[Contém spoilers]
Chegou hoje à HBO Portugal a minissérie Landscapers, apenas dois dias depois da estreia nos Estados Unidos. No centro da trama temos um casal, Susan e Christopher Edwards, suspeito do homicídio dos pais dela, há 15 anos. A história é, aliás, inspirada em acontecimentos reais e estas séries costumam captar-me bastante a atenção e deixar-me curiosa, mas acabei o episódio com a sensação de que foi tudo muito bizarro.
É certo que a série tinha sido anunciada como um drama criminal com um toque peculiar de humor negro, mas prefiro usar o termo bizarro, que acaba por se aplicar a todos os elementos deste episódio piloto de Landscapers. Susan e Christopher, interpretados respetivamente por Olivia Colman e David Thewlis, são aquilo a que se pode chamar verdadeiros ‘personagens’. Parecem pessoas muito inofensivas, muito inocentes, mas isso, muitas das vezes, não significa absolutamente nada. No que diz respeito aos polícias que estão a investigar o caso, também parecem algo caricaturados, embora muito longe do ridículo.
O próprio ‘ambiente’ contribui para fazer desta série diferente de todas as outras que andam por aí. Durante o episódio parece que somos, inclusive, transportados para outros tempos, de quando o cinema era ainda a preto e branco. Há momentos com uma clara atmosfera cinematográfica, que faz lembrar a década de 40 ou 50 da sétima arte. Não achei que tivesse prejudicado a série, mas também não achei que a valorizasse.
Mesmo em termos da história, há que chegue para lhe atribuir contornos de bizarria. Primeiro, uma pessoa que tenha feito algo de ilegal que lhe pode trazer muitos problemas, aprende a estar calada acerca disso. Não revela informações sobre o que pode ou não ter feito ao telefone quando sabe que pode ser muito facilmente denunciada. Também ainda estou para perceber como é que a polícia trata pessoas de interesse para uma investigação criminal de uma forma tão cordata. A sério, e quem é que diz à polícia que se entrega, mas que precisa que lhes paguem os bilhetes para voltarem a Inglaterra? Não estou a dizer que estes elementos pouco convencionais funcionaram mal na série, mas faz pensar neste caso como uma grande piada que acaba por distrair da questão principal: o que é que aconteceu com os pais de Susan?
Achei que o argumento ficou bastante aquém da realização, da banda sonora e da qualidade das interpretações do elenco, principalmente dos dois atores principais. Tenho a noção de que posso ter tido diante de mim uma boa série e com potencial para crescer, mas não fiquei com aquele ‘bichinho’ de ver mais. Talvez tivesse sido interessante conhecer melhor os contornos do caso e só, depois, mergulhar na vida precária de Susan e Christopher em França.
Diana Sampaio