[Contém spoilers!]
Love, Victor é a nova série original da Hulu, criado por Isaac Aptaker e Elizabeth Berger. Depois do sucesso do filme Love, Simon, baseado no romance Simon vs The Homo Sapiens Agenda de Berta Albertalli, Love, Victor segue a mesma premissa, em episódios de 30 minutos.
Neste primeiro episódio conhecemos Victor (Michael Cimino), um adolescente completamente escondido dentro do “armário”, que se mudou do Texas para Creekwood a meio do ano escolar com a sua família latino americana, os Salazars. No seu primeiro dia em Creekwood High, é lhe revelada a história de amor de Simon (Nick Robinson) e a partir daí todo o enredo começa a desenrolar. Para Victor, a história de Simon parece-lhe perfeita: pais compreensivos que o apoiam, amigos liberais em quem pode confiar e, mais importante que isso, destinado a uma grande história de amor.
E este piloto não podia ter começado de melhor forma: Victor envia uma mensagem num tom de revolta a Simon, 24 horas depois de ter chegado a Creekwood. Não é habitual haver séries de televisão que sigam uma história de um filme. O que é facto é que a história de Simon cativou tanta gente que o segundo passo acabou por ser a criação uma série de televisão.
Victor faz parte de uma família com raízes católicas fortes, e sempre foi educado para ser o tradicional típico pai de família. A mãe (Ana Ortiz), conhecida da série Devious Maids, o pai e os irmãos nem sequer põem a hipótese de Victor ser homossexual, e até fazem “piadas” com certas situações em que se percebe que alguém o é; basicamente Victor é aquele miúdo adolescente, que acabou de se mudar para a cidade e quer mostrar quem realmente ele é e expressar os seus verdadeiros sentimentos, mas acaba por não conseguir por medo, insegurança e principalmente vergonha. O que até é compreensível, dado que não teve um primeiro dia de aulas fácil.
Conhece Felix “Lone Stone” Westen (Anthony Turpel) que é o suposto “cromo” da escola com quem todos gozam, mas que irá ser sem dúvida a pessoa que mais o irá apoiar. Conhece Mia Brooks (Rachel Naomi Hilson), a versão jovem de Beth de This Is Us, que pelas palavras de Felix é a rapariga mais gira da turma e parece querer ser o interesse romântico de Victor. Não sabemos se irá conseguir competir com Benji (George Sear), o miúdo gay da turma que deixou Victor de queixo caído (momento mais cringe de todo o episódio). Por fim conhece Andrew (Mason Gooding), o pequeno “vilão” da história que tem muito mau perder, e que não gostou de ser derrotado pelo miúdo novo durante um jogo de basquetebol na aula de Educação Física.
A série é feita num tom muito mais cómico, divertido e mais leve que o filme. A banda sonora está no ponto e foi muito bem escolhida tendo em conta que se trata de uma série teen e género rom-com. É importante ter em conta que todos os adolescentes passam por esta “fase” e não é fácil para ninguém perceber que podemos não ser aceites pelos nossos pares, ou mais grave que isso, pela nossa própria família, o que é facto é que não podemos ter medo de ser diferentes e de darmos a conhecer ao mundo quem realmente somos. E é isso que a série pretende mostrar.
O primeiro episódio está muito bem conseguido, porque esta é uma história que merece ser contada, isto porque vivemos no século XXI, mas a homofobia parece não ter fim à vista, assim como o respeito por todos os seres humanos tal como eles são.
Para todos os adolescentes e todos os que já passaram essa altura tão importante da vida, quando tudo nos parece dramático, horrível, onde tudo é um caos e nunca vai correr nada bem, é bom ter em linha de conta que há muita gente que vive momentos muito mais difíceis apenas e só pela sua orientação sexual. Apercebemo-nos que Victor é de facto um excelente miúdo, e que acha que ao revelar esta questão sobre si vai desapontar todos os que estão à sua volta, a realidade é que se continuar a não conseguir expressar o que sente nunca vai conseguir ser feliz.
A série não é só sobre isto e deve abordar muito mais tópicos de momentos que vivemos atualmente. Eu não vou perder os próximos episódios, e vocês?
Margarida Rodrigues Pinhal