[Contém spoilers!]
Temporada: 3
Número de episódios: 8
A 3.ª temporada de Chilling Adventures of Sabrina chegou no final de janeiro com oito episódios que deliciaram e viciaram uma vez mais os espectadores. Depois de 28 capítulos, a premissa continua a ser interessante e o ambiente sombrio mas simultaneamente irrisório cativam não só o público alvo, os adolescentes, como as faixas etárias que se lhes seguem. É divertida, sexy, atual, com uma narrativa diferente do normal e com caracterizações e cenários excecionalmente bem conseguidos. Diria que CAOS veio definitivamente para ficar.
Esta temporada de Sabrina pareceu-me entrar num patamar diferente de maturidade. Da primeira para a segunda parte da série foi visível uma evolução no foco dos problemas de Sabrina, que passou do seu dilema entre o mundo mortal e o mundo das bruxas e o triângulo amoroso entre Harvey e Nick para o confronto com o Diabo. Nesta temporada, ainda que os dissabores amorosos tenham estado presentes, a forma como a protagonista encarou os obstáculos que sucessivamente lhe apareceram à frente foi diferente. Claro que Sabrina continua a ser ingénua, inconsciente e impulsiva, como os últimos minutos do episódio final demonstram bem, mas não posso dizer que não senti uma diferença, porque senti.
Achei que a história dos deuses pagãos regressarem para reclamar o seu lugar no mundo contemporâneo foi muito interessante e fez-me lembrar American Gods, que aborda a luta entre os deuses novos e antigos. Também gostei bastante que tivessem abordado a temática dos paradoxos temporais e da viagem no tempo. Não posso negar que estou muito curiosa por ver o que vão fazer na 4.ª temporada com esta storyline. Por outro lado, não achei piada nenhuma à introdução de momento musicais nos episódios. De todas as coisas que podiam ter ido buscar a Riverdale esta não era uma das que fazia falta. São awkward e sem qualquer sentido, especialmente quando Harvey, Roz e Theo ensaiam a sua banda que aparentemente foi criada.
Tal como aconteceu nas temporadas anteriores, a minha personagem favorita não foi Sabrina. Aliás, ela não está sequer no top 3. Apesar de ser a protagonista, o seu complexo de heroína e a forma como consegue sempre mas sempre estar metida em problemas, levam-me a distanciar-me dela e a sentir menos empatia para com a personagem. Creio que a única altura em que me senti solidária com Sabrina foi quando Nick decidiu ser um estupor e dizer-lhe coisas bastante cruéis, mas já lá vou a este tópico. Nesta 3.ª parte as personagens que mais se destacaram, pelas melhores razões, e das quais gostei genuinamente de ver no ecrã foram Ambrose, que regressou às minhas boas graças, e Zelda.
Na 1.ª temporada da série a minha personagem favorita foi, sem sombra de dúvida, Ambrose. Foi até uma das minhas escolhas numa crónica que co-elaborei – Papéis Fascinantes que Transcendem os Protagonistas. A sua aura obscura e misteriosa atraiu-me desde o primeiro momento. Contudo, o rumo da história na 2.ª parte conseguiu arruinar a personagem ao colocá-lo do lado de Father Blackwood. Fiquei verdadeiramente desiludida, porque gostava mesmo dele. Mas nem tudo está perdido e Ambrose conseguiu redimir-se! Voltou a estar no meu top e o seu charcater development assim como a prestação de Chance Perdomo arrebataram-me uma vez mais. Não posso deixar passar em branco a química explosiva que Ambrose e Prudence têm. Good Lord. A sua dinâmica nas cenas foi incrível e fiquei super triste com Prudence por ter culpado Ambrose de tudo o que lhe aconteceu.
Zelda, por sua vez, nunca me chamou muito a atenção no que a empatia diz respeito. Sempre a vi como uma mulher amargurada pela morte do irmão e ressabiada por nunca ter conseguido alcançar o poder que queria, chegando mesmo ao nível baixo de se aliar, tal como Ambrose, a Father Blackwood. Já para não falar da forma como trata Hilda e até Sabrina. Assim sendo, nunca gostei muito dela. Contudo, esta 3.ª temporada foi a sua chance de regressar ao lado bom e de fazer a coisa certa, mas sempre com um ar altivo e de superioridade, como é seu costume, claro.
Num lado menos positivo, o rumo que deram a Nick nesta temporada foi deplorável. Tinham tudo para lhe dar uma boa storyline com o seu trauma de ter sido possuído pelo Diabo e encarcerado no Inferno, mas o resultado final não foi o melhor. Gostei do seu lado atormentado nos primeiros episódios, mais ou menos até à altura em que se envolve com os demónios sexuais. Esta faceta mais dark e ousada da série foi uma boa aposta, mas a decisão que Nick tomou em relação a Sabrina (creio que este foi o único momento da série em que senti pena dela) e à forma como lidou com o que lhe aconteceu desiludiram-me, à semelhança de Prudence.
Já tinha referido isto na review da 1.ª e 2.ª temporadas de CAOS, mas tenho de repetir: qual é o objetivo de Harvey fazer parte da série? Esta personagem é supérflua, desinteressante e de fazer revirar os olhos cada vez que aparece. Dos três amigos humanos de Sabrina, nenhum é apelativo. Nas temporadas anteriores conseguiram dar-lhes alguns momentos relevantes, com Roz a descobrir o seu poder, e Theo a desbravar os seus antepassados ligados a caçadores de bruxas. Harvey nunca teve um momento interessante. Espero que num futuro próximo lhe deem um plot minimamente relevante ou simplesmente que o retirem da série.
Pormenores à parte, vamos ao que interessa: a enchente de easter eggs que houve nesta temporada! Já se sabia que Sabrina e Riverdale decorriam no mesmo universo, apesar de as séries serem de canais diferentes. Na primeira temporada da série mais recente tivemos um mini-crossover com Ben Button, que pertenceu a Riverdale, a entregar uma pizza na casa de Lilith, mas a 3.ª temporada teve bem mais do que isso. Vamos por partes:
Personagem de Destaque:
Ambrose Spellman (Chance Perdomo): De todas, Ambrose volta a ser a minha personagem favorita da temporada. Após redimir-se de ter ficado do lado de Father Blackwood, Ambrose voltou ao esplendor que nos apresentou na 1.ª temporada. A dupla que formou com Prudence foi dos pontos mais positivos destes oito novos episódios e mal posso esperar por ver o que o espera na próxima temporada. Chance Perdomo está novamente de parabéns pela sua fantástica interpretação.
Episódio de Destaque:
Episódio 7 – Chapter Twenty-Seven: The Judas Kiss – Este é o episódio em que tudo dá realmente para o torto. Praticamente todas as personagens morrem e uma cena em particular toca no âmago: a da morte de Prudence. A representação de Perdomo nestes momentos é de levar às lágrimas; sentimos a dor de Ambrose ao perder um grande amor nos seus braços. É também neste episódio que uma vez mais a ignorância de Sabrina é deixada à vista quando coloca o saco das moedas na mão do suposto Judas. Felizmente, tudo acaba por correr pelo melhor, mas no final deste sétimo capítulo ficamos com um sentimento de perda, de incredulidade e que tudo acabou em desastre como ainda não tínhamos sentido em nenhum outro episódio da série.
Beatriz Caetano