Com a 3.ª temporada, Love, Victor chega assim ao fim. Embora considere que três temporadas seriam mais do que suficientes para contar esta história sem a estender excessivamente, conseguiram, na última temporada, complicar demasiado a história ao ponto de tudo parecer apressado.
Quem acompanhou a série desde o início sabe que Love, Victor traz assuntos importantes ao ecrã, mas que nem sempre lhes dedica muita atenção e acaba por os abordar subtilmente. A última temporada da série não foi exceção e diria até que foi pior pelo facto de se terem desenvolvido demasiadas storylines diferentes. Onde se percebe melhor esta falta de sensibilidade é ao abordar os problemas que Benji enfrenta em relação ao álcool. Para além disto, os guionistas sentiram a necessidade de dramatizar o que não precisava de ser dramatizado, fazendo com que a cada episódio cada personagem tivesse sentimentos diferentes, terminasse uma relação, começasse outra, etc. Ao invés de se focar nas relações das pessoas e no que as aproxima, acabou sempre por ser sobre as ruturas. Como é que é suposto o espectador querer que um casal reate se durante a temporada não é mostrado o porquê de ficarem bem juntos? Se fosse apenas um casal, uma pessoa poderia entender, mas houve este drama entre todos os casais da série.
(Não que seja muito relevante, mas onde está o irmão de Victor e Pilar? Perdi alguma coisa?)
Considero que esta temporada foi a mais fraca de todas e que o final acabou por não ajudar de todo. Se foi bonito ver a cena da roda gigante de Love, Simon recriada na série? Sim, todos adoramos easter eggs. Mas teria sido ainda melhor e menos cliché se Victor tivesse subido na roda sozinho. Da forma como resolveram todos os conflitos nos últimos 10 minutos, ficou a parecer que a série é apenas sobre casalinhos e o storytelling fica à margem. Mais séries têm de começar a normalizar que não é um horror ser solteiro. No caso de Victor e Benji, depois de tantas trocas e baldrocas e de uma escrita preguiçosa, senti mesmo que seria melhor para o arco das personagens se cada um deles seguisse o seu caminho.
Se parece que não tenho muita coisa positiva a dizer sobre a temporada, é porque realmente não tenho. Há dois aspetos que posso destacar, sendo um deles a descoberta que Victor vai fazendo ao longo da temporada no mundo do amor (que acaba por ser estragada no final), e o outro, claro, a importância que a série traz a nível de representatividade e diversidade no ecrã (ainda assim, recomendo que te fiques pelas duas primeiras temporadas!).
Melhor Episódio:
Episódio 4 – You Up? – Embora nenhum episódio se destaque, achei este bastante interessante pela dinâmica que Victor tem com Nick e também pelas reações que os pais de Victor e Pilar têm relativamente à relação de Pilar e Felix.
Personagem de Destaque:
Victor Salazar (Michael Cimino) – As personagens foram completamente desrespeitadas e destratadas nesta temporada. Por muito que goste de todas e do seu potencial, só Victor é que se salvou, na minha opinião, porque teve realmente algum desenvolvimento e crescimento.