[Contém spoilers]
E contra as críticas maioritariamente negativas, eis que chega um episódio que encheu as medidas. Claramente não as de toda a gente, uma vez que o quarto episódio extra da 10.ª temporada de The Walking Dead, Splinter, tem gerado muitas críticas a este pacote adicional. Ainda assim, e embora não tenha adiantado grande coisa relativamente ao plot geral, o episódio deu-nos, como (quase) todos os anteriores, uma visão mais profunda e abrangente das personagens principais da série como nunca tínhamos tido antes.
Este é apenas o segundo episódio em que Princess entra, mas há já um sentimento de familiaridade para com a personagem. O que não é raro acontecer em The Walking Dead. Por norma, conseguem fazer com que o público sinta empatia imediatamente com as novas personagens introduzidas (para o bem). Em The Tower, o episódio em que Princess teve a sua estreia, esta foi a que mais se destacou, quer pela personalidade, quer pela caracterização e, claro, pela excelente interpretação de Paola Lázaro. Agora, em Splinter, a atriz volta a brilhar em 40 minutos exclusivamente focados na sua prestação.
Percebo perfeitamente que pode haver quem não tenha gostado do episódio, tal como eu não gostei particularmente de One More. Contudo, é preciso olhar para este pack extra de um ponto de vista diferente com que se olha para a temporada normal. São episódios character driven, o que significa que o objetivo é desenvolver mais a história de determinadas personagens e não necessariamente a narrativa maior onde elas estão inseridas. Dessa perspetiva, Splinter concedeu-nos um grande momento televisivo. Temos uma personagem recente na série, sobre quem sabíamos nada de nada, e cujas revelações no episódio só conseguiram aproximar o espectador da sua história. Pelo menos para mim foi assim.
Já se tinha percebido que Princess tinha algum tipo de trauma, recente ou antigo, pela sua forma de atuar e pelo receio de ficar sozinha e desapontar as pessoas com quem está. A espécie de surto psicótico que sofreu durante o episódio veio provar isso mesmo e mostrar que talvez a sua fragilidade emocional e psicológica pode vir a arranjar grandes problemas para o grupo. E quer se tenha gostado ou não de Splinter, não se pode negar que o pequeno plot twist de Princess estar a imaginar a sua interação com Eugene e Ezekiel foi genial. Provavelmente, todos achámos um bocadinho estranho a atitude agressiva do antigo governante de Kingdom, mas não seria de todo impossível que tal acontecesse tendo em conta aquilo por que ele já passou com os Saviors e os Whisperers.
Já para o final do episódio, depois de Princess se aperceber de que é ela quem está a agredir o “Stormtrooper”, aparece outro plot twist, que se torna cada vez mais óbvio à medida que a interação entre os dois se desenrola. Claro que o menino novato, que irá sofrer as consequências por se ter deixado apanhar pela prisioneira, está, na verdade, a fingir. Pela pesquisa que já fiz sobre a Commonwealth sei que tudo ou quase tudo o que ele disse sobre a sua comunidade é verdade, mas o que será que vai acontecer a Princess, Yumiko, Ezekiel e Eugene? Os Stormtroopers parecem ser implacáveis e adivinham-se momentos complicados para estes quatro. Mas provavelmente durarão pouco tempo, uma vez que uma nova personagem que será introduzida na 11.ª e última temporada de The Walking Dead vai ter uma dinâmica importante com Princess.
Faltam dois episódios para chegar oficialmente o fim da 10.ª temporada de The Walking Dead e Splinter vem dividir opiniões e criar mais perguntas do que respostas sobre os últimos acontecimentos e não será certamente no próximo episódio, Diverged, que haverá esclarecimentos. Para isso, teremos de esperar pela 11.ª e última temporada.
Beatriz Caetano