Já vos falámos daqueles que consideramos ser os melhores episódios piloto de sempre de séries, mas se por um lado esses se destacam pela positiva, por outro há séries cujos finais, às vezes, gostávamos de não ter visto.
Em muitos dos casos desta crónica, preferíamos que a série tivesse seguido um rumo diferente, ou porque o final não fez sentido ou porque, simplesmente, deixou mais coisas em aberto do que devia. Dexter e Lost são, provavelmente, os finais mais contestados e polémicos do mundo das séries, sobre os quais já tanto se falou, portanto vamos deixá-los de fora. No entanto, seja qual for o motivo, consideramos que qualquer destas séries merece aqui estar.
Todos nós temos aquela(s) série(s) cujo final nos desiludiu e que em alguns casos pode ter estragado um pouco toda a história até ali contada. Sabemos que pode ser complicado terminar uma história, especialmente se for muito popular, como é caso de muitas destas produções. Assim sendo, o que vos trazemos aqui hoje são finais de séries que nos desiludiram a valer. [Mas não, não somos daqueles que defendem que se refaça aquilo de que não gostámos.]
[Contém spoilers]
Castle: A verdade é que Castle há muito deixara de ser uma série que se quisesse realmente acompanhar. Foi-lhe valendo aquela velha dificuldade que um seriólico tem de abandonar uma série que já acompanha há muito. Muitas séries redimem-se, no final, das asneiras narrativas que foram cometendo ao longo dos anos, mas não Castle. É fácil um fã sentir-se traído quando dedica tanto tempo a ver algo que acaba de forma tão absurda. É certo que houve muita incerteza em relação a uma possível renovação, o que pode ter contribuído para um final menos satisfatório, mas isso não serve como desculpa. O final foi mesmo o pior que aquelas oito temporadas nos trouxeram. Houve temporadas mais fracas, episódios com casos pouco interessantes, mas aquele final, a sério? Não se trata de a série não ter acabado como queríamos, simplesmente o final não teve qualquer lógica. Castle e Beckett chegam a casa depois de resolverem um caso, vive-se um ambiente levezinho que se adequa com o tom muitas vezes divertido da série. Bom! Depois os dois são atacados em casa, deixados a morrer. Not bad! Só que depois passam-se sete anos, estão vivos e têm filhos. Decidam-se: ou uma coisa ou outra! Se queriam o típico final feliz, mais valia terem dispensado a parte violenta. Se queriam a parte em que as coisas correm mal, deixavam os fãs a interrogar-se se teriam morrido ou conseguiram sobreviver. Simplesmente a transição de uma coisa para a outra não funcionou bem e não permitiu que nenhuma das questões fosse explorada. Pareceu algo totalmente apressado e desleixado.
Game of Thrones: Este final foi sem dúvida controverso. Há tantas opiniões e todas elas diferentes. No nosso entender foi uma desilusão. Isto porque uma série que foi uma das melhores dos últimos tempos merecia um final brilhante. Para grandes séries, grandes finais! Anos de espera, mortes de centenas de personagens e terminar desta forma a série mais fantástica da última década foi dececionante. Não pelo facto de quem acabou por ficar no trono, mas sim pela forma como a história foi apressada e mal contada. Ficou muito por dizer, por fazer e por contar e foi isso que desapontou muitos fãs. O facto de termos as expectativas ao mais alto nível também não ajudou. Game of Thrones estava num pedestal para todos, durante a sua exibição ninguém falava de mais nada, era sempre assunto, sempre discussão, e o final foi mal aproveitado. A grande questão foi o “dito por não dito”. Por exemplo: Bran não quis ser Rei do Norte porque era o Corvo de Três Olhos, mas para ser o herdeiro do Trono de Ferro já não era o Corvo? Percebem o que queremos dizer? Como esta situação, existiram muitas outras e isso acabou por desiludir. Atenção que não criticamos o episódio em termos de fotografia, banda sonora ou realização, porque isso esteve sempre impecável (na temporada inteira só a batalha contra o Night King é que estava escura e pouco percetível). Foi satisfatório o desfecho de várias personagens, de outras nem por isso. Arya, por exemplo, foi uma personagem muito pouco aproveitada; nesta última temporada a única coisa que fez foi matar o Night King. E podíamos continuar. Em termos de argumento não houve o melhor aproveitamento e não souberam finalizar bem a história.
Gossip Girl: Uma série toda ela em retorno de um segredo que culmina na revelação no último episódio pode dececionar muita gente. Foi sem dúvida o caso de Gossip Girl. Deixar para o último episódio a grande revelação é errado; nunca vão explicar bem a coisa, vão sempre existir fãs que fazem a construção de acontecimentos e vai haver coisas que não fazem sentido. Não é coerente haver uma personagem completamente apaixonada por outra, mas que tem uma faceta diferente e faz tudo para a magoar. Foi isso que aconteceu em Gossip Girl com Dan e Serena. Fora a explicação que deram para justificar a voz da Kristen Bell como Gossip Girl, que caiu completamente de paraquedas! No entanto, nem tudo foi um pesadelo. Depois de começarem e acabarem 758 vezes (mais coisa menos coisa), Chuck e Blair têm, finalmente, um final feliz. Isso sim deixou os fãs satisfeitos! Foram e sempre serão um dos casais mais enigmáticos e icónicos da televisão. Foi bom rever caras conhecidas da série no último episódio, onde todos descobrem quem era a maquiavélica Gossip Girl, para no momento a seguir passarem três anos com a história para a frente: e viveram felizes para sempre… Foi o que desiludiu, pois mesmo depois de várias explicações, e de as personagens terem contado a sua versão dos eventos, ser revelado que Dan era a Gossip Girl pareceu forçado. Por melhor escritor que fosse ou que quisesse ser e pela maneira como estava feita a personagem, parece rebuscado ser o verdadeiro vilão da série. Os argumentistas tinham de concluir a narrativa, e tinha de ser memorável, mas foi um esforço que ficou aquém do esperado.
How I Met Your Mother: Esta é daquelas séries que dispensa apresentações. Mesmo que nunca a tenhas visto, dificilmente não ouviste falar dela. Continua a ser uma das nossas preferidas, embora o final ainda nos esteja atravessado na garganta. Sabemos que é polémico, porque ou se ama ou simplesmente se odeia aquele desfecho. No final da 6.ª temporada descobrimos que Ted ia conhecer a mãe dos seus filhos no casamento de Barney e na temporada seguinte ficámos a saber que a noiva de Barney era Robin. Já na última temporada ficámos a conhecer Tracy e a sua relação com Ted. Depois de todas estas temporadas, a ideia que nos passou foi que só se encontra o amor ideal quando estamos realmente prontos para o receber. No entanto, o final desta série foi, literalmente, o oposto. Para nós, não faz sentido depois de tudo – e de termos percebido que Ted e Robin não são feitos um para o outro. Não nos levem a mal. Gostamos bastante dos dois, juntos é que não. Além de que levámos tanto tempo até conhecer Tracy que achamos que ela esteve pouco presente nesta temporada e, para além disso, este final bastante triste não condiz muito com o tom de How I Met Your Mother.
Orange Is the New Black: Ao contrário de muitos dos outros finais que escolhemos, o de Orange Is the New Black não foi realmente mau. No entanto, não significa que não tenha sido uma desilusão. Até porque a série já nos tinha premiado com excelentes finais de temporada, por isso esperava-se algo ao mesmo nível na derradeira despedida. Ok, tivemos a parte da emoção que está sempre associada ao facto de nos estarmos a despedir de algo de que gostamos muito e que acompanhamos há vários anos. Só que não foi aquela emoção que nos faz soltar lágrimas, que nos deixa verdadeiramente tristes numas partes e com um sorriso nos lábios noutras. A parte em que tivemos acesso ao ponto da vida em que cada uma das personagens se encontrava também pareceu completamente desnecessária nalguns dos casos, pois teria feito mais sentido que só nos tivéssemos debruçado nas histórias que estavam pendentes por algum motivo e não em coisas que tinham sido abandonadas há imenso tempo. Isso acabou por retirar tempo de ecrã a personagens que mereciam maior destaque. No entanto, o maior ponto de desilusão deste final tem dois nomes: Piper e Alex. Passa-se a série toda a torcer por um casal, mas depois o casal insiste em estragar tudo até um ponto em que qualquer pessoa se cansa e já só quer que se mantenham longe porque a relação roça o tóxica, só que depois tudo fica bem no final. Não faz muito sentido quando um casal passa uma temporada inteira sem arranjar uma forma de resultar minimamente bem e depois no fim, do nada, têm direito a um felizes para sempre que não mereciam.
Reunion: Esta é, provavelmente, uma daquelas séries que passou completamente despercebida à maioria das pessoas. Chegou a passar cá na televisão, mas mesmo que pesquisem sobre ela não vão encontrar muita coisa. A história é a de seis amigos, sendo que cada episódio corresponde a um ano das suas vidas. Um deles morreu e todos os outros se tornam suspeitos. Premissa interessante, não fosse a série nunca nos oferecer uma resposta. Há muitas séries que mesmo tendo sido canceladas têm um final minimamente satisfatório (ou pelo menos um que não nos estraga por completo a jornada toda), só que Reunion é daquelas arruinadas pela falta de respostas. No caso específico de um assassinato, uma pessoa quer saber quem morreu, quem matou e os motivos. Não é exigir muito, pois não? Circularam algumas dessas respostas pela internet, se bem que houve algumas que foram contestadas, mas a verdade é que, de qualquer das formas, ler acerca disso ou ver realmente as coisas a acontecerem é muito diferente. Foi uma pena, porque a série tinha uma história que agarrava ao ecrã e com caras bem conhecidas da televisão. Um exemplo perfeito do desrespeito que as cadeias televisivas têm pelos fãs ao cancelarem séries sem as transmitirem sequer até ao fim.
Salvation: Esta não é uma série espetacular. Aliás, num mundo com tantas séries poucas o são. Ainda assim, Salvation merecia um final decente e não aquilo que acabámos por ter. Esta série e Zoo são aquilo que mais podemos odiar neste mundo das séries: finais em aberto. Salvation em si foi um pouco injustiçada, visto não estar nas estreias principais de outono, mas sim de verão. Aliás, há séries de verão que superam claramente algumas das estreias de outono e Salvation não deixava de ter qualidade suficiente e merecia, sem dúvida, mais reconhecimento. Já sabíamos que um asteroide iria atingir a Terra, o que faltava saber é o que iria acontecer nessa altura. No entanto, nos últimos minutos, ao abrandar a velocidade, percebe-se que aquilo afinal não tinha como objetivo destruir a Terra. Será um objeto alienígena? Não se sabe e não se vai saber. A série foi cancelada e ficamos com esta dúvida no ar. Um final muito injusto para os fãs de Salvation!
Under The Dome: Este foi um final que deixou muito a desejar. Aliás, a 3.ª temporada em si foi entrando em decadência logo desde o início e culminou no cancelamento da série. Os argumentistas optaram sempre por construir mistério atrás de mistério sem fazer revelações, fazendo com que a história ficasse mal aproveitada. É verdade que a série só foi cancelada semanas após ter saído este último episódio, que pedia respostas numa 4.ª temporada. Destinos em aberto e muitas perguntas por responder foi como terminou. As dúvidas recaíram principalmente no destino das personagens: como seria a vida depois de terem estado tanto tempo isolados do mundo real? O desfecho não respondeu a isso, mas deixou em aberto a suposta morte de Joe e a mudança repentina de Barbie, com as suas atitudes sem nexo. Como antagonista, Big Jim teve um bom desfecho comparativamente a Junior, Angie ou até Norrie, mas a passividade de Julia enquanto protagonista fê-la perder a sua essência. Estas e outras situações desapontaram muitos fãs. Under The Dome foi uma série com um conceito diferente, inovador, mas com um final criticado por não ter sabido concluir a história e ter deixado os fãs na incógnita sobre questões que seriam respondidas numa 4.ª temporada que acabou por não acontecer.
Will & Grace: Ok, esta comédia acabou há pouco tempo a sua jornada que a trouxe de volta mais de dez anos após a emissão do último episódio da série original, mas Will & Grace, para nós, é recordada por aqueles velhos tempos em que fez História ao trazer-nos dois personagens gays em papéis principais. Ora, o final da série em 2006 foi tão mau que quando trouxeram a série de volta decidiram fazer de conta que nunca existiu. É claro que naquela altura ninguém imaginou que a série ‘ressuscitaria’, mas o final foi declaradamente mau, seja como for. Will & Grace pode ser uma série de comédia, mas isso não é desculpa para o final ter sido uma verdadeira anedota: Will e Grace, que são melhores amigos há décadas, saem completamente da vida um do outro e assim passam anos. Pouco credível, mas essas coisas acontecem, as pessoas afastam-se. Só que depois ela tem uma filha e ele tem um filho que depois se casam um com o outro. Lame! E algo que teria totalmente acontecido entre Will e Grace não fosse ele gay. As séries têm o hábito de juntar os personagens principais, certo? Aqui simplesmente não podia acontecer, embora os amigos deles se fartassem de gozar que eles pareciam casados um com o outro. Pronto, a amizade é retomada, tudo parece voltar àquilo que era. Forçado! E enquanto todos envelheceram normalmente, como acontece com qualquer pessoa, Karen está na mesma. Talvez ela seja um robô ou algo assim! Pareceu um desfecho totalmente desleixado e feito em cima do joelho, algo que a série não merecia, de todo!
Zoo: Acho que já perceberam que gostamos muito de séries com o tema do fim do mundo ou, pelo menos, realidades diferentes. Zoo segue esse caminho e conta a história de ataques violentos de animais, a nível mundial, que vem a descobrir-se terem uma mutação. A 3.ª temporada avança no tempo e embora não tenha o mesmo encanto das duas primeiras, traz uma história parecida à das temporadas anteriores, ainda que distinta em certos aspetos. Há duas ameaças igualmente devastadoras: os híbridos e o facto de a população humana continuae a diminuir, devido ao problema de esterilidade. A equipa tem que ativar os beacons e manter Clem e o seu bebé seguros, mas vai ter muitas dificuldades, como seria de esperar. Para recuperarem o bebé de Clem, Jackson tem de libertar os híbridos e vemos o fim da humanidade cada vez mais próximo. Oh, esperem, na verdade, não vemos esse fim! A série acaba numa espécie de cliffhanger que merecia mais uns quantos episódios de finalização da narrativa. Uma lástima!
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Diana Sampaio, Diogo Alvo e Margarida Rodrigues