House of the Dragon regressa passada uma semana (ou devo dizer 10 anos?), com The Princess and the Queen. Já era sabido que este enorme salto temporal iria ocorrer na série, pelo que já me tinha mentalizado para o mesmo. Ainda que me tenha de habituar a ver Emma D’Arcy e Olivia Cooke nos papéis de Rhaenyra e Alicent, diria que foram ótimas escolhas do ponto de vista das parecenças físicas e também a nível de representação. Terei bastantes saudades de Milly Alcock e Emily Carey e penso que não serei a única. Especialmente Alcock, que deu vida a Rhaenyra de uma forma irrepreensível. Não sei bem como lidar com esta mudança, pois é algo completamente novo no mundo de Westeros. Em Game of Thrones, para além de nos afeiçoarmos às personagens, a familiaridade de serem sempre as mesmas caras (salvo raras exceções) também afetava a nossa relação com as mesmas. Em House of the Dragon querem transferir essa relação exclusivamente para a personagem, independentemente dos atores que as interpretam. Devo admitir que acho tarefa difícil, mas espero que funcione e que me apaixone pelas novas adições ao elenco. Só gostava de perceber qual é o critério para escolherem mudar de atores. Será mais fácil envelhecer pessoas que já são mais velhas?
Deixando claro que preferia que estas mudanças não acontecessem, mas que concordo que foram boas escolhas, passemos agora para algo que, novamente, aconteceu: um salto temporal. Se tens acompanhado as minhas reviews já deves saber que não sou a maior fã de avançar a história imenso fora do ecrã para depois andar a passo de caracol no ecrã. Desta vez não me queixo de ação lenta no episódio, pois assumo que ao passarem dez anos merecemos uma certa contextualização das personagens. Não sou fã deste salto e acho um erro tremendo para o futuro da série. Juro que não sei como planeiam fazer mais temporadas. Talvez abrandem um pouco agora, mas sinto que o mal já está feito, especialmente em relação a Harwin Strong, sobre quem havia muito para mostrar. Por pequenas pistas que tivessem dado noutros episódios, nunca foi explícito e percetível que entre ele e Rhaenyra havia sequer química. Sempre me pareceu uma relação de mútuo respeito apenas. De repente sabemos que passaram dez anos envolvidos, dos quais resultaram três filhos. Como assim: é suposto eu não querer ver pelo menos partes desses acontecimentos? É suposto aceitar, imaginar o que se passou e ficar triste com a sua morte? Tudo num só episódio? Ned Stark e Oberyn Martell foram personagens épicas que todos achamos que partiram cedo demais e até eles tiveram direito a mais do que seis episódios em que realmente os conhecemos bem. Não achei que o storytelling tenha funcionado aqui.
O que deu para perceber em poucos episódios foi a maldade que Larys tem dentro dele e isso tem sido uma constante desde que foi introduzida a personagem. Neste episódio, deu também para perceber que desde o casamento que Alicent não perdoou Rhaenyra e fará de tudo para a humilhar. O mesmo com Criston Cole. Outro aspeto que não consigo facilmente aceitar é o facto de Cole ainda estar vivo. Depois de causar aquele espalhafato no casamento (assassino!) e depois de questionar a paternidade dos filhos de Rhaenyra, esperaria que tivesse sido, pelo menos, castigado. Parece-me um pouco plot armor, mas a verdade é que, por vezes, Viserys não é a melhor figura de autoridade. Ao mesmo tempo, achei engraçado terminarem o episódio 5 com a queda de Viserys e da coroa, para depois passarem dez anos e ele estar bem vivo, apenas com uma aparência debilitada (muito Gollum).
Ainda em Westeros, não foi muito credível para mim que a decisão de Rhaenyra de ir para Dragonstone só tenha acontecido agora e por receio de alegações de que os seus filhos são bastardos. De certeza que as pessoas não começaram a falar apenas depois do terceiro filho. Aliás, esconder a relação que tinha com Harwin durante dez anos parece-me bem difícil.
Do outro lado do mundo, em Pentos, vemos como a vida de Daemon está e devo dizer que está irreconhecível. Depois de vermos um Daemon roubar um ovo, lutar de forma icónica e levar Rhaenyra pela cidade, parece que temos um homem novo e totalmente conformado com a sua vida mais doméstica. Sei que provavelmente não é o caso e que nos próximos episódios teremos de volta o Daemon a que estamos habituados, mas achei triste ver a personagem tão apagada. Foi interessante ver a dinâmica com Laena e as filhas, se bem que não entendi o porquê de ele dar mais atenção a uma das filhas. Novamente, seria interessante ter visto mais da relação de Daemon com Laena e não apenas a morte dela.
E é isso, três mortes importantes neste episódio e que, ainda assim, souberam a pouco. Há algo que falta nesta história, mas não consigo apontar ao certo o quê. A morte de Laena, por exemplo, foi totalmente épica, não posso negar. No entanto, não estava assim tão afeiçoada a ela e ao que representava, tanto para a história, como para Daemon. Assim, desperdiçaram algo que poderia ter sido ainda mais grandioso do ponto de vista emocional.
Adicionalmente, os guionistas mencionam que Vhagar, dos maiores dragões, está desaparecida e depois não dão nenhuma atenção ao reaparecimento dela? Há realmente acontecimentos muito relevantes que não estão a receber a atenção devida. É chocante como certas informações são passadas com uma despreocupação enorme. Como é que me vou emocionar ao ver Vhagar a hesitar queimar Laena quando nem sequer sei o relacionamento que formaram? Como esperam que esses sentimentos apareçam em pessoas que viram Daenerys a crescer com os seus dragões desde que eles saíram do ovo?
Por último, mencionar que a relação entre as crianças foi boa de se ver quase remete para o início de GoT, quando as crianças Stark estão com as Lannister. Foi muito interessante conhecer melhor os filhos de Alicent e de Rhaenyra e espero que nos próximos episódios não façam saltos enormes para que possa realmente afeiçoar-me às personagens. Talvez seja isso que falte! Há muita coisa a acontecer fora do ecrã, pelo que o espectador não passa realmente de um espectador; com GoT eu sentia que conhecia as personagens a fundo, pois realmente via tudo pelo que passavam. Pouca coisa acontecia fora do ecrã e muitas vezes duvidava-se do que não víamos.
Quanto às crianças, Helaena foi a que me despertou mais atenção pela forma como fala e pelas coisas que diz (quando referiu que para Aemond ter um dragão terá de fechar um olho). Parece que temos uma dreamer entre nós. Será muito interessante ver o que isso irá trazer à história.
Agora que o grande salto foi dado, espero que entre episódios não se passe tanto tempo e que realmente se passem mais coisas durante os episódios em si. Rhaenyra regressa a Dragonstone e Daemon já não tem a sua companheira. Sentes entusiasmo pelo próximo episódio? O que achaste deste?