The Chi – Review da 3.ª Temporada
| 07 Set, 2020

Publicidade

Temporada: 3

Episódios: 10

[Contém spoilers!]

The Chi está de volta para a sua 3.ª temporada! E mais vale começar esta review por abordar o drama que ocorreu fora de cena, porque acabou por afetar o rumo desta temporada. Se acompanham a série, provavelmente já sabem que o ator Jason Mitchell (Brandon) saiu da série por acusações de assédio a outros atores. De um momento para o outro, uma série que era (maioritariamente) focada na personagem de Brandon tem de a fazer desaparecer. Mesmo antes de começar a ver a temporada, estava nervosa com o desenvolvimento da série sem a personagem central.

Posso dizer que, apesar de gostar muito de Brandon, acho que a série sobreviveu perfeitamente sem ele e tivemos uma temporada com focos em diferentes personagens. Admito que o funeral e a explicação que foi dada foi uma resolução muito rápida para uma personagem que foi tão importante. No entanto, eu tenho uma tolerância zero para assédios e outros maus tratos e, por isso, fiquei feliz por  ator ter saído e só queria esquecer a personagem o mais rápido possível. Vamos destacar atores que realmente merecem, por favor!

Depois deste pequeno desvio, passemos agora ao que interessa. No geral, a minha avaliação da temporada é muito positiva, mas tal como a resolução rápida da história de Brandon, apresentou outras inconsistências relativas à 2.ª temporada. Por exemplo, a temporada começa com o casamento de Nina com uma nova personagem, Dre, personagem essa que ainda ninguém conhecia. Ou o facto de a gravidez inesperada de Tiffany só ser mencionada no final da temporada. Percebo que reescrever os episódios sem Brandon tenha sido um desafio e que os escritores tenham tentado começar histórias do zero, mas foi, de qualquer maneira, uma falha de continuidade que chateia um pouco para quem está investido nas personagens e nas suas histórias.

Apesar de ter começado com um casamento e de ter sido uma oportunidade de ver toda a gente animada (e o nosso trio como adolescentes!), como é costume a temporada só ficou mais trágica e triste a cada episódio. Esta é capaz de ter sido a temporada mais triste, se excluirmos o início da 1.ª. Vamos assim diretamente à personagem que mais sofreu: Kiesha. Kiesha, que costumava ter umas storylines secundárias, é confrontada com o evento trágico da temporada. Foi, sem dúvida, o meu plot favorito. Ao início, pensava que a história ia servir apenas para aumentar o drama e que rapidamente ia ser ultrapassada. Mas fiquei mesmo surpreendida, pela positiva, pela forma como lidaram com o trauma que alguém que sai de uma situação daquelas enfrenta. É muito tempo de depressão e dúvida inimaginável, que foi tão sensivelmente retratado. A partir de pequenos gestos e conversas de Kiesha, temos um pouco de acesso ao que lhe vai pela cabeça, e aos poucos conseguimos ver a sua lenta progressão em direção ao seu antigo eu. Apreciei bastante ter visto o ângulo da família no meio do trauma, pois cada pessoa reage e apoia de uma maneira diferente, apesar de todos terem a intenção de ajudar Kiesha.

Numa nota completamente oposta, a personagem que gostei menos esta temporada foi Douda. Era uma personagem tão misteriosa, que eu não podia deixar de pensar em qual seria o seu plano para destruir o bairro. Afinal, nesta temporada tivemos apenas alguém que quer ganhar umas eleições e tirar a custódia de Jake. O meu interesse por ele ganhar as eleições ou não era zero, porque não havia consequências envolvidas nisso. Ou, pelo menos, imediatas. Achei as cenas em que ele entrava tão aborrecidas, que só me apetecia passar à frente. A introdução da sua mulher, Rosalyn, foi interessante mas não o suficiente para manter o meu interesse.

Falando de Jake, a sua história com o novo irmão Trig teve tanto potencial, mas podia ter sido muito mais desenvolvida. É tão bom ver que Jake está a crescer! Há uns anos, Jake nunca aceitaria que um irmão chegasse de repente e o acolhesse, mas desta vez, reage muito bem, apesar de ainda ter de aprender a lidar com um ambiente mais familiar e civilizado. Adorei a relação dele com Imani, a primeira personagem transgénero na série. Foi também uma personagem mal aproveitada, mas o pouco que tivemos dela foi tão bom! Uma personagem bondosa e calma, algo que estava a faltar na vida de ambos, Trig e Jake. Espero que continue na série e que tenha direito a mais histórias.

Ronnie teve um papel muito importante esta temporada, mas ainda não sei definir como me sinto. Por um lado, o seu papel de salvador foi uma motivação interessante para uma personagem que estava a perder a esperança em si, e em todos. Por outro, parece que estavam a tentar demasiado redimir uma personagem, como se o público não se lembrasse que matou uma criança a sangue frio na 1.ª temporada. Toda a situação me faz um pouco desconfortável. Fico feliz que a personagem tenha encontrado motivação para continuar a viver, mas nunca vai ser alguém com quem eu desenvolva empatia e torça pelo seu sucesso.

Para mim, as histórias mais importantes da temporada foram as que já comentei, mas tenho ainda algumas notas a referir. O Emmett é das minhas personagens favoritas e, apesar de estar a crescer, não deixa de cometer os mesmos erros do passado. Pode ser um pouco frustrante de assistir, por vezes, mas não tira nada ao facto de ele ser uma personagem bondosa, por natureza. A conversa de Emmett com a Keisha foi dos momentos mais bonitos da série porque demonstra realmente o quanto ele gosta das outras pessoas e as ajuda, à sua maneira. Com o Emmett, tivemos a oportunidade de conhecer melhor  a Tiff esta temporada, que se revelou uma personagem super interessante. Gostei muito de assistir ao desenvolver da sua personalidade, desde a Tiff que organiza festas, à Tiff que gere o seu negócio sozinha e ainda trata do filho.

Por fim, as verdadeiras almas da série: Jake, Papa e Kevin. É sempre um prazer ver as aventuras deste trio, que agora está tão crescido, que já fumam e têm namoradas. Apesar disso, continuam a ser os mesmos amigos de sempre, que como qualquer adolescente, têm de aprender a lidar com todas as transformações e evoluções da vida. Este trio nunca desilude e, nem que toda a série piorasse, eu iria continuar a ver por estes três.

Apesar das inconsistências desta temporada, esta revelou-se como uma oportunidade para dar um pouco de luz a outras personagens e abordar temas realmente impactantes. Sempre que vejo esta série tenho pena que mais gente não veja, porque é mesmo de qualidade excecional, apesar de ter tido alguns percalços pelo caminho. Por isso, se ainda não viram, ou ainda não acabaram de ver a temporada, aconselho vivamente!

Personagem de destaque:

Kiesha Williams (Birgundi Baker) – Kiesha foi realmente o destaque desta temporada. Para uma atriz tão nova, a sua capacidade de representação de uma situação tão horrível como a que Kiesha viveu e ainda o seu pós-trauma, foi incrível. Eu chorei por várias vezes e era tudo por pequenos gestos da personagem que conseguiam descrever o sentimento sem ter que dizer qualquer palavra. Não sei como é que a atriz não é mais reconhecida, mas eu vou certamente seguir o que ela irá fazer de seguida.

Melhor episódio:

Episódio 8 – Frunchroom Eu sei que já repeti várias vezes, mas a forma como lidaram com o pós-trauma neste episódio foi arrepiante, e dos episódios mais realistas que já vi em televisão. Adorei tudo, desde a forma como a família tenta lidar com Keisha, como a forma como pequenos elementos são filmados (como Kiesha a olhar para uma parede durante horas), até ao momento final em que Kiesha queima tudo na banheira e a mãe apenas a apoia, silenciosamente. Foi daqueles episódios que encapsulam toda a ação num só espaço, como numa peça de teatro, e funcionou lindamente. Fugiu um pouco ao estilo habitual, com ritmo, da série, mas era esse mesmo o objetivo, pois o assunto em causa era tudo menos normal para a família.

Ana Oliveira

Publicidade

Populares

estreias posters calendário novembro 2024 séries

cruel intentions poster prime video

Recomendamos