Nowhere Man entra na Netflix como uma tentativa poderosa da cadeia de streaming entrar no mercado asiático em força. A série vem com oito episódios e a promessa de qualidade que a Netflix já nos habituou, mas acaba por desiludir e claramente fica atrás de outros títulos originais da plataforma. Talvez o melhor de tudo, e que salta logo à vista de qualquer pessoa, seja a beleza dos planos. O visual da imagem é muito artístico e seguramente é a melhor parte do episódio.
Esta série apresenta-se como um forte mistério, mas bastam dois minutos de episódio para perceber que o mistério que nos prometem será engolido por um drama intenso cheio de momentos tensos qual novela das nove. O personagem principal é um homem condenado à pena de morte acusado de sequestro que está no corredor da morte há dez anos. Só pela pequena linha narrativa se percebe o drama que aí vem. Outro “problema” que a série apresenta é os constantes saltos temporais. Estamos sempre a ver situações diferentes da história. Claro que todas acabam por se encaixar e ter importância para a história, mas torna-se difícil estar atento quando parece que é tudo feito em cima do joelho.
A melhor parte do episódio acabam por ser as personagens. Apesar de ser difícil a apresentação delas ao longo do primeiro episódio, uma vez que os saltos temporais são constantes, se juntarmos as peças do puzzle acabamos por ter personagens com um bom arco e uma boa razão que as leva a estar na história. Acabam por ser elas a dar um aumento do ritmo da série que, muito honestamente, é bastante chato! Uma parte interessante é a banda sonora que me impressionou. Não só pela qualidade, mas também pela forma como foi usada.
Esta série parece-me ser uma omelete feita com bons ovos mas por maus cozinheiros. Isto é, a história está lá, as personagens são interessantes e a imagem e o som parecem-me do melhor que se pode ver numa série, mas depois é tudo misturado e fica uma mixórdia de ideias sem nexo. O ritmo baixo e as constantes mudanças temporais só nos levam a perder o interesse e torna-se difícil recomendar esta série sem avisar antes as pessoas que podem ficar bem aborrecidas ao vê-la.
Carlos Real