No dia 24 de novembro, estreou na Prime Video a 3.ª e última temporada de Hanna. Após um final da 2.ª temporada em que Marissa (Mireille Enos) e Hanna (Esmé Creed-Miles) conseguem chantagear Carmichael (Dermot Mulroney) para colaborar com elas no processo de desmascarar a Ultrax, esta nova temporada pega exatamente nos momentos seguintes ao ponto onde tínhamos ficado e desenvolve-se num grande e perigoso percurso cheio de emoção, ação e adrenalina.
A temporada inicia-se com um flash-forward de Hanna a fugir no meio da floresta, algo que já a vimos fazer várias vezes ao longo da série. No entanto, dura apenas breves instantes e rapidamente somos trazidos de volta ao momento presente de Hanna a regressar aos Meadows. Ao longo dos seis episódios que compõem a temporada, mantém-se uma carga de suspense enorme, comum às temporadas anteriores. Tememos pela vida de Hanna a toda a hora, mesmo sabendo que dificilmente uma protagonista irá morrer (a não ser que estejamos a falar de Game of Thrones, claro). A incerteza reina nas nossas mentes, nunca sabemos o que lhe irá acontecer no momento seguinte. Passei, não só a temporada, mas a série toda a pensar “Hanna, esconde-te, está quieta!”. No entanto, todos sabíamos que ela não ia parar enquanto não fizesse tudo para parar a Ultrax, salvar as outras raparigas e vingar os seus pais. A determinação e força da nossa protagonista mantém-se nesta temporada, nunca deixando que o cansaço a pare. Em relação a Marissa, descobrimos um pouco mais da sua vida pessoal, nomeadamente da sua infância, enquanto ela própria descobre uma estranha conexão com a Ultrax. Esta personagem revela então o seu lado mais emocional enquanto continua a lutar ao lado de Hanna. Jules (Gianna Kiehl), Sandy (Áine Rose Daly) e Terri (Cherrelle Skeete) desenvolvem espírito crítico e questionam as ordens que recebem. De que lado ficarão no final?
Nesta reta final, o espectador mantém uma curiosidade constante para saber o desfecho desta jornada de Hanna. Irá ela conseguir desmoronar a Ultrax? Torcemos por ela e sofremos com ela o tempo todo. No último episódio, somos levados ao momento mostrado no primeiro episódio, para depois descobrirmos o desfecho da ação. Esta técnica criou expectativa no público e considero que resulta bem para suscitar curiosidade e prender a atenção. É um final com uma forte carga emocional, que inclui um acontecimento inesperado. Para mim fez todo o sentido a forma como terminou, mas não deixou de me conseguir surpreender.
Ao longo de toda a temporada, predominam temáticas como a esperança, a manipulação, a chantagem, a ganância. Várias personagens são assombradas pelo medo, a revolta e o sentimento de culpa, não deixando de estar presentes emoções mais positivas como o amor e amizade.
No que diz respeito à banda sonora, esta é semelhante à presente nas restantes temporadas. A música é predominantemente indie rock, clássica, com alguma eletrónica e comercial. Deparamo-nos com música sossegada, mas com uma carga negativa, principalmente nas letras, que nos envolve de forma mais eficaz na ação. Ao contrário do que possa parecer, a música sossegada encaixa na perfeição com o enredo. A música Anti-Lullaby de Karen O irá sempre fazer-me lembrar de Hanna. Tendo já aparecido também em temporadas anteriores, esta música acompanha a cena de abertura e a cena final da 3.ª temporada. Há também algumas músicas mais enérgicas e poderosas, associadas às lutas e a momentos com mais ação, transmitindo uma sensação de força e o espírito de sobrevivência de Hanna. Em termos de imagem, predominam as cores frias associadas à complicada vida de Hanna.
Apesar de a 1.ª temporada ter sido a que vi com mais rapidez (principalmente por todo o mistério da história de Hanna), não acho que tenha havido grande diferença de qualidade quando a comparamos com esta. Acho que conseguiram manter o nível e continuar a cativar o espectador nesta fase final da luta da personagem. A série está bastante bem conseguida e um dos maiores pontos positivos é a carga de adrenalina constante que nos faz vibrar com a trama. Um ponto negativo que aponto seria que em alguns momentos achei a série demasiado longa, apesar de fazer todo o sentido esta organização em três temporadas. Recomendo-a todos que apreciem ação e mistério com um pouco de emoção à mistura. Vale muito a pena terminar!
Melhor Episódio:
Do Not Sleep (Episódio 6) – O episódio final da temporada e da série foi definitivamente o que mais me cativou e do qual mais gostei. Assistimos ao culminar da luta constante de Hanna para fazer justiça, após três temporadas. É um episódio cheio de ação, que prende do início ao fim, deixando o público ávido por descobrir o desfecho. É um turbilhão de emoções que nos deixa completamente com “o coração nas mãos” e poderá levar às lágrimas. Gostei particularmente deste episódio e da forma como tudo terminou; alinhou-se na perfeição com a personalidade das personagens e os acontecimentos anteriores. Um pormenor curioso é precisamente o título do episódio, que é parte da letra da música anteriormente referida, “Do not sleep / She waits for you to sleep”, que associo à necessidade de Hanna se manter sempre alerta.
Personagem de Destaque:
Hanna – Admiro a sua garra e a sua força, a forma como consegue vencer contra cinco ou seis inimigos em simultâneo. É uma verdadeira força da natureza, com uma determinação e coragem inesgotáveis. É muito esperta, tem imensa garra e é muito perspicaz. O pensamento lógico aliado à sua agilidade tornam-na numa adversária muito forte, não deixando por isso de sentir emoções fortes e de ter a sua sensibilidade. Só não vemos este lado mais sentimental tão presente porque Hanna acaba por reprimi-lo e escondê-lo para não atrapalhar os seus objetivos.
Inês Rodrigues