Estamos a chegar ao fim de 2021 e as resoluções para o novo ano começam a tomar forma. O fim da pandemia? Ganhar o Totoloto, o Euromilhões ou uma herança de um parente milionário que não sabíamos que tínhamos? Fazer uma alimentação mais saudável? Estas e outras farão, certamente, parte dos pensamentos de muitas pessoas ao soar das doze badaladas. Nós por cá também fizemos uma lista, mas com as coisas que esperamos que aconteçam em 2022 no mundo das séries. Partilhas de algum destes desejos?
- É necessária mais diversidade! Não só em termos de casting, mas também ao nível das equipas de produção e de argumentistas e das histórias que são contadas, pois só assim é que se consegue uma representação sólida e sem estereótipos das mais variadas realidades.
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- Após o sucesso (podemos dizer que o foi) de Glória, esperamos que a aposta na ficção televisiva nacional continue forte e certeira e que as produtoras, canais e plataformas de streaming invistam em mais géneros além do histórico e do thriller, como, por exemplo, o da fantasia e da ficção científica. Sabemos que, para já, até podemos estar a pedir demais, mas alguém terá de dar o primeiro passo.
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- Falando em produções nacionais, esperamos que Pôr do Sol mantenha a essência da 1.ª temporada e continue a reunir grupos de amigos à volta da televisão. Já agora, que os Jesus Quisto façam a tão desejada tour!
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- Ainda no domínio nacional, que a RTP2 continue a apostar em séries europeias de qualidade, às quais, de outra forma, não teríamos acesso. De Dag, Charité ou Atlantic Crossing são alguns bons exemplos, mas muitas outras, de países e línguas diferentes, mereciam ser mencionadas. É importante que o canal, que está disponível para todos, continue a demarcar-se dos demais, apostando numa programação diferente a pensar nos fãs de ficção e que procuram uma alternativa às novelas.
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- Também era bom que a SIC e a TVI começassem a apostar mais na transmissão de séries internacionais. Houve tempos em que passavam séries aos fins de semana depois do almoço e à noite, já tarde, mas abandonaram o hábito.
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- Mantendo-nos em tópicos ligados ao nosso país, é preciso que a Comic Con Portugal se reestruture internamente, de modo a haver uma organização melhor por detrás do evento. Em especial nesta mais recente edição, a deterioração foi visível e todos os que gostam destes eventos merecem mais do que o que tem sido feito.
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- Continuando a “puxar a brasa à nossa sardinha”, esperamos que o ator português José Pimentão consiga brilhar e tenha o devido destaque em 1899, ao lado de nomes como Andreas Pietschmann e Lucas Lynggaard Tønnesen. Dos mesmos criadores de Dark, esta série tem tudo para surpreender e ser um sucesso.
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- Relativamente a séries novas há muito ansiadas, estamos com grandes expectativas em relação a House of the Dragon, que deverá ajudar a preencher parte do vazio que Game of Thrones deixou, e a The Lord of the Rings. A qualidade da adaptação cinematográfica da saga de fantasia de J. R. R. Tolkien vai ser difícil de igualar, por isso tudo o que queremos é que a série não se revele um fracasso. Também não podemos esquecer SAS: Rogue Heroes, que tem tudo para ser mais uma adaptação brilhante, com um elenco que também não é nada mau, muito pelo contrário.
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- Boas adaptações literárias nunca são demais, por isso, em relação às futuras, só pedimos que representem de forma justa o conteúdo original e que sejam capazes não só de agradar aos fãs dos livros, mas também àqueles que não conhecem a história de base. Em relação a algumas já em concreto, estamos a fazer figas para que as adaptações de Percy Jackson e A Court of Thorns and Roses recebam luz verde oficial e que Vampire Academy estreie em breve.
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- Por falar em adaptações, os videojogos estão cada vez mais badalados no mundo das séries. Halo ou The Last of Us são dois grandes títulos que vão chegar aos ecrãs entretanto e a nossa expectativa é de que sejam tão bem conseguidas como os jogos que as originaram, ou pelo menos fieis aos mesmos.
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- Estamos a fazer figas para que The Gilded Age, a nova série de Julian Fellowes, não seja uma desilusão como Belgravia. Já agora, que o segundo filme de Downton Abbey recupere a magia da série, visto que o primeiro ficou aquém do que era esperado e pouco veio acrescentar à trama.
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- Que a 4.ª temporada de Succession tenha uma maior preocupação em explorar o personagem de Brian Cox, Logan Roy, mostrando o seu passado e as razões que o levaram a ser um líder implacável e um pai distante.
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- Também esperamos que a 4.ª temporada de Stranger Things seja boa o suficiente para compensar os três anos de espera. E, já agora, que tenha um final em vista, antes que estrague a qualidade a que nos habituou.
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- Passando para finais de séries, que Killing Eve tenha uma temporada final à altura das anteriores com um argumento de qualidade (e uma bela pitada de humor negro) a que Phoebe Waller-Bridge já nos habituou. A imprevisibilidade da narrativa parece ser o segredo do negócio (desde que não se lembrem de matar personagens aleatoriamente sem as quais já não conseguimos viver).
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- E não podemos falar em finais sem desejar que o de This Is Us nos faça chorar baba e ranho de felicidade e que tenha o mesmo nível de satisfação que o piloto da série ofereceu.
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- Ricky Gervais precisa de fazer cumprir a sua promessa de que Brandy não vai morrer e de nos proporcionar uma excelente temporada final de After Life, que corresponda às elevadas expectativas criadas até aqui.
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- Friends: The Reunion foi bem-sucedida, por isso agora estamos à espera que façam acontecer uma com a versão americana de The Office.
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- No entanto, como nem tudo é positivo no mundo das séries, pedimos o cancelamento de Fear the Walking Dead, Grey’s Anatomy e Élite. A primeira já não tem pernas para andar, com os episódios a seguirem todos a mesma linha; podiam ser contados em dez minutos em vez dos 40-50 que têm. Ainda para mais, os finais de temporada vão piorando de ano para ano e são cada vez mais forçados e sem lógica. Quanto à veterana série médica, com uma jornada de 18 temporadas, é cada vez mais difícil convencermo-nos de que ainda tem algo de novo para contar, mesmo que esta temporada esteja a ser muito superior à anterior. A série espanhola também já nada parece ter para contar e mesmo as histórias curtas pouco ou nada vieram acrescentar à trama.
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- Se, por um lado, umas séries nos fazem torcer pelo cancelamento, outras como The Great merecem continuar. A última cena da 2.ª temporada abre-nos o apetite para mais e levanta uma série de questões. Além disso, queremos continuar a rir à gargalhada com a ridicularização da corte e o tom satírico da série ou simplesmente continuar a testemunhar a química entre Elle Fanning e Nicholas Hoult.
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- Esta pode ser polémica, mas parem de fazer série atrás de série sobre super-heróis. Já temos as da The CW/DC, as da Marvel/Disney+ e várias outras, na Netflix, Prime Video e HBO Max, portanto, não é como se não houvesse já uma grande variedade.
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- Também não são necessárias mais séries médicas ou de investigação, com casos semanais, uma constante nos canais públicos norte-americanos, mas que já pouco ou nada acrescentam aos respetivos géneros. Também isto diz muito acerca da falta de originalidade que se faz sentir no mundo das séries.
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- Precisamos que alguns dos serviços de streaming melhorem certos aspetos. Na Netflix, a pesquisa dentro das categorias revela-se bastante confusa. Além disso, parece que nos deparamos sempre com os mesmos títulos, enquanto outros acabam por passar muito despercebidos. Na HBO Portugal, além de não dar para criar perfis diferentes, parece que a plataforma nunca assume corretamente em que parte é que se parou a ver uma série ou um filme. Quanto à Prime Video, tem as séries por temporadas, em separado, algo que também não faz muito sentido. Tudo isto atrapalha a experiência.
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- Ainda sobre a Netflix, o serviço continua a ser dos únicos a manter exclusividade no lançamentos das suas séries originais em formato binge, com temporadas completas a estrear no mesmo dia. Este sistema dá cabo de qualquer seriólico que acompanhe séries semanais e tenha que incluir espaço para mais oito/dez episódios naquele dia (para além de ser mais difícil fugir de spoilers). Acreditamos que a experiência que o serviço fez com Arcane, lançando os nove episódios divididos por três semanas, teve um resultado positivo e queremos ver mais séries a seguir este exemplo. É claro que não precisam de ser TODAS, mas que haja um equilíbrio, tal como a Prime Video e a HBO Max fazem tão bem com os seus originais.
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- Tenham pena das nossas carteiras! Vamos esperar que não surjam novos serviços de streaming nos tempos mais próximos, para além da já anunciada SkyShowtime e da transição da HBO Portugal para HBO Max. Já temos muitos e começa a ser difícil optar, porque não dá para subscrever todos. O ideal mesmo era que pudéssemos ver tudo numa única plataforma, mas temos a noção do quanto isto pode ser irrealista.
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- Não precisamos de mais serviços de streaming e também não precisamos de séries com episódios tão grandes! É frequente termos episódios com cerca de uma hora de duração e torna-se cansativo. Os mais curtos acabam por ter menos “palha” e focam-se no que realmente importa, conseguindo captar muito mais a nossa atenção.
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- Dos episódios mais curtos, vamos para as séries com menos episódios! Precisamos de mais minisséries sobre temas sérios, mas contados de uma forma menos convencional, esquivando-se dos clichés mais fáceis. Maid, It’s a Sin e Mare of Easttown foram belos exemplos neste ano, mas há sempre espaço para mais apostas de qualidade. Já agora, que Pam & Tommy nos faça rir (ou sentir uma certa vergonha pela obsessão que a sociedade tem com “a cultura das celebridades”) e não seja um autêntico flop, pois o teaser deixou-nos muito curiosos.
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- Por falar em rir, queremos novas séries de comédia de qualidade e que tenham verdadeiramente piada. Nos últimos anos poucas têm sido as novas comédias dos canais públicos que sobrevivem para além de uma temporada e com razão. Ghosts, uma das novidades de 2021, foi uma agradável surpresa (apesar de ser um remake da versão britânica).
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- Já chega de reboots e remakes! É certo que alguns até resultam bem, mas a maioria acaba por desiludir em comparação com o original e a verdade é que fazem também muito pouco pela originalidade no mundo das séries. Precisamos é de coisas novas e diferentes.
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- No seguimento da anterior, temos ainda mais desgosto com revivals. Não faz sentido voltar a pegar em séries que tiveram um início e um fim, seja ele bom ou mau. No caso de Six Feet Under é ainda mais revoltante porque a série tem um desfecho brilhante e, por isso, esperamos que a ideia do revival não se concretize.
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- Por fim, há séries como Call the Midwife e a francesa Engrenages que chegaram a passar cá, mas cuja transmissão ficou a meio. Já que parece que as novas temporadas (e estas séries não são certamente caso único) não vão cá estrear na TV nem em plataformas de streaming, era bom que ao menos tivéssemos a possibilidade de arranjar os DVDs legendados em português.
A equipa Séries da TV