Comic Con Portugal 2018: Dichen Lachman
| 06 Set, 2018

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Abrimos em grande a Comic-Con Portugal 2018! Dichen Lachman foi a primeira convidada a abrir as hostilidades neste evento. Dichen é uma atriz conhecida pela sua passagem pelos mais variados papéis em séries de ficção científica e pós-apocalípticas (entre elas Altered Carbon, Dollhouse, The 100 e Agents of S.H.I.E.L.D.), com uma carreira já bastante consolidada no género.

 

Conferência de Imprensa

Estivemos à conversa com Dichen Lachman durante a Conferência de Imprensa realizada na Comic-Con Portugal em Lisboa, onde pudemos ouvi-la falar de Portugal, das séries em que trabalhou e da indústria televisiva dos dias de hoje.

Sempre com uma postura muito relaxada e afável, Dichen quebra o gelo ao dar início à conferência de imprensa a tecer elogios a Portugal. Diz que apesar de ainda não ter tido muito tempo para explorar, até agora tem sido muito bem recebida e que o clima é espetacular. Diz que prometeram levá-la a uma marisqueira e tem alguma expectativa de poder andar a passear um pouco.

Uma das primeiras perguntas na sessão abordou o facto de Dichen se manter em papéis de séries relacionadas com ficção e dela ser considerada uma atriz de género. A própria confirma-o e considera-se o mesmo. Diz que adora o mundo do espaço e do pós-apocalíptico e que até conjuga bem o facto de a sua própria aparência fazer lembrar os diretores de casting de personagens meio alienígenas.

Sem sombra de dúvidas, Dichen adorou fazer o seu papel em Altered Carbon, foi o tema que mais dominou a conferência de imprensa, e a atriz fala da série como se fosse o seu bebé mais recente.

Admite ter sido e estar a ser um projeto muito desafiante por várias razões: desde ser uma personagem mais central e de grande impacto na história – algo que para ela nunca tinha acontecido desta forma – até à cena de luta que ela faz nua com uma espada – que diz ter sido um desafio a dobrar porque ela teve que aprender a segurar e a fazer manobras com a espada enquanto estava completamente nua. Parece que esta cena demorou quatro dias a gravar, mas no final deu-lhe uma sensação de realização por ter chegado ao fim do desafio.

Dichen deixou em aberto (evitando spoilers, claro!) a possibilidade de voltar a Altered Carbon, o que era uma ótima notícia!

Tivemos a oportunidade de mudar um pouco o tema de conversa e abordar a série Dollhouse e tentar perceber um pouco qual era a perspetiva da atriz, à luz do surgir do movimento “MeToo” e das acusações contra Harvey Weinstein, face ao sucesso/controvérsia que a série pudesse ter e suscitar se tivesse estreado agora e não há quase dez anos atrás. Dichen afirma imediatamente que Dollhouse foi uma série que nasceu demasiado à frente no tempo (ou não fosse ela um bebé de Joss Whedon), mas que se há algo que a deixa feliz é saber que ainda hoje em dia é abordada por pessoas que começaram a ver a série em formato online/streaming e que são fãs e que de certa forma mantêm o estado de espírito da série vivo. Dichen termina a dizer que de certa forma a ideia da arte é “deixar-te pensar” e não “forçar-te um pensamento” e que a série faz precisamente isso; e que o facto de haver ainda uma grande fan base da série a faz pensar que talvez Dollhouse não tenha morrido de todo.

A conversa sobre Dollhouse faz Dichen acabar por falar um pouco sobre o estado da indústria nos dias de hoje e sobre a influência do online streaming. Desabafa um pouco sobre a forma como a tecnologia está a mudar o negócio e a quebrar barreiras e confessa que aquilo que ajuda séries como Altered Carbon a poder expandir a sua criatividade é o facto de ser uma série Netflix e não ter que estar associada a qualquer tipo de ato publicitário. Por outro lado, o facto de estar a gravar na Netflix e de estar a gravar uma série de “menor envergadura” permite-lhe estar num set mais pequeno e numa produção mais pequena e mais intimista, que parece ser mais o ambiente dela.

A aproximar-nos do final da sessão, Dichen aborda mais temas e escolhas pessoais no que toca aos seus papéis. Diz que adora a sua vida de mudar de papel em papel vs. ter um papel recorrente na mesma série durante anos a fio. Diz que é um estilo de vida que lhe permite ser mais criativa e mais feliz, experimentar coisas diferentes e trajes diferentes e personagens diferentes. Neste momento fala muito de The 100, Supergirl e Agents of S.H.I.E.L.D. e no seguimento disso aproveitámos para lhe perguntar qual tinha sido a personagem mais desafiante para ela de representar no que toca à sua personalidade. Dichen confessa que todas tinham algo que as tornava desafiantes, mas que a sua forma de olhar para as personagens era sempre tentar perceber quais eram as suas crenças para agir como agem. Talvez aquela que lhe tivesse dado mais dores de cabeça nesse sentido fosse Jiaying de Agents of S.H.I.E.L.D. e discursa durante uns minutos sobre as decisões irracionais da personagem.

A terminar, trocámos-lhe as voltas e falámos com a atriz sobre Animal Kingdom, tentando perceber se a personagem dela, Frankie, vai ou não voltar à série, uma vez que existe a possibilidade disso. Dichen sorri e quase confirma que é bem provável que a voltemos a ver lá e acaba por desenvolver um pouco sobre a personagem em si. Frankie foi um grande desafio para ela porque toda a personagem é um grande mistério e nem todas as suas intenções são reveladas, o que a torna mais difícil de concretizar. Confessa que adorou gravar essa série porque se sentiu de férias, visto que as gravações consistiam em estar numa piscina a beber e a fumar.

O fim da conferência de imprensa chega e, para terminar, Dichen revela que o seu papel de sonho era ter uma personagem que fosse protagonista e que fossa a boa da fita, visto que normalmente faz de vilã. Também admitiu que um dia gostava de ter a experiência de participar num blockbuster, como do Universo Cinematográfico da Marvel, e despede-se assim.

E vocês, gostavam de ver a Dichen a fazer de “boazinha” ou a ter um papelão no mundo do cinema?

Painel

O painel começou com uma conversa entre Joe Reitman e Dichen, seguida das habituais perguntas do público. A atriz começou por contar o seu percurso, em que um dos primeiros papéis que conseguiu nos EUA foi numa audição à qual foi sem aviso ou marcação, para um filme de vampiros, o que facilitou o processo dela conseguir um Vista e possibilitou tornar-se a atriz que é hoje em dia.

Tal como na conferência de imprensa, voltou a abordar-se a série Dollhouse, uma vez que para Dichen esta série influenciou o resto da sua carreira, tendo inclusive conseguido o seu papel em The 100 por ter conhecido em Dollhouse membros da produção que depois estiveram envolvidos na série da CW. Fez parte do elenco de Being Human e os produtores eram grandes fãs de Dollhouse. Joe Reitman faz uma analogia com uma árvore, em que um certo papel pode ser o tronco da árvore e todos os outros ramos acima estão ligados ao tronco e dependem deste. Dichen adorou esta analogia e identifica Dollhouse como o tronco da sua carreira; não só pelos papéis que conseguiu no futuro, mas também pelas relações que estabeleceu, especialmente a longa relação de amizade criada com Joss Whedon.

Quando o seu papel em Shameless foi assunto de conversa, a atriz conta que teve que manter segredo absoluto sobre o seu papel, mesmo aos seus agentes, uma vez que a sua personagem estava envolvida num plot twist que mais de 70% do elenco e membros do staff não faziam ideia que iria acontecer. Chegaram inclusivamente a gravar algumas cenas à noite com o mínimo de pessoas indispensável. Refere ainda que adorou contracenar com Emmy Rossum, alguém que admira muito.

Uma das perguntas feitas a Dichen foi sobre a sua participação em Supergirl e o desafio acrescido que é interpretar uma personagem que já existe nos comics, associada a todo um grau de exigência dos fãs ao qual tem de conseguir corresponder.

Mais uma vez, como na conferência de imprensa, voltou-se a falar de The 100, sobre o sentimento que Dichen tem de que a sua personagem podia ter sido mais explorada, nomeadamente a sua relação com Clarke, uma vez que, pouco tempo antes de abandonar a série, Anya estava a começar a compreender e dar-se bem com Clarke. Ainda deixou uma sugestão que um bom spin-off da série seria por exemplo sobre a história dos grounders antes da chegada dos protagonistas à Terra.

Conseguimos ainda descobrir algumas histórias engraçadas sobre o que se passa por detrás das cenas. Primeiro, sobre o seu tempo em Shield, Dichen descobriu uma semana depois de ter aceite o papel que estava grávida. Falou com a produção sobre os riscos que envolvia e estes decidiram mantê-la, usando CGI para que não se notasse na série. Outro exemplo é quando a sua personagem tem tatuagens e esta tem que passar horas a ser preparada. Nestes casos pede para manter as tatuagens de um dia para o outro e tenta ao máximo não as estragar para que não tenha que perder sempre imenso tempo antes das gravações.

Já a aproximar-se do final do painel, Dichen deixa uma mensagem de perseverança, dizendo que, quando te disserem que não consegues ou não podes seguir os teus sonhos, para não desistir e prosseguir um passo de cada vez.

Joana Henriques Pereira, Raul Araújo e Carlos Real

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