Foi no passado dia 15 de julho que American Horror Stories, o primeiro spin-off de American Horror Story, teve a sua grande estreia através do FX on Hulu. Criada pela dupla Ryan Murphy e Brad Falchuk, a série adota um formato narrativo de antologia, diferenciando-se da sua predecessora por contar uma nova história a cada episódio ao invés de a cada temporada.
Este episódio piloto surge como exceção à regra, que certamente será aplicada aos restantes capítulos desta 1.ª temporada da série. Na verdade, a história de Rubber(wo)Man é contada em duas partes, sendo esta a razão pela qual escolho tratar os dois primeiros episódios como um todo nesta review.
As duas horas que dão início a American Horror Stories levam-nos de regresso à infame Murder House – um local que facilmente será reconhecido pelos fãs de AHS. Conforme referido na sinopse do episódio, a razão de ser deste cenário deve-se ao facto de uma adolescente e os seus pais escolherem esta casa com um passado sombrio como o seu mais recente projeto imobiliário, planeando em renovar o edifício de modo a torná-lo numa atração turística. No entanto, à medida que a família trabalha na casa, algo de sinistro ameaça perturbar o seu equilíbrio.
Vou ser bastante franca convosco – apesar de ser uma fã ávida de terror, nunca fui capaz de terminar uma única temporada de American Horror Story. Estive bastante perto de chegar ao fim de AHS: Coven, mas, a certo ponto, comecei a sentir-me aborrecida e acabei por abandonar a história. Acredito que os criadores destas séries têm a sua forma bastante peculiar de abordar o terror enquanto género, a qual nem sempre corresponde às minhas preferências ou expectativas. É um sentimento que mantenho neste piloto de American Horror Stories, Rubber(wo)Man, que beneficia em ver a sua ação contida em apenas duas partes, ao invés de se estender ao longo de toda uma temporada.
Admitidamente, a minha perceção de Rubber(wo)Man sofreu as suas várias alterações ao longo da duração destes dois episódios. A sua qualidade enquanto peça de entretenimento aumentou exponencialmente à medida que o meu véu de seriedade foi caindo, tendo acabado por passar grande parte desta double feature a gozar com o argumento, as personagens e suas situações. De facto, esta premiere de American Horror Stories parece não surtir efeito enquanto história de terror no seu sentido mais clássico, mas – para a audiência correta – poderá surgir como uma agradável comédia (com um toque de terror à mistura).
Conforme mencionei, o facto de a ação não se alargar por mais de um ou dois episódios é um dos fatores que a série tem a seu favor, impedindo o arrastar de histórias que não gozam de material suficiente para muito mais do que cinquenta minutos de screen time. No entanto, este não é o único ponto positivo de AHStories. Ainda que não considere este próximo aspeto um fator necessário ao sucesso da série, acredito que as alusões feitas ao material de origem, quer pelos settings usados ou pelos atores aqui reciclados, contribuem de forma favorável à adesão à série por parte de fanáticos do universo em que esta se insere. Apesar de não ter sido capaz de captar todas as referências a AHS (novamente, por não ter assistido à sua totalidade), reconheci de imediato a Murder House e aprecio este overlay entre ambas as séries – embora o fato de borracha me trazer à memória Sqweegel, de CSI: Crime Scene Investigation, e não o Rubber Man.
Já o argumento tem os seus momentos, resultando em instâncias que, acredito, acabam por ser mais engraçadas do que o pretendido. Isto reflete-se ainda nas personagens, que, apesar do esforço por parte dos atores que as desempenham, conseguem tornar-se um tanto ridículas, graças a situações bizarras e linhas de diálogo que criaram em mim uma sensação de embaraço em segunda mão. Ainda assim, destaco a performance de Sierra McCormick neste início de temporada, tendo a atriz desempenhado o papel de Scarlett, a adolescente de 16 anos que encontra o fato de borracha após a sua mudança para a Murder House. Não entrarei em quaisquer detalhes sobre os eventos que se seguem, mas tenho de colocar uma questão que me tem vindo a consumir desde a abertura deste episódio: será que a equipa encarregue da caracterização de Scarlett tinha um mood board com fotografias de Velma, de Scooby-Doo? Apenas por curiosidade.
Em suma, American Horror Stories parece ser uma aposta razoável e segura para os seus criadores, que permite explorar novas e aterradoras histórias que não se enquadram no formato narrativo típico de AHS. Rubber(wo)Man não é sem os seus altos e baixos, mas acredito que surge como um bom indicador do nível de qualidade que poderemos esperar desta nova antologia. Deixo a advertência de que é uma série que lida com tópicos destinados a uma audiência madura, pelo que fica à discrição de cada um assistir (ou não) aos seus vários capítulos.
Em Portugal, não percas a estreia da série no Disney+, a 8 de setembro.