The Capture, a série da BBC que chegou agora à Peacock, é um thriller distópico sobre a nossa sociedade cada vez mais vigiada. Protagonizada por Callum Turner, Holliday Grainger, Laura Haddock, entre outros, este What Happens in Helmand conta a história de Turner, um soldado que acaba de ser libertado da prisão “por um pequeno (mas suficiente) detalhe técnico”, após uma audiência de recurso. A recém-promovida DI Rachel Carey logo conhece Shaun quando é encarregada de descobrir o que aconteceu no sequestro da sua advogada, com a qual ele está (supostamente) envolvido.
O tema da vigilância abordado aqui nesta série é um assunto que perturba sempre muitas pessoas, o que é normal. A sensação de se estar constantemente a ser vigiado é algo que nunca nos deixa 100 por cento à vontade (entre outros temas que dariam para outro artigo)… Só por este facto já vale a pena dar uma olhada à série para perceber mais como este mundo funciona. Mas a série é muito mais que isto e com temas tão pesados e com tanto material ainda para ser analisado é óbvio que em apenas um episódio não dá para garantir a qualidade da série, mas se tudo der certo como nestes primeiros 50 e poucos minutos, certamente será um sucesso.
Neste primeiro episódio todo o elenco esteve bem, mas, para mim, Holliday e Callum foram a verdadeira luz que fizeram este episódio realmente valer a pena. A relação entre estes dois ainda vai dar muito pano para mangas… Para além disto, a edição inteligente e o cativante e cuidado desenvolvimento do mistério que termina num clímax pouco esperado guiado pelas filmagens da CFTV, fez com que fosse um episódio inegavelmente interessante de assistir, apesar de, por vezes, as coisas acontecerem de forma um pouco lenta demais… Posso até dizer que o ritmo desta série de seis episódios me faz lembrar um pouco o sucesso da BBC/Netflix em 2018, Bodyguard.
Um dos pontos interessantes de What Happens in Helmand é que o rumo desta história tanto pode pender para um lado de falsificações de vídeos e violações dos direitos humanos como para o lado das consequências resultantes das atrocidades da guerra que levam à separação dos jovens da realidade quotidiana. Ou será que vai cair para os dois lados? Ou para nenhum? Tudo é possível e que agradável que assim o seja!
No fim deste episódio vi-me mentalmente a percorrer possíveis caminhos que pudessem ter sido tomados e a pensar qual era o que faria mais sentido e acredito que não fui o único… Por exemplo, em que parte do que vemos podemos realmente acreditar? O quanto é manipulado por poderes mais altos do que os que sequer imaginamos? Será que os nossos olhos nos enganam?
Com tantas fake news que apareceram nos últimos anos, aprendemos a não confiar em todas as imagens que passam à frente dos nossos olhos. Será que é este o caso? Não sei, mas certamente vou ver o resto dos episódios para garantir que sei o fim desta história que me deixou bastante intrigado! Só faltou ser baseada em factos reais!
Filipe Tavares