[Contém spoilers]
Depois de 12 episódios maioritariamente desapontantes, eis que How To Get Away With Murder nos apresenta um episódio que põe em perspetiva toda a história desenvolvida nestas seis temporadas. Podem não ter sido 40 minutos cheios de revelações e reviravoltas, mas fizeram-me perceber que todos os desenvolvimentos estão pensados e interligados desde o início. E isso é de louvar.
O título do episódio tinha-me deixado logo a pensar desde há duas semanas. What If Sam Wasn’t the Bad Guy This Whole Time? Sempre olhámos para Sam como o vilão da série, cuja morte foi a catalisadora de tudo o que se seguiu. Ao longo das temporadas fomos tendo mais flashbacks da sua relação com Annalise que não contribuíram para que essa visão se alterasse. Contudo, conhecemos agora outra perspetiva que altera por completo essa construção mental que temos vindo a fazer. Ainda assim, não desculpa tudo o que ele fez.
Afinal de contas, Sam também foi abusado, tal como a sua mulher e Bonnie. A bomba que Vivian largou no episódio anterior do alegado incesto entre os irmãos Keating tinha deixado a dúvida no ar se seria uma relação consentida pelos dois ou abusiva por parte de um deles. Tivemos a confirmação de que o crescimento de Sam ao lado de Hannah não foi um mar de rosas. Pareceu-me que Sam foi coagido a ter uma relação com a irmã que ia além da fraternidade.
Do que gostei tanto neste episódio foi o facto de este plot twist estar, ao que tudo indica, planeado pelo menos desde a 2.ª temporada, altura em que Hannah acusa Annalise do assassinato de Sam. Repararam naquela memória de Annalise a dizer à cunhada uma frase relacionada com incesto? Só posso dizer que a resposta para o final da série está mesmo à nossa frente e não a conseguimos ver, porque esta reviravolta já tinha sido mencionada e nem fizemos caso.
Passamos ao grande momento do episódio? Confesso que já tinha lido uma teoria que previa exatamente isto, mas descartei-a. Pensei: “Nah, não vão fazer isso”. A verdade é que fizeram e que explosão nuclear! Frank é filho de Sam e Hannah. Quando Frank perguntou a Annalise se ela queria que ele falasse com a sua tia Bev, algo no meu cérebro fez clique. A tia Bev já tinha sido mencionada na 1.ª temporada quando descobrimos que Frank tinha estado num centro de correção juvenil e que Annalise puxou uns cordelinhos para que ele fosse libertado. Honestamente, esta storyline não é algo que nunca tenhamos visto – uma adolescente que engravida, passa uns tempos sem ir à escola e entrega o bebé a uma boa família que o trate bem -, mas a forma como tudo foi escondido de nós, espectadores, e agora como foi revelada faz dela uma das melhores da série. Todos os que rodeiam Annalise têm mesmo um certo propósito e um background que vale a pena conhecer.
Isto desvia-me um pouco do que aconteceu neste episódio, mas leva-me a pensar que ainda vamos descobrir o porquê de AK ter escolhido Michaela e Connor para o seu círculo. Eu já tinha posto esta teoria em cima da mesa anteriormente, mas creio que Connor possa ser o filho de Bonnie que ela julga morto. Quanto a Michaela, li uma teoria (que faz sentido até certo ponto) de que ela pode ser filha de Annalise com Solomon. Resumindo, aquela conversa que ele teve com Michaela no alpendre sobre conhecer Annalise há muito tempo e ainda ter mencionado a mãe de Michaela levou algumas pessoas a pensar que pode ter um segundo significado, sendo este o de que é Annalise a mãe da jovem advogada. Se pensarmos bem, quando Solomon apareceu na Caplan & Gold, incentivado por Annalise para criar uma ligação com a filha, ao encontrá-los juntos, Michaela diz algo do género “Please don’t tell me you’re my mother”. Se a fala de Annalise para Hannah sobre o incesto afinal se provou correta, poderá esta também estar? Se estiver, têm de explicar muito bem por que não foi Annalise em busca da filha que, presumivelmente, deu para adoção depois de ter perdido o seu bebé e de querer adotar Wes.
Voltando ao 13.º episódio, houve ainda tempo para Nate revelar ao Agente Lanford que Pollock é corrupta e para este a interrogar, confirmando a informação do polícia. Pensei mesmo que tanto Pollock como Lanford estivessem por dentro do conluio de Birkhead, mas, por enquanto, o líder da investigação parece não estar ao corrente de nenhumas segundas intenções. A ver vamos se é mesmo assim. Quanto ao plano de Nate, não sei dizer o que possa ser, mas acredito que ele não tenha mesmo assassinado Xavier, que tenha sido só uma fachada para algo maior. Pelo menos espero que assim seja.
No próximo episódio, o penúltimo da série, Laurel estará de volta e de certeza que vamos obter algumas respostas às inúmeras perguntas que neste momento nos assolam. Annalise vai enfrentar Michaela e Connor no tribunal, mas acho que os três têm algum tipo de plano pensado e que no fim sairão vitoriosos. Serão, sem dúvida, dois episódios de cortar a respiração. O que acham que nos espera?
Beatriz Caetano