A nova série da Apple TV+, Hello Tomorrow!, tem lugar num mundo retro-futurista e acompanha um grupo de vendedores ambulantes que vendem timeshares lunares. Billy Crudup protagoniza a série, dando vida a Jack, um vendedor de grande talento e ambição cuja fé inabalável num futuro melhor inspira os seus colegas de trabalho e revitaliza os seus clientes desesperados, mas ameaça deixá-lo perdido no seu próprio sonho.
É a estética do mundo de Hello Tomorrow! que primeiro agarra o espectador à série. Inovações tecnológicas com um design retro, desde robôs que passeiam cães a mochilas a jato, habitam um mundo de cores vibrantes que parece saído dos cartazes publicitários de consumíveis que abundavam nos Estados Unidos da América do pós-Segunda Guerra Mundial. É fácil ficar distraído com todo este esplendor visual, mas, ainda assim, Crudup consegue partilhar a atenção do espectador com o cenário que o envolve. Quando ele fala, nós queremos ouvi-lo, o que faz dele a escolha perfeita para interpretar um vendedor que se revelará tão desonesto como cativante.
Porém, para além de uma boa interpretação de Crudup e dos encantadores cenários retro-futuristas, não há muito mais em Hello Tomorrow!. A série apresenta-nos um mundo em que tudo é bom demais para ser verdade e cedo se instala no espectador a sensação de que algo está errado. Queremos saber o quê, claro, mas a série também não se esforça muito para que essa sensação nos deixe ansiosos para ver as próximas cenas. De facto, nem tudo é o que parece, mas tudo é exatamente aquilo que se espera. As revelações feitas ao longo do primeiro episódio não são plot twists bombásticos, como a série parece entendê-las, mas meras confirmações daquilo que o espectador já suspeitava.
No final do primeiro episódio, não há muito que nos faça querer ficar no universo de Hello Tomorrow! – nenhuma personagem a quem nos afeiçoemos, nenhuma ponta solta que aguce a nossa curiosidade, nenhum mundo – por muito visualmente apelativo que seja – para o qual queiramos escapar durante 30 minutos porque, afinal, ele é feito de pessoas e promessas vazias.