[Contém spoilers]
Colin in Black & White estreou hoje na Netflix e o episódio piloto da minissérie prova-nos que estamos diante de uma aposta inovadora, mas que, ainda assim, não me fez sentir aquele clique especial.
A série foi criada por Ava DuVernay, da extraordinária When They See Us, e por Colin Kaepernick, o jogador de futebol americano e ativista que é a inspiração para a história e também o narrador. No centro da trama está um Colin de 14 anos (interpretado por Jaden Michael), um menino negro que cresceu no seio de uma família branca.
O tema da série é interessante e conjuga elementos que gosto bastante de ver abordados em ficção: desporto, questões de identidade e racismo. No entanto, o primeiro episódio teve muito pouco de desporto, embora tenha tido bastante dos outros dois ‘ingredientes’. No entanto, o estilo de realização fez-me um bocado de confusão. Temos um narrador que está presente e se mostra e há um certo estilo documental que, em certos momentos, acho que só quebra o ritmo da história. Há partes interessantes nesta escolha alternativa, mas preferia uma opção mais tradicional, para ser sincera.
O jovem Jaden é muito bom no papel e passa para o lado de cá um menino muito doce, mas Nick Offerman e Mary-Louise Parker deixaram muito a desejar enquanto pais de Colin. Não achei que tivessem sido nada bem escolhidos para dar vida a estes personagens. Além do mais, deixaram-me zangada porque, apesar de serem claramente bem-intencionados, parece que criaram Colin como se ele fosse um menino branco. Acabou por ter muito pouco contacto com os vários aspetos da cultura negra e essa identidade é claramente muito importante para ele. Assim que começou a dar os primeiros passos dentro dessa cultura, cortaram-lhe as asas. Que mal é que têm as tranças de Colin? Porque é que um penteado tem que ser um problema quando se trata de fazer parte de uma equipa desportiva? Porque é que os pais cederam e pressionaram Colin para se desfazer das tranças de que tanto gosta em vez de irem à escola protestar com o treinador e com a direção pela injustiça?
É ao debruçar-se sobre estas questões que a série revela o melhor de si, mas a verdade é que não conseguiu mexer verdadeiramente comigo. Pensei que ia ser uma daquelas séries viciantes que me faz ver todos os episódios num instante, mas não, não é o caso. Suponho que estava à espera de algo diferente e, mais do que isso, esperava sentir-me de forma diferente em relação à série. No entanto, se estás com curiosidade, não deixa de valer a pena espreitares! Pode ser que a série consiga mexer contigo de uma maneira especial.
Diana Sampaio