[Não contém spoilers]
Um jovem é raptado por três figuras disfarçadas da família real britânica. Este jovem é, nada mais, nada menos, Leo Newman, filho de Katherine Newman (Uma Thurman), chefe de uma das empresas de comunicação mais influentes do mundo e candidata a embaixadora do Reino Unido, ou seja, alguém que certamente tem muitos inimigos. Para juntar à festa, existe um vídeo a circular pela internet que se torna viral. Está assim dado o mote para o início de Suspicion, a nova série da Apple TV+ que estreou no passado dia 4 de fevereiro.
Apesar de a premissa ser interessante, o episódio em si não teve grande impacto nem tenta certamente agarrar o espectador neste piloto, que teve tanto de confuso como de desafeição em relação às personagens. Apesar de as prestações serem interessantes, a própria trama fez com que ninguém conseguisse sobressair verdadeiramente, até porque com tantas histórias paralelas também não houve tempo para isso. Talvez nos próximos episódios as coisas se comecem a encaixar e tudo se entenda melhor.
O início do episódio dá-nos a ideia de que este será em torno de uma investigação policial, envolvendo atores como Noah Emmerich, mas com o decorrer do temos vemos que estávamos redondamente enganados e que isto nos vai levar para outro lugar completamente diferente, o que por si só já é diferente dos thrillers de investigação que estamos habituados a ver. Podemos dizer que neste momento estamos no mesmo lugar dos suspeitos: não fazemos a mínima ideia do rumo da investigação.
No entanto, ser diferente não é sinónimo de melhor e, de momento, não sei dizer se este é o caso. Talvez mais um ou dois episódios ajudem nesta decisão, contando que o ritmo dos acontecimentos aumente e que alguma coisa nos faça realmente prender ao ecrã, porque, por vezes, uma boa história só não chega.
A vontade de continuar pode não ser a maior, mas continua a existir um quebra-cabeças por resolver e, apesar de o primeiro episódio não ajudar, deixa-nos com vontade de saber mais sobre o que originou este rapto e qual a relação entre todas estas personagens que definitivamente escondem algo. Até porque o caso em si é estranho, incluindo o próprio vídeo viral. Porque é que todas as pessoas estão a gostar e a rir-se de um vídeo de uma pessoa a ser amarrada e enfiada numa mala? Será isto uma crítica à sociedade ou será uma peça importante para perceber este puzzle? Veremos.
Não será uma série com grande impacto e seguramente muita gente irá desistir no final dos primeiros 40 minutos, mas para quem gostar de se aventurar numa série condenada ao fracasso, mas que seja ao mesmo tempo intrigante, está aqui uma bela oportunidade.
Filipe Tavares