[Contém spoilers]
Conseguem ouvir este som? Serão anjos a cantar? Não, é só Niko Polastri (Owen McDonnell) finalmente mortinho da silva! É verdade, mais uma semana, mais uma review de Killing Eve, mais um episódio glorioso. Esta série é mesmo a coisa mais divertida na televisão neste momento e se há coisa que ninguém pode negar é que não há mais nenhuma como ela.
Este episódio foi diferente, dedicando blocos separados de cenas a cada personagem, mostrando-nos ao que cada uma se dedicou durante a semana. Foi um formato engraçado e original no contexto da série que deu uma nova vida ao episódio. Entretanto, a ligação entre as vidas de cada um foi a morte de Charles Kruger (Dominic Mafham), que permanece envolta em mistério sobre quem é que realmente a encomendou. A decisão de Konstantin (Kim Bodnia) de pedir a Villanelle (Jodie Comer) que matasse a sua mulher fez parecer que ele está do lado dos Twelve, quando no episódio anterior parecia estar do lado de Kruger e genuinamente chocado com a sua morte. Aos poucos iremos compreender o que se passa, mas a verdade é que, se na semana passada fiquei a pensar que era Konstantin quem estava a ser enganado pelos Twelve, agora estou cada vez mais convencida que Dasha (Harriet Walter) não trabalha para essa organização e é Villanelle quem está a ser manipulada. Killing Eve consegue confundir-me por completo, sempre o fez!
O outro elo comum entre as storylines foi o resultado do encontro entre Eve (Sandra Oh) e Villanelle, algo que afetou imenso as duas personagens, levando a que a chefe de Dasha – seja ela quem for – lhe pedisse que arranjasse forma de separar as duas duma vez. Esta forma ligou-nos a Niko, pela primeira vez relevante na temporada, cujo telemóvel Dasha roubou para trazer Eve até à Polónia e matá-lo à sua frente (deixando uma nota que – podemos assumir – teve a finalidade de fazer Eve pensar que Villanelle era a culpada?). O estranho contraste entre o casamento “baunilha” de Eve com Niko e a sua vida profissional completamente louca sempre foi algo muito característico de Killing Eve, mas estava mais que claro que não havia mais nada a fazer com a personagem Niko e usá-lo para fomentar de novo a metade do ódio (na relação amor/ódio) entre Eve e Villanelle pareceu-me uma forma digna de dizer adeus à personagem e ao seu bigode – afinal, ele sempre esteve a mais.
O episódio teve muitas cenas mais viradas para os sentimentos das personagens do que propriamente para engrossar o enredo, tal como a conversa entre Konstantin e Irina (Yuli Lagodinsky) e entre Carolyn (Fiona Shaw) e Geraldine (Gemma Whelan), duas relações entre pais e filhas muito diferentes, mas em tanto similares – algo distantes e frustrantes para as filhas, que procuram apenas alguma forma de conforto vinda dos seus pais. A personagem de Irina foi uma das estrelas inesperadas da 1.ª temporada e, ainda que neste episódio mal tenha tido protagonismo, espero podermos vê-la de novo antes do fim. Também Eve e Jamie (Danny Sapani) partilharam uma cena emotiva em que desabafam sobre todas as coisas terríveis que já fizeram, desvendando um passado do chefe de Kenny mais negro do que pensaríamos à primeira vista e fortalecendo a relação entre estas duas personagens. Este tom sentimental tem funcionado bastante bem nesta temporada, assumindo uma importância que ainda não tínhamos visto nas anteriores.
Quanto a Villanelle, ficou um pouco para trás, vendo o seu papel no episódio reduzido simplesmente a matar quem a mandam matar e sonhar acordada com Eve. No entanto, no final do mesmo vemos que chegou a casa, na Rússia e o próximo capítulo será inteiramente dedicado à nossa assassina favorita e ao seu passado. É seguro dizer que as minhas expectativas estão a roçar no teto!
Parece-me que a segunda parte da temporada vai registar uma mudança nas relações de poder e tanto Eve como Villanelle vão assumir as rédeas e resolver as coisas pelas suas próprias mãos, à medida que mais e mais segredos se desvendarem. A verdade é que o rumo que os últimos quatro episódio vão tomar é uma completa incógnita neste momento e é isso que é tão entusiasmante. Que venham eles! Estamos oficialmente na última metade da temporada, nação Killing Eve!
Francisca Tinoco