American Horror Story regressa para mais uma temporada, prometendo duas mãos cheias de episódios de terror e horror num ambiente diferente do que nos tem habituado até agora. Com o subtítulo 1984, o êxito do FX pretende trazer ao século XXI os clichés dos slasher movies dos anos 80 e transformá-los em algo verdadeiramente arrepiante. Terá conseguido com este primeiro episódio?
AHS sempre foi uma das minhas séries favoritas. Comecei a ver já depois da primeira temporada ter saído e desde então que, por cada ano que passa, anseio pela estreia da mais recente história de horror criada por Ryan Murphy. Confesso que desde Cult, a 7.ª temporada, que a essência da série mudou um pouco. Apesar de ter amado esta dita temporada não há como negar que nada teve a ver com outras anteriores. O horror não estava em coisas sobrenaturais, em cenas de sangue ou num ambiente propício a sustos. Estava nos monstros que as pessoas podem ser, pura e simplesmente. Depois tivemos Apocalypse que tinha tudo para ser esplêndida, mas que se perdeu nas entrelinhas e nem o crossover com Murder House e Coven ajudou para a manter na elevada fasquia a que nos tínhamos acostumado.
Deixar apenas mais este aparte: o facto de saber que tanto Sarah Paulson como Evan Peters não seriam caras assíduas de 1984 deixou-me logo de pé atrás. A saída de Jessica Lange deixou um espaço vazio na série e agora o afastamento de mais dois protagonistas não me deixa confortável. Depois, todo o investimento publicitário pré-estreia. Não achei muita piada aos pequenos teasers. Acho que foram demasiados e não deixaram assim tanta expectativa no ar.
Posto isto, vamos ao que interessa realmente nesta review: o piloto da 9.ª temporada. O episódio teve uma evolução bastante gradual, na minha opinião. O que deveria ser uma cena de abertura em grande (calculo que fosse esse o propósito) não me deixou minimamente chocada. Qualquer pessoa que já tenha visto nem que seja um filme de terror está farta de saber como terminam cenas destas. Fez-me mesmo lembrar aqueles filmes dos anos 80 com imagem de má qualidade e sangue a mais. De referir também que o genérico não tem nada a ver com o de temporadas passadas, nada mesmo. Contudo, a partir daqui é sempre em crescendo, ainda que ao início comecemos a pensar “Então, mas onde está o horror disto?”.
O ambiente do episódio passa de leve e cómico para uma história mais carregada e com potencial, se bem que mais do que previsível. Somos apresentados a um grupo de personagens das quais se destacam claramente as interpretadas por Emma Roberts e Billie Lourd, que fizeram um trabalho fantástico. Embora preferisse que Sarah e Evan estivessem presentes, creio que esta dupla de atrizes tem capacidade para aguentar a temporada nos seus ombros. Estas personagens encontram-se num local super óbvio para cenários de terror: um acampamento de verão com um passado trágico. E claro que eles estão ali para desempenhar o papel de tutores das crianças que lá vão passar umas semanas.
Os ingredientes das típicas histórias assustadoras estão a postos e resta saber se American Horror Story é capaz de trazer os twists pelos quais é conhecida a histórias típicas como esta que nos foi apresentada em Camp Redwood. Quero acreditar que sim e que a essência da série não está perdida. Espero que 1984 não caia nos baldes do “já foi feito” e do “super previsível” e que se destaque como uma homenagem verdadeiramente bem feita ao género do horror e do terror.
Beatriz Caetano