Muito por causa dos serviços de streaming, séries das mais variadas partes do globo passaram a estar mais facilmente ao alcance de todos. Confesso que não sou muito aventureira e que continuo a ver, sobretudo, produções americanas, inglesas e francesas, mas de há uns dias para cá fiquei com vontade de espreitar uma série brasileira, não sei bem porquê. Na minha infância vi muitas novelas brasileiras (e quem é que não se lembra também de Sai de Baixo), mas a última produção do país que acompanhei a sério deve ter sido Terra Nostra. Andei então a explorar as opções que a Netflix oferecia e decidi espreitar o episódio piloto de Bom Dia, Verônica, que estreou já há um ano.
As minhas expectativas eram poucas (também o são com as produções portuguesas, em relação às quais continuo a ter umas quantas reservas), mas a verdade é que os primeiros cinco minutos de Bom Dia, Verônica são muito bons. Achei essencial que a série tivesse a capacidade de prender o espectador nos momentos iniciais e pergunto-me porque não é sempre assim. No entanto, não são poucas as vezes em que quase estou disposta a desistir de uma série ao fim de meros minutos. O ritmo da série brasileira arrefece um pouco depois dos créditos, mas nunca esmorece e todo o episódio é mais do que capaz de entreter e suscitar interesse.
A série, uma adaptação de um romance de Ilana Casoy e Raphael Montes, centra-se na personagem do título, Verônica Torres, uma escrivã (que para nós soaria a algo como uma secretária ou escriturária, mas que na realidade é um cargo de polícia) de uma esquadra de homicídios de São Paulo. A esquadra tem uma manhã agitada quando uma jovem, que se encontrava a prestar declarações, se suicida depois de ter sido violada. Marta conheceu o homem que depois a atacou num site de encontros e Verônica vai investigar o caso.
Existem ainda duas outras personagens que é percetível que vão ser essenciais para o desenvolvimento da trama. Uma delas é Janete, uma mulher num casamento abusivo, e a outra é uma jovem rapariga que procura emprego e uma vida melhor para ela, para a filha pequena e a mãe. As vidas destas duas mulheres vão cruzar-se já neste primeiro episódio e confesso que esta foi precisamente a parte que me deixou mais curiosa e intrigada.
O elenco é bom e bastante convincente, embora só tenha reconhecido Antônio Grassi, da série Malhação, que passava cá em Portugal. Não me lembro de ouvir ninguém a praguejar tanto em tão pouco tempo na televisão. A sério, como é reconfortante ouvir palavrões na nossa língua! No entanto, o elenco feminino tem tudo para ser quem mais vai brilhar em Bom Dia, Verônica. A protagonista é alguém de quem é fácil gostar-se e as duas outras mulheres que já referi têm histórias com um tremendo potencial.
A banda sonora não é marcante, mas faz o que lhe compete. Em termos de realização, quero destacar uma cena em que Verônica e um colega da esquadra estão no topo do edifício e depois há um plano vertiginoso da rua que está extremamente bem feito e me deixa com aquela sensação perigosa de queda, visto que tenho problemas com alturas. Achei que foi um toque interessante e que deu um pouco de adrenalina ao episódio.
Fiquei bastante curiosa para saber o que vai acontecer daqui para a frente e não é isso que se exige de uma série? Além disso, não tive nada aquela sensação – e que várias vezes me acompanha – de estar a ver mais do mesmo. Vale a pena espreitar, até porque a série já foi renovada para 2.ª temporada.
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