para ele, “a série era uma oportunidade de ver um caminho que tinha que percorrer e levar a sua personagem de um lado ao outro e que tinha medo que, se se tornasse uma série demasiado longa, esse percurso se perdesse”. Percebe a decisão de cancelamento, que há outros motivos, mas que como artista tem pena e gostaria de ter continuado mais algum tempo. Sobre este cancelamento, ainda revelou que uma das hipóteses que tinha sido posta em cima da mesa era um filme para dar um final à série, mas que isso até agora não foi possível, mas sente que os fãs gostariam que isso acontecesse e quem sabe se um dia poderá acontecer.
Quando questionado sobre os desafios do seu papel, disse que havia tantos desafios físicos, como saltos e assim, e desafios emocionais como transmitir a emoção que a sua personagem deve estar a sentir de um modo credível, até porque Walter é muito peculiar e diferente.
Foi perguntado a Elyes se via um futuro para a sua personagem em Game of Thrones ou não e como foi a sua experiência por lá. Elyes disse que “sem querer diminuir a importância que teve a série para si ou o seu papel, que a personagem era muito secundária” e portanto acabou por se envolver noutros projetos e queria tentar outra coisa. O produtor disse-lhe mesmo que ele tinha razão, que criativamente a sua personagem não iria mudar muito, e não era o que Elyes procurava; assim voltou ao set para gravarem a sua morte e dar um final digno à sua personagem. Ainda referiu que “Game of Thrones é uma das séries preferidas” dele.
Voltámos ao tema de Scorpion e o Séries da Tv perguntou-lhe qual é a sensação para ele quando está a gravar algumas cenas, se consegue sentir a mesma emoção que o público sente quando a vê, mais concretamente sobre um episódio em que Walter está a salvar um rapaz de um desabamento e essa cena transmite uma sensação de claustrofobia e de falta de ar. Elyes contou-nos que durante essa cena gravaram com um telhado a fingir, onde se ia aproximando do chão, o que ajudava a criar essa sensação nele próprio, o que por sua vez facilitava em fazer essa emoção parecer credível. Perguntámos-lhe sobre o quão diferente era interpretar uma personagem baseada em alguém que existe e com quem ele realmente esteve. Segundo Elyes, “a sensação era de que estava a roubar-lhe o nome”, que tinha que encontrar um meio termo entre ser fiel ao verdadeiro Walter, mas seguir o caminho que a série tinha que seguir. Deixou ainda claro que o Walter fez parte desse processo todo.
De seguida perguntaram-lhe, tendo em conta o seu papel em The Borgias, se preferia o ritmo rápido de uma série como Scorpion ou o ritmo mais calmo de uma série de época. Gabel gosta de trabalhar rápido em termos de gravações, mas aprecia o ritmo lento de uma série como The Borgias; acaba por assumir um meio termo e dizer que gosta de pedaços de um e outro.
Conseguimos perguntar-lhe sobre a sua experiência como realizador, que Elyes diz que adora, que lhe dá um prazer enorme e infelizmente (e apesar de estarem em conversações para isso na altura) não chegou a realizar nenhum episódio de Scorpion. Tendo em conta que Elyes tinha dito que preferia narrativas mais pequenas como filmes e que por causa disso quase passou a oportunidade de fazer Scorpion, terminámos ao perguntar-lhe se isso tinha mudado depois da sua experiência. Elyes demonstrou sempre que adorou a experiência em Scorpion, mas como artista continua a preferir uma narrativa mais pequena, “algo onde tu saibas onde começas e onde é suposto acabares”.
Painel:
O painel de Elyes Gabel neste último dia contou também com a presença do nosso moderador favorito, Joe Reitman. Mantiveram-se ambos incrivelmente descontraídos e animados durante esta hora e acabaram por animar o público também. Durante este painel, tivemos a oportunidade de ouvir Elyes falar da sua experiência em Scorpion, Game of Thrones e Casualty.
Depois de um momento inicial divertido entre Joe e Elyes, enquanto Joe introduzia o nosso convidado de honra, Elyes explicou um pouco como é que Scorpion apareceu na sua vida. Disse que estava a gravar um filme quando a oportunidade apareceu – e que ele hesitou antes de aceitar, mas acabou por fazê-lo – e desde então a sua realidade tinha sido aquela.
Passando a palavra ao público, a primeira pergunta a Elyes foi em relação aos seus guiões de Scorpion e de todo o vocabulário científico a que o ator tinha que dar vida. Elyes, no meio de brincadeiras sobre estar a representar uma pessoa inteligente, aproveita a deixa para dizer que sim, que havia imenso vocabulário complexo que ele próprio não sabia o que queria dizer, mas que a forma que arranjou para conseguir dizer tudo de uma forma fluída foi criar um ritmo, quase papagueado, das falas que tinha pela frente. Joe aproveita para perguntar se havia alguma palavra incrivelmente difícil para ele e Elyes partilha uma história gira de um dos colegas que não conseguia atinar com uma palavra (ele só não revelou foi quem!) e que se frustrava de cada vez que um dos restantes era capaz e ele não. E, claro, em seguida Elyes partilha que a palavra/expressão mágica era “Ethyl Methyl Diethylphosphilate”. Acham que são capazes de a dizer? Ora tentem lá!
Ainda acrescenta que não fazia ideia do que estava a dizer, até porque “o mais importante não era a base científica – que estava lá – mas que o mais importante era trabalhar a musicalidade e a relação das personagens”, e que “às vezes a ciência assumia um segundo plano em relação a isso”.
De seguida, interpelado por outro membro do público, Elyes passa a discursar sobre o final de Scorpion e de como ele próprio não faz ideia do que seria a 5.ª temporada, mas que de certa forma acha que o final da série até foi bastante fatalista e, de certa forma, talvez adequado.
No meio de abraços e cumprimentos aos fãs, a conversa do painel muda para a sua experiência na série Casualty e responde a uma pergunta sobre ter representado três papéis diferentes durante a série. Parece que na indústria é preciso estar dois a dois anos e meio distanciado de uma série para poder voltar a entrar com um papel diferente – visto que parece ser o tempo necessário para que as pessoas não se lembrem da cara – e foi assim que o ator acabou por entrar três vezes na série, com papéis diferentes.
Elyes fala ainda um pouco sobre o verdadeiro Walter O’Brien e afirma que o mesmo esteve presente nas gravações desde o primeiro dia e acabava por dar algumas ideias para a própria série, o que tornou as gravações bastante interessantes. No seguimento de uma questão sobre o desenvolvimento do coeficiente emocional da personagem e que “se de certa forma (Elyes) tentou fazer jus ao verdadeiro Walter O’Brien, também teve que pensar no facto de estarem numa série” e que aquilo que tentou fazer foi de alguma forma criar pequenos momentos onde mesmo que “Walter não estivesse a ter uma reação naturalmente humana com a qual as pessoas se pudessem relacionar, que a ausência dessa reação fosse percebida não como uma ausência de sentimentos e emoções, mas sim uma presença exacerbada dos mesmos, mas não as sabendo expressar”.
Mais uma pergunta e Elyes é confrontado sobre a aprendizagem da linguagem Dothraki. O ator esboça um sorriso e partilha um pouco que a linguagem Dothraki é algo real (como já sabemos) e que foi criada com base em três alfabetos diferentes, e que “não é só dizer uns sons e já está”, que “havia um rigor na linguagem”. Nisto confessa que aprendeu as suas falas enquanto ia a andar de bicicleta para fazer o seu exercício físico e, “tal e qual como se fosse uma música, levava os audios das suas falas, punha os seus fones e lá ia a ouvir”.
Com o painel a chegar ao fim, os dois últimos temas discutidos com Elyes são as gravações de Game Of Thrones, e a sua experiência em diferentes locais de gravação e em fazer uma personagem secundária numa série enorme, vs. Scorpion, onde o local de gravação é sempre o mesmo e está a representar uma personagem principal. Elyes confessa ter gostado de ambos, de formas diferentes e por razões diferentes. Se as gravações de Game of Thrones foram expansivas e dinâmicas, as gravações de Scorpion permitiram-lhe criar um ambiente de camaradagem diferente e uma aproximação diferente das pessoas com quem gravava.
Elyes despede-se do público sempre com uma postura amigável e descontraída e é aplaudido com todo o carinho pelo público que o escutava!
Joana Henriques Pereira e Raul Araújo