[Pode conter spoilers]
Pensei que uma 2.ª temporada de El Cid não chegasse a ver a luz do dia, não porque a primeira fosse má, mas era apenas mais uma série que se baseia em relatos históricos e atos grandiosos de heróis de tempos antigos no meio de tantas outras que por aí andam. No entanto, ainda bem que a 2.ª temporada aconteceu, pois fiquei deveras surpreendido.
Não é algo fora de série, mas como são apenas cinco episódios não se perde muito tempo com rodeios e as coisas avançam a uma velocidade relativamente rápida à qual dá prazer de assistir (ainda mais do que na primeira, onde mesmo com poucos episódios existiu muita coisa só para encher), ao mesmo tempo que enriquecemos o nosso conhecimento sobre a história da Península Ibérica (mesmo não sendo tudo fidedigno).
Toda a temporada tenta chocar o público com muitas traições complexas e não evidentes à primeira vista, cenários horríveis, situações difíceis e relacionáveis e (como não podia deixar de ser) cenas de sexo ocasionais. Ficamos sempre à espera de ver como tudo termina e quem saíra por cima, sendo também muito interessante ver como a sede de poder consegue moldar as pessoas e por vezes revelar o que elas realmente são, mesmo que para isso tenham que ir contra os seus irmãos.
À medida que os episódios avançam vai crescendo o rasto de destruição à volta destes irmãos, o que na verdade não surpreende ninguém, tendo em conta o ambiente em que cresceram e ao que foram habituados. O final (como já era de esperar) deixa em aberto a possibilidade de uma nova temporada que, confesso, espero que exista. Já que acompanhei a história até aqui gostava de ver como termina, se é que existe verdadeiramente um fim nesta história de reinos e reis.
Há aqui sem dúvida grandes prestações/interpretações, como é o caso da de Alicia Sanz como Urraca (sempre a fazer das suas), Adrián Salzedo como Alvar e, claro, Jaime Lorente como o grande Ruy. Na generalidade, todos os atores estiveram a um grande nível, conseguindo na maioria das vezes transpor para fora do ecrã o que estão a sentir.
Nesta 2.ª temporada de El Cid, os espectadores poderão ver mais campos de batalha, suor, sangue e muitas mortes. Claramente a produção também melhorou os figurinos, os cenários e todo o ambiente envolvente, tudo isto fruto, provavelmente, de um aumento do orçamento.
Melhor episódio:
Episódio 4 – Emboscada – É neste capítulo que as coisas realmente descambam e a relação entre os irmãos se deteriora. A juntar a isto, é o episódio em que ocorre a maior reviravolta neste jogo de peões e onde tudo poderia mudar de um instante para o outro. Dito isto, o último episódio também poderia facilmente ser o escolhido, não só por ser o último, mas também por haver grandes reviravoltas e uma grande batalha.
Personagem de destaque:
Ruy – Apesar de ser cliché escolher o personagem principal, acredito mesmo que sem ele a série não teria tanta qualidade. Ruy consegue transmitir-nos calma quando é preciso, mas também raiva e determinação. A série gira em torno dele (apesar de não ser rei) e nem por um momento o personagem comprometeu, conseguindo roubar para si grande protagonismo (apesar de menos do que na 1.ª temporada).
Filipe Tavares