Hung: Sexo, Drogas e… Dívidas
| 14 Jul, 2021

Publicidade

Sem o glamour e estilo de vida “rock n’roll” excessivo de outras produções semelhantes, a série Hung, que retrata uma Detroit arrasada pela Crise de 2008, mostra-nos algumas das principais dificuldades do “middle man” americano com um detalhe e abordagem singulares.

A necessidade é a mãe da criatividade, e nada como um seminário motivacional para despertá-la. A icónica Sue Collini de Californication uma vez disse para Hank Moody: “you should reinvent yourself as modern day gigolo”. O Hank não foi na conversa mas o Ray Drecker (Thomas Jane) decidiu dar uma oportunidade à ideia. Este professor de secundário e antiga estrela local, falido, divorciado e pai de dois filhos, recorreu aos muito americanos seminários “How to become a billionaire”, à procura de inspiração. É aí que conhece Tanya Skagle (Jane Adams) uma poeta fracassada, e com a sua ajuda, decide aventurar-se na profissão mais antiga do mundo.

Encontro vários paralelismos entre Hung e Californication, sobretudo na forma como os personagens principais encaram o passado e na auto-aversão que ganharam. O que despoleta um perfeito equilíbrio de comédia/drama. Ray tal como Hank acredita que tinha a vida perfeita e que a desperdiçou, devido ao deslumbramento que tinha de si próprio e de onde o seu talento o podia fazer chegar, negligenciando a família e a mulher Jessica (Anne Heche). Este duplo fracasso (pessoal e profissional) consome-o e fá-lo viver em condições deploráveis na sua casa de família. O último símbolo que o relembra dos seus tempos áureos, ao qual se agarra cegamente.

O enredo da série Hung é cativante e rico, sendo que acabamos por nos rever cada vez mais nas suas personagens à medida que a história avança e acompanhamos a jornada de Ray na reconstrução da sua vida pessoal e relação com os seus filhos. Assim como a de Tanya na sua afirmação como escritora e empresária, enquanto lutam por manter o anonimato e discrição da nova atividade de Ray.

Hung é uma produção crua e com humor negro refinado, que atropela o politicamente correto dos nossos dias, falando abertamente de todos temas, e procurando mostrar que existe comédia até nas mais dramáticas situações. Sendo que a própria série acaba por ser uma metáfora de como todos nós, de alguma forma, já nos sentimos tentados a “vendermo-nos” em algum momento. Seja para atingir algum fim, para nos inserirmos num círculo social ou atingirmos estatuto.

Hung estreou nos Estados Unidos a 28 de junho de 2009, e está disponível na HBO Portugal.

Diogo Gouveia

Publicidade

Populares

Paradise s1

calendário estreias séries posters março 2025

Gangs of London

Recomendamos

Séries da TV
Este Site Usa Cookies

Este site usa cookies para melhorar a experiência do usuário.Cookies são pequenos arquivos de texto colocados no seu computador pelos sites que consulta. Os sites utilizam cookies para ajudar os usuários a navegar com eficiência e executar certas funções.