From Scratch é das mais recentes apostas da Netflix. Se Emily in Paris foi um dos grandes sucessos da plataforma de streaming porque não introduzir um conceito semelhante, mas pelas ruas de Itália? Até porque a plataforma já não lançou diversos filmes com essa premissa durante este ano? Love & Gelato, Toscana, Under the Amalfi Sun e Love in the Villa são alguns exemplos. Brincadeiras à parte, a verdade é que parece haver um público encantado com a estética italiana. Admito que faço parte dele; desde a arquitetura ao estilo de vida, a Itália sempre me fascinou. Se há algo que estes filmes e séries provocam em mim é vontade de visitar, mas talvez não pelas razões que me dão em First Tastes.
From Scratch segue a personagem de Zöe Saldaña, mundialmente conhecida pelo seu papel enquanto Gamora em Guardians of the Galaxy. Novamente, temos uma protagonista forte tal como Lily Collins em Emily in Paris. Saldaña interpreta uma mulher dos Estados Unidos que vai estudar para Florença e se apaixona pelos vários encantos do país, sendo um deles os homens italianos.
Embora tenha gostado da prestação de Saldaña, pois fez o que conseguiu com o que lhe foi dado, achei que todas as outras prestações ficaram aquém. Para quem também viu Emily in Paris sabe que um elenco secundário forte também é importante e sustenta muito uma série leve. Ainda mais importante são os interesses amorosos da protagonista, que acabam por perder pontos pela interpretação dos atores. Emily in Paris é super americanizado e From Scratch é exatamente igual. Mas faz sentido, é a perspetiva a que escolhemos assistir quando seguimos uma mulher dos Estados Unidos na sua descoberta pessoal pela Europa. Isso não me irrita minimamente. O que me irrita é as personagens italianas serem tão estereotípicas que é difícil acreditar que algo do género acontecesse na vida real. Muita gente se queixou disso em Emily in Paris. Pessoalmente, não senti isso porque o elenco é forte e porque a série não se leva a sério. Com episódios de 30 minutos, normalmente sabemos que não podemos esperar muita profundidade. Já From Scratch adota um tom bastante sério e episódios de 50 minutos. Pois bem, nesse campo não funciona bem. Se toda a experiência é marcante, mas extremamente superficial e rápida, diria que o esquema desta série não funcionará.
O piloto teve mais de 50 minutos e quase que parecia um filme, pois a protagonista chegou a Florença, saltou de interesse amoroso e chegou ao fim da sua estadia na cidade. Fico feliz por ser uma minissérie e assim estar pensada coerentemente para ter um início, meio e fim, mas parece-me que teria dado um melhor filme. Não faço ideia do que esperar nos próximos episódios, até porque ela tem de voltar a casa. Para uma primeira impressão, não recomendaria a série, mas vou continuar a ver, pois estou curiosa. Se continuarem a série nos Estados Unidos vou ficar desapontada! O que me traz às partes positivas da série: poder ver imagens de Florença, ouvir músicas italianas, pessoas a falar em italiano e ver comida deliciosa. Há uma cena neste episódio em que as personagens estão a provar diversos pratos. Admito que achei a cena demasiado longa, mas muito satisfatória de assistir. Quase que parecia um live-action do Ratatouille. Adicionalmente, a série tenta trazer alguma profundidade aos estereótipos italianos, com uma personagem oriunda da Sicília para tentar explicar as diferenças entre o sul e o norte da Itália. Não estou em posição para confirmar as informações, mas não deixa de ser interessante parar de tratar um país como uma identidade monolítica.
Assim, deixo esta review num tom um pouco negativo. Sinceramente, o problema não são os estereótipos e os clichés, mas os episódios longos que Saldaña tem de carregar sozinha.