Temporada: 1
Número de episódios: 8
[Contém spoilers]
Carnival Row era uma das estreias mais esperadas da nova season de séries. Criada por René Echevarria e Travis Beacham e emitida pela Amazon Prime Video, a série não é a típica adaptação televisiva de um livro já existente ou de um filme de sucesso. Carnival Row foi criada de raiz tendo como base, de forma óbvia, as dificuldades pelas quais o mundo passa atualmente.
Estava muito entusiasmada com esta nova aposta e devo dizer que ainda que não me tenha desiludido, esperava um pouco mais. A produção é fantástica, o argumento muito bem pensado e a realização de fazer inveja a muitas outras séries de fantasia. Contudo, existiram falhas, não muito graves, é certo, mas estão lá. Ainda assim, é de louvar a qualidade de Carnival Row numa altura em que já quase não existem produções originais.
A história prende-nos imediatamente ao ecrã: uma guerra entre humanos e seres fantásticos, onde aqueles invadiram a terra destes e se viram forçados a abandonar o lugar que sempre conheceram para passar a sobreviver num sítio onde não são desejados e são vistos como intrusos. Depois, tudo o que está subjacente a estas situações: o racismo, a xenofobia, a descriminação. É inegável o paralelismo com a realidade: pessoas (ou seres) forçados a sair do seu país e a migrarem para outro, onde têm de se submeter a condições de trabalho indignas, diria, e ainda são acusados pelos nativos de todos os males que aí ocorrem. Há desemprego? A culpa é dos migrantes. Há crime? A culpa é dos migrantes. Enfim, tudo aquilo que, infelizmente, estamos habituados a ver nas notícias hoje em dia.
Os efeitos especiais estão qualquer coisa de soberbo. As asas das fadas, os cornos e as patas dos faunos, os trolls, os pequenos kobolds, a bruxa, o darkasher, os cenários do Burgo e de Tirnanoc, tudo parece extremamente real. Grande parte da qualidade da série deve-se a estes efeitos e também à interpretações do excelente elenco escolhido. Creio ter sido a primeira vez que vi Orlando Bloom numa série. Todas e todos o conhecemos de Lord of the Rings e Pirates of the Caribbean, portanto, a representação num cenário de fantasia não é algo novo para o ator. Gostei mesmo muito do seu desempenho. Quanto a Cara Delevingne foi a primeira vez que a vi no papel de atriz. Não fiquei desiludida. Houve momentos na série em que a sua prestação me deu arrepios. Simon McBurney, Tamzin Merchant, David Gyasi, Andrew Gower, Indira Varma e Jared Harris dão consistência a esta história que fica marcada pela positiva.
Pela negativa fica a previsibilidade do plot, assim como a rapidez com que se desenvolveu. Ainda que apelativa e surpreendente, o desenrolar da história era previsível. Philo ser mais do que um mero inspetor humano era claro; Absalom Breakspear ser o seu pai não era difícil de adivinhar; Imogen e Agreus apaixonarem-se previu-se logo na primeira cena; Piety ser a grande vilã desta primeira temporada também se mostrou fácil de prever. Faltou uma certa lentidão na revelação de todas estas coisas. No 8.º episódio já sabíamos a resposta a todos os enigmas apresentados nos primeiros episódios. Pessoalmente preferia que tivéssemos ficado na dúvida em relação a Imogen e Agreus, ao invés de os termos visto a fugir do irmão enraivecido, e que o passado doloroso de Philo ainda fosse parcialmente uma incógnita.
Apesar de alguns pontos menos positivos, Carnival Row revelou-se uma grande aposta. Tanto que foi renovada para uma 2.ª temporada ainda antes da estreia da primeira. A season finale deixou no ar algumas questões que me deixam com muita vontade de ver o próximo capítulo desta história incrível.
Melhor Episódio:
Episódio 5 – É neste episódio que as peças do puzzle se começam a juntar e que percebemos que tudo está ligado a Philo. De todos, este foi o episódio que apelou mais às minhas emoções e que me fez pensar “Esta série é mesmo boa”. Não o escolho pelos efeitos especiais (neste aspeto todos os episódios foram fantásticos) ou por cenas espetaculares de luta, mas sim pelos pequenos momentos que nos levam a pensar.
Personagem de Destaque:
Rycroft Philostrate (Orlando Bloom) – Acho que a escolha nem poderia ser outra. A storyline foca-se nesta personagem e no seu desenvolvimento. Apesar de Vignette também ter um papel central, é Philo quem rouba o protagonismo e é ele a conexão entre tudo. A prestação de Bloom é impecável e de tirar o chapéu.
Beatriz Caetano