Brooklyn Nine-Nine – Review da 8.ª Temporada
| 23 Set, 2021

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[Contém spoilers]

Temporada: 8

Número de Episódios: 10

Após ter sido cancelada (injustamente) pela FOX ao fim de cinco temporadas e ter sido (felizmente) resgatada pela NBC logo no dia seguinte, Brooklyn Nine-Nine, a série de comédia que acompanhava a esquadra 99 da polícia de Brooklyn, Nova Iorque, terminou nesta 8.ª temporada, para grande tristeza minha (podes acompanhar a última temporada nos Canais TVCine). Apesar de achar que a série poderia muito bem ter-se prolongado um pouco mais, especialmente porque eu gostaria de ter visto pelo menos mais alguns episódios que mostrassem a nova realidade do Jake (Andy Samberg) e da Amy (Melissa Fumero) enquanto pais, considero que já foi muito bom a série ter tido mais três temporadas, e um final digno (e que final!).

Confesso que quando comecei a ver Brooklyn Nine-Nine (já esta ia na 7.ª temporada) estava longe de imaginar que iria adorar tanto esta série! Mais, nunca pensei que me fosse rir/divertir tanto! Já vi imensas séries de comédia, e ainda que não seja muito exigente quanto à capacidade destas efetivamente me fazerem rir, não me lembro de nenhuma dessas séries me ter feito rir tanto como Brooklyn Nine-Nine. 

Mas Brooklyn Nine-Nine não me fez só rir. Muitos também foram os episódios em que dei por mim com as lágrimas no canto do olho. (Então nesta última temporada, nem se fala!). Isso deveu-se não só à ligação que fui criando com os personagens, mas também à forma como muitos assuntos foram abordados. E uma série de comédia ter essa capacidade, não só de nos fazer rir, mas também de nos fazer emocionar, e ainda chamar à atenção quanto a temas extremamente importantes e atuais, como por exemplo o racismo, o assédio, a brutalidade policial, mesmo que de forma leve, só demonstra o quão boa é. Mas não basta só abordar os temas, é necessário saber como o fazer. E Brooklyn Nine-Nine fê-lo de forma excecional.

Relativamente à 8.ª temporada, esta começou logo com uma referência à pandemia e também à morte do George Floyd, que foi o que despoletou a demissão da Rosa (Stephanie Beatriz) a fim de se tornar detetive privado e ajudar vítimas da brutalidade policial. Quando pensei nas possíveis histórias que poderiam vir a ser desenvolvidas nesta temporada esta nunca me passou pela cabeça, mas acho que foi uma excelente ideia (e uma boa maneira de abordar o tema), ainda para mais quando isso não significou uma menor participação dela nos restantes episódios (algo que eu cheguei a recear). Também gostei bastante que uma relação séria não fizesse parte do “final feliz” da Rosa, ainda que por momentos nos tivessem feito acreditar que ela ficaria com o Pimento (Jason Mantzoukas). Apesar de gostar bastante dos casais de Brooklyn Nine-Nine, gostei ainda mais que mostrassem que a felicidade de alguém pode passar por não estar numa relação.

Por falar em casais, esta temporada também começou com a separação do Capitão Holt (Andre Braugher) e do Kevin (Marc Evan Jackson). À semelhança da decisão da Rosa de se demitir, isto também não era algo que eu estivesse à espera que fosse acontecer. No entanto, ainda que fosse algo triste e até mesmo um pouco repentino, acabou por proporcionar momentos bastante divertidos (o que eu me ri no episódio em que o Holt enviou uma nude ao Kevin), e bonitos (que me fizeram ficar tal e qual o Scully (Joel McKinnon Miller) enquanto via o beijo, à chuva, do Holt e do Kevin), não só entre eles os dois, mas também entre o Capitão e as restantes personagens, principalmente a Amy e a Rosa.

Ainda que eu esperasse que no final o Capitão Holt se reformasse, gostei bem mais que o tivessem promovido a fim de implementar a reforma na polícia, e que tivesse levando com ele a Amy, também ela com um novo cargo. Se havia alguém que merecia e que era indicado para tal era sem sombra de dúvida eles os dois.

Quanto à Amy e ao Jake, haverá casal mais relationship goals que eles? Não só são bastante fofos e feitos totalmente um para o outro, como ainda têm uma relação extremamente saudável que se manteve ao longo de seis temporadas. Quando eles começaram a relação, fiquei com um pouco de receio que fossem criar drama desnecessário só para gerar história, uma vez que eu já sabia que a série tinha pelo menos sete temporadas e eles ficam juntos a partir da 2.ª. Mas felizmente isso não aconteceu! A forma como inseriram e desenvolveram essa relação na série foi muito bem feita, mostrando bem não só que é possível dois dos personagens principais terem um relacionamento e isso não interferir com a restante dinâmica da série, como também é possível manter esse relacionamento sem ser necessário recorrer à criação de problemas, por exemplo, só para criar drama e, consequentemente, história.

A decisão do Jake de deixar a esquadra para cuidar do filho Mac, apesar de ser algo que eu não visse, inicialmente, o Jake a fazer, dado o amor que ele tinha pelo seu trabalho, depois daquele terceiro episódio, e da conversa dele com o Holt, essa decisão acaba por ser bastante compreensível, e mostra o quanto Jake amadureceu. Ainda que adorasse as peripécias que a imaturidade dele criava, foi bastante bonito de ver o crescimento da personagem, especialmente porque isso não significou que o Jake deixasse de ser ele próprio, isto é, deixasse de fazer as suas típicas “idiotices”.

Relativamente ao final em geral, confesso que quando as portas do elevador se fecharam, e eu pensei que essa era a cena final, senti que faltava alguma coisa. Não sabia dizer propriamente o que era, mas que faltava algo isso era certo. Mas é aí que Brooklyn Nine-Nine mostra novamente que sabe o que está a fazer (como se ainda houvesse dúvidas depois desta última temporada!), e dá-nos aquela cena final tão à Brooklyn Nine-Nine. Não podia ter terminado de outra forma! A narrativa envolvendo a competição de Halloween é sem dúvida das mais icónicas da série, e nada melhor do que saber que, mesmo já alguns deles não fazendo parte da esquadra, irão continuar essa tradição ano após ano. O facto de Terry (Terry Crews) ter-se tornado Capitão, de Charles Boyle (Joe Lo Truglio) ter agora como parceiro uma espécie de “Charles”, e a Gina (Chelsea Peretti) também fazer parte da competição, tornou tudo ainda melhor. Definitivamente que não podia ter pedido por melhor final!

Episódio de Destaque:

PB & J (Episódio 5) – ainda que tivesse bastante inclinada para escolher o último episódio (era bem merecido!) acabei por decidir escolher este pura e simplesmente por ser relativo ao Doug Judy (Craig Robinson). Para além da narrativa envolvendo o Pontiac Bandit ser uma das minhas favoritas, penso que o final desta dupla improvável não poderia ter sido melhor.

Personagem de Destaque:

Jake Peralta – apesar da minha vontade ser escolher todos eles, uma vez que, por diversas razões, considero que qualquer um dos personagens merecia ser escolhido, já para não falar que gosto bastante de todos eles, não consigo deixar de escolher o Jake. Desde o primeiro momento que a personalidade característica e peculiar dele me conquistou. Aliado a isso temos o belíssimo relacionamento dele com a Amy que permitiu ver outro lado dele, e que consequentemente me fez gostar ainda mais do personagem.

“(…) goodbyes are inherently sad. They mean that something is ending. And this one is especially sad. Because what we had was so great. But it’s not all sad, right? We’re all moving on to things that we love. And we’ll always have the memories of our times together (…)” (Jake Peralta)

Cármen Silva

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