Mythic Quest – Review da 2.ª Temporada
| 09 Jul, 2021

Publicidade

[Contém spoilers]

Temporada: 2

Número de episódios: 9

Já se encontra disponível na Apple TV+ a 2.ª temporada completa da série de comédia Mythic Quest, que retrata o dia a dia da equipa responsável pela criação e produção de um videojogo online denominado Mythic Quest. Nesta temporada continuamos a acompanhar: Ian (Rob McElhenney) e Poppy (Charlotte Nicdao), agora como diretora co-criativa, enquanto tentam entender-se quanto a uma nova expansão do jogo; Brad (Danny Pudi) e a sua “nova” assistente, Jo (Jessie Ennis), que por sua vez era a antiga assistente do David (David Hornsby); C.W. (F. Murray Abraham) sendo que ficamos a conhecer um pouco mais do passado deste, especialmente como ganhou o prémio Nebula; Dana (Imani Hakim) e Rachel (Ashly Burch), que iniciam uma relação; e ainda David, que se tenta aventurar no mundo dos encontros.

Ainda que Mythic Quest nos tenha mostrado na 1.ª temporada que a história ia muito para além da temática referente à parte criativa/produtiva de um videojogo, sinto que esta 2.ª temporada se focou mais nas personagens, especialmente em mostrar um outro lado destas, e não tanto nesse mundo em volta dos videojogos. Se formos a ver, somente a história relativa ao Ian e à Poppy é que estava inteiramente relacionada com esse mundo/problemática. Por um lado foi bom, porque ficamos a conhecer melhor alguns personagens, mas por outro senti falta de uma maior abordagem a esse mundo. Essa excelente conjugação, na 1.ª temporada, entre o mundo dos videojogos e restantes temáticas que nada tinham a ver com esse mundo era o que mais me cativava na série. Achava bastante graça à forma como eles interligavam as coisas. Não quero com isto dizer que desgostei desta temporada, ou que ela não está boa. Pelo contrário, até gostei bastante! Principalmente da evolução positiva que a maior parte dos personagens sofreu. Contudo, acho que a 2.ª temporada de Mythic Quest ganharia mais ainda se tivesse explorado mais esse mundo em volta da criação e produção do videojogo, tal como na 1.ª temporada.

Quanto à história das personagens, gostei bastante de ver um outro lado de Brad. Eu já o considerava uma personagem interessante na 1.ª temporada, mas ver um lado de nice guy, que no fundo se importa com as pessoas e as ajuda (aquele terceiro episódio em que ele ajuda o David a preparar-se para o mundo dos encontros foi muito engraçado), fez-me gostar ainda mais da personagem. A dinâmica dele com a Jo também nos proporcionou bons momentos, no entanto, considero, novamente, que esta dupla poderia ter sido muito mais aproveitada. Tinham imenso potencial, mas acho que este não foi aproveitado na sua totalidade. Por falar em Jo, também gostei bem mais dela nesta temporada. Confesso que não lhe achei grande piada na temporada anterior, uma vez que teve algumas atitudes que não me agradaram muito, mas nesta 2.ª temporada ela esteve muito melhor, o que me fez gostar ligeiramente dela.

Também gostei bastante do episódio em que nos deram a conhecer um pouco do passado do C.W., em especial a forma como ele ganhou o prémio Nebula. Ainda que não aprecie muito o personagem, e a história tenha vincado mais ainda algumas atitudes e características menos boas deste, sempre achei muito interessante o cargo/função dele na empresa e o papel dele na criação e desenvolvimento do jogo, mesmo isso não tendo sido muito explorado nesta temporada. Adorei também o discurso visionário dele, sendo que este teve ainda mais impacto uma vez que sabíamos que era ele o escritor por detrás da história do videojogo Mythic Quest. Para além disso, através desse episódio Mythic Quest mostrou mais uma vez que consegue mudar, de forma esplendia, o estilo narrativo e visual da série. Isso fascina-me bastante uma vez que mostra que a série consegue ser versátil, sem perder o rumo e identidade da história.

Relativamente a Dana e Rachel, apesar de terem iniciado uma relação e esse facto ter algum impacto nas personagens (e em mim enquanto espectadora uma vez que era algo que eu já queria há algum tempo), o que mais se destacou, e bem, foi a individualidade de cada uma, em especial as diferenças de personalidade e de objetivos, e a forma como elas faziam, apesar disso, a relação resultar. Essas diferenças proporcionaram momentos engraçados, principalmente quando estas se encontravam na presença de outras personagens. Estava longe de imaginar que iria achar tanta graça a interações entre Rachel e Ian, por exemplo. Outra dinâmica que achei imensa graça foi a de Rachel com o C.W.. Inclusive, as atitudes de C.W. no episódio 7 tornaram-se mais toleráveis dado as interações deste com a Rachel terem permitido momentos bastante divertidos que me fizeram rir.

Posto isto, só me resta dizer que, à semelhança da 1.ª temporada, Mythic Quest mostrou ser uma série que vale a pena ser vista (e que merecia mais reconhecimento!), não só pela história apresentada, mas também pela forma particular como o faz. Não é a melhor série alguma vez feita, mas foi-me surpreendendo bastante ao longo destas duas temporadas. Admito, inclusive, que apesar de não ter estado imensamente ansiosa para ver a 2.ª temporada, assim que terminei de ver o último episódio aquilo que me vinha à mente era que queria que houvesse mais, pois os 9 episódios que constituem a 2.ª temporada souberam-me a pouco. Quanto ao final, nem gostei nem desgostei. Este pareceu-me ter sido pensado tanto para o caso da série ser renovada como para o caso de não ser, o que foi uma boa idea. Dessa forma, como teve um final aberto, foram deixadas bases suficiente para desenvolver mais história caso a série seja renovada, mas se não for, acaba por ter um final “satisfatório”.

Melhor Episódio:

Episódio 8 – este episódio apresentou tudo aquilo que eu tinha vindo a sentir falta ao longo dos episódios anteriores de Mythic Quest. Conciliou a temática dos videojogos, mais especificamente Ian e Poppy mostram ideias relativas a uma nova expansão do jogo, com questões relativas aos personagens. Ian acaba por ir parar ao hospital, e ainda que já tivéssemos visto o personagem a ser vulnerável no episódio 5, neste episódio vimos ainda mais. A diferença entre o personagem apresentado na 1.ª temporada e nesta foi bastante percetível, sendo que Ian deixou de ser uma personagem totalmente sem noção, extremamente arrogante e cheio de si, para alguém bem mais tolerável, que percebe os seus medos e que não tem receio de os mostrar. Foi uma faceta que gostei muito de ver.

Personagem de Destaque:

David – confesso que cheguei a pensar em escolher o Brad, sendo que foi o personagem que mais me conquistou nesta temporada. No entanto, David foi das personagens que mais gostei (quase instantaneamente) na 1.ª temporada, e isso manteve-se nesta. David é capaz de ser das personagens que mais momentos cómicos proporciona, já para não falar que com tudo o que lhe acontece ele merece definitivamente todo o apreço possível.

Cármen Silva

Publicidade

Populares

grotesquerie fx disney plus

Recomendamos