Precisamos de Falar Sobre… The Village
| 17 Jul, 2019

Publicidade

[Pode conter spoilers]

Na mid-season deste ano, a NBC estreou The Village, uma série que, pela sua sinopse, muitos consideraram que fazia lembrar This Is Us. Vi uns oito episódios da série sensação do canal e fiquei longe de me conectar com ela da mesma forma que as outras pessoas pareciam conseguir, por isso deixei de ver. Acho que há casos em que os tremendos elogios dos outros nos fazem colocar uma fasquia tão elevada que depois nos sentimos defraudados. Tive pena de não sentir a verdadeira magia de This Is Us, mas há muitas mais séries no mundo, portanto foi só partir para a seguinte.

The Village não foi muito falada e, tendo em conta que foi cancelada, suponho que a receção junto do público não tenha sido das melhores. A série estreou em março e terminou em maio, no mesmo mês em que foi anunciado o seu destino. Como já é habitual, só comecei a ver a série depois de esta ter sido cancelada. Nunca deixo de ver uma série cuja sinopse me despertou a atenção, mesmo que, provavelmente, não vá ter um final que (perdoem-me a redundância!)  é verdadeiramente um final. Acho sempre que vale a pena espreitar e não fiquei desapontada. Não vos vou dizer que The Village é das melhores séries que andam por aí ou que tem uma fórmula inovadora, mas para mim teve um pouco daquela magia que as pessoas parecem ver em This Is Us. Tendencialmente, prefiro histórias de amizades, de famílias que se criam porque as escolhemos, em relação às famílias mais convencionais. Talvez isto seja um dos porquês de ter gostado mais de uma do que de outra, mas também pode, perfeitamente, ser uma coincidência.

The Village, tal como eu gosto, é uma série sobre pessoas, sobre relações humanas. Estranho para alguém que não gosta especialmente de pessoas na vida real, mas sempre abri uma exceção para as fictícias. Podemos desligá-las se nos fartarmos delas! O principal ‘palco’ dos acontecimentos é um prédio – que empresta o seu nome à série – onde os moradores são bastante próximos uns dos outros, como uma família. Temos pessoas muito diferentes: o casal de meia-idade que se conheceu depois de ele ter perdido a mulher; um jovem estudante de direito e o seu avô, um velhote sonhador e divertido de 80 e tal anos que mostra que nunca é tarde para voltar a viver um grande amor; uma mulher, com um menino ainda pequeno, que pode ser obrigada a voltar para o país de origem; um polícia que já passou por muita dor; um militar que perdeu uma perna no ativo; e uma mãe e uma filha que são tudo uma para a outra.

Algumas destas pessoas já vivem no prédio há muito tempo e são uma verdadeira família, mas aqueles que chegam rapidamente percebem que também eles receberão o mesmo apoio, a mesma generosidade e a mesma amizade. Estas pessoas ajudam-se nos piores momentos e nunca se esquecem também de partilhar as coisas boas. Conhecemos um pouco das vidas de cada um, mas há personagens com um pouco mais de destaque do que outras. Sarah e Katie, por exemplo. Sarah teve Katie quando ainda era adolescente e agora é Katie quem se prepara para ser mãe aos 17 anos. Nunca houve um pai por perto e as duas vão passar por momentos complicados ao lidar com segredos que vêm ao de cima durante a gravidez da adolescente. Esta foi precisamente a minha relação preferida da série. Sarah basicamente é a mãe perfeita, mas comete erros, como qualquer pessoa, que vão colocar a sua relação com Katie à prova. Há clichés, claro que sim, mas a série funcionou bem porque me fez sentir interesse pelas histórias dos seus personagens no geral e não por apenas um ou dois deles.

O episódio de Natal, por exemplo! Já tinha dito que não gosto do Natal? Sim, é verdade. Mas o Natal nas séries parece sempre tão mais mágico do que na vida real! As luzes, as árvores naturais em vez das artificiais, os biscoitinhos deliciosos, o chocolate quente, o passar-se tempo com as pessoas que queremos e não com aquelas com quem somos forçados a conviver… A série tem uma alma muito própria que transparece em todos os episódios. O tipo de coisa que é boa de ver quando precisamos de nos animar porque, sei lá, transmite algo de bom, mesmo que nem sempre corra tudo pelo melhor. Senti sempre vontade de ver o episódio seguinte, não propriamente para saber o que ia acontecer a seguir, mas apenas porque estava a desfrutar do que estava a ver. Outro ponto muito positivo da série é a banda sonora. É tão boa que dá vontade de ir procurar as músicas no fim de cada episódio.

Não quero revelar muito mais, mas não podia deixar de escrever algo sobre uma série que considero ter tido muito menos atenção do que a merecida. Não tivemos um desfecho para todos os personagens, mas acho que acabou por resultar bem assim, até porque havia que preservar algumas surpresas caso a série tivesse sido renovada. Não foi, mas valeu a pena espreitar. Foram uns dez episódios bem passados.

Diana Sampaio

Publicidade

Populares

estreias posters calendário novembro 2024 séries

cruel intentions poster prime video

Recomendamos