[Não contém spoilers]
Losing Alice é um thriller psicológico israelita que estreou no passado dia 22 na Apple TV+. Sem qualquer relação com Alice no País das Maravilhas, esta série acompanha uma realizadora de cinema, Alice (Ayelet Zurer), que se sente desmotivada com o seu trabalho até conhecer Sophie (Lihi Kornowski), uma jovem e sedutora argumentista que acaba por levá-la a abandonar toda a sua integridade moral para atingir poder e sucesso.
A cena inicial deste episódio piloto arrepiou-me. Em termos de realização e imagem, foi das cenas mais bem conseguidas que já vi. A partir daí, as minhas expectativas aumentaram consideravelmente para o tempo restante do episódio, que, apesar de continuar a apresentar uma boa realização, não conseguiu manter o meu interesse da mesma maneira.
Uma das cenas mais relevantes no episódio é quando Alice conhece Sophie, aparentemente de forma acidental, pois estão as duas na mesma carruagem do comboio. Este momento, apesar de ser um pouco conveniente demais, é uma introdução interessante para as personagens, já que Sophie revela que está a escrever um drama psicológico erótico e que o enviou ao marido de Alice, que é ator. Estas três personagens começam uma espécie de triângulo amoroso, que continuará a desenvolver-se ao longo da temporada. A série apresenta uma constante tensão sexual, que se revela por pequenos olhares e interações entre os personagens. Achei que esta parte da imagem foi muito bem pensada e concretizada pelos atores.
Em termos da história não fiquei muito convencida. Parece-me uma série que vai depender muito das personagens e das suas interações, ao invés de ter uma história definida para a temporada. E, pessoalmente, se não fico apaixonada pelos personagens no primeiro episódio e a série não tem um guião com uma história definida, perco o interesse em continuar a ver. A única parte que me interessa é saber o que levou à situação que ocorre na primeira cena do episódio, mas como esse não vai ser o foco da temporada, não irei continuar a ver.
Losing Alice é, sem dúvida, uma aposta diferente da Apple TV+ e que vai dividir opiniões. Recomendaria para pessoas que gostem de histórias muito centradas nas suas personagens, quase character studies, sem muito desenvolvimento do guião. É também uma história acerca da sexualidade da mulher de meia-idade, que é raramente retratada em televisão.
Ana Oliveira