Beartown – Review da Minissérie
| 25 Nov, 2020

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Minissérie

Episódios: 5

[Não contém spoilers]

Beartown é uma minissérie sueca baseada no livro com o mesmo nome de Fredrik Backman. A minissérie estreou em outubro na HBO Portugal e conta com um total de cinco episódios. Retrata a história de uma família que volta do Canadá para uma pequena cidade no norte da Suécia, após o pai ter sido convidado a treinar a equipa local de hóquei no gelo. O verdadeiro foco é, no entanto, um acontecimento terrível que decorre durante a festa de celebração do campeonato e que vai dividir a população.

Sempre tive curiosidade em ler o livro, do qual já tinha ouvido dizer muito bem, mas não fazia ideia sobre o que tratava. Só sabia que se passava numa cidade pequena e que o conflito se desencadeava a partir de rumores criados pelos habitantes da cidade. Não estava nada à espera que o tema principal retratado fosse tão pesado. Sem dar spoilers, se tiverem algum receio de ver, procurem mais informações sobre a série antecipadamente. É um problema bastante comum, mas que pode ser um tópico sensível para algumas pessoas.

A minissérie Beartown possui todos os ingredientes de uma narrativa nórdica. Tal como, ao longo dos episódios, as paisagens se vão tornando mais geladas, fechadas, até um pouco claustrofóbicas, também a narrativa adquire esse tom. Tive a sensação que as situações que as personagens estavam a viver foram escalando de tal modo que, no fim, era como se estivessem presas numa floresta de neve e gelo, com temperaturas negativas e sem hipótese de escape. A conjugação da realização e cinematografia com o argumento está muito bem conseguida.

Um dos principais tópicos abordados é a culpabilização da vítima e o efeito do pensamento em massa, principalmente em adolescentes. Esta narrativa esteve muito bem representada, mostrando as opiniões divergentes e como estas podem mudar por influência dos outros e por um desejo de estar incluído num determinado grupo.

Outras narrativas mais secundárias mas que apreciei imenso foram a forma como os emigrantes são tratados na Suécia, assim como uma série de estereótipos associados a eles. Gostei também muito da forma como lidaram com a importância da amizade em momentos de verdadeiro colapso.

A parte que me confundiu mais foi a introdução de uma personagem da vida passada da família, à qual somos lentamente apresentados a partir de curtos flashbacks. Estava à espera que, no fim, tudo fosse revelado. De certa maneira foi, mas foi um fim muito ambíguo, não se percebendo muito bem a conexão e a importância relativamente à narrativa principal. Talvez no livro faça sentido mas, numa série tão curta era melhor nem terem incluído uma narrativa, se não iam ter tempo de a explorar devidamente.

Recomendo muito esta minissérie! Por vezes pode ser um pouco lenta porque se foca imenso na demonstração das emoções das personagens, sem diálogos nem explicações. Demora também algum tempo até o evento principal acontecer. É uma experiência muito atmosférica, que balança muito bem os momentos de tensão com os momentos de reflexão. No entanto, não é o tipo de série para ver enquanto se pensa noutra coisa ou se olha para o telemóvel (já todos sofremos isto). Beartown é uma minissérie exige dedicaçã, mas o resultado é uma experiência muito imersiva, que conseguiu por todos os meus nervos à flor da pele, nunca me deixando aborrecida.

Melhor Episódio:

Episódio 4 – O quarto episódio irritou-me tanto que quis atirar objetos à minha televisão… O que faz dele o melhor episódio. Vou passar a explicar – a maior parte das personagens desta minissérie são seres humanos terríveis e, por isso, é suposto querer matá-los. A sensação de injustiça é algo que acompanha todos os episódios, mas o quarto episódio, em especial, é o culminar do sentimento de ódio da população.

Personagem de Destaque:

Maya (Miriam Ingrid) – Sem qualquer dúvida que Maya é a personagem de destaque, pois é a vítima do acontecimento terrível. Miriam, uma atriz bastante nova e desconhecida, é capaz de representar um espectro de emoções da personagem de forma brilhante. Eu tanto estava a rir-me com Maya nos episódios iniciais, como estava a sofrer com ela uns episódios mais à frente. Além disso, a própria personagem é construída de forma inteligente: é alguém com quem as pessoas se relacionam e criam empatia, porque apresenta comportamentos muito reais e relatable. Não é perfeita, mas isso torna-a mais humana e não é por isso que deixa de ser a vítima. Uma mensagem super importante.

Ana Oliveira

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