[Contém vestígios de spoilers]
Para quem não está familiarizado, Gossip Girl é um reboot, logo à partida vão haver comparações com o original. É nos apresentado, no piloto de Gossip Girl, um típico grupo de adolescentes que frequenta a mesma escola privada de Manhattan. Para além desta nova versão explorar o potencial das mudanças das redes sociais, explora também toda a mudança de pensamento que houve na sociedade. Ainda que diferente, não deixa nunca de referir acontecimentos passados (podem contar com referências a Nate, Blair, Chuck e Serena!) e daí basear o seu enredo para a formação de uma nova Gossip Girl. Algo familiar, e que deixa os fãs antigos arrepiados, é, sem dúvida, o retorno da voz de Kristen Bell enquanto narradora da trama – é só divinal.
Se não houvesse algo original para estabelecer uma comparação, eu diria que a série acerta em diversos pontos e que tem potencial para se tornar numa favorita dos adolescentes. É bom ver o universo que tão bem conhecemos a acompanhar as tendências quer de moda (adeus às bandoletes) quer de música (sim, uma banda sonora espetacular), quer de pensamento (olá à cultura do cancelamento). Uma série que acompanha os tempos e não tem medo de criticar a original pela sua falta de diversidade e pelo quão desatualizada pode ser aos olhos de hoje.
Ao contrário do original, onde passamos seis temporadas sem saber quem é a misteriosa Gossip Girl, o piloto do reboot dá-nos logo essa informação o que devo dizer que é uma lufada de ar fresco, pois assim a nossa atenção vira-se do “quem é” para o “será que vão ser apanhados”. Não querendo dizer quem é para que possam ser surpreendidos, quero ressalvar que de qualquer das formas acaba por ser muito infantil toda a trama e um pouco a roçar na quebra dos direitos de privacidade – sei que é uma série, mas se querem acompanhar tanto o politicamente correto, vamos lá admitir que o próprio conceito da Gossip Girl é só doentio, e que se calhar não será o final mais cor de rosa que aguarda esta pessoa na nova versão (sim, espero que no final a pessoa vá presa).
Quantos às novas personagens que nos são introduzidas só tenho de positivo a referir pois gostei bastante de como estão escritas e das respetivas interpretações. Temos um elenco bem mais diverso o que só faz sentido numa cidade como Nova Iorque. Espero que as desigualdades socioeconómicas também sejam bem exploradas e, parte do enredo tem tudo para que isso aconteça visto que as duas protagonistas vem de famílias muito diferentes. Na nova série não temos tanto uma preocupação com o “perder a virgindade” mas sim de exploração sexual sem pudor e sem julgamentos – o que julgo que nos dará alguns momentos à Elite. Ainda que ache que estes adolescentes sejam diferentes do gangue original, também acho que se podem ver algumas parecenças, especialmente Max que dá uma vibe total de Chuck Bass.
O veredito final é mesmo que vejam e que julguem por vocês mesmos!
Ana Leandro