Temporada: 1
Número de episódios: 13
[Contém spoilers]
Assim que Proven Innocent recebeu luz verde, ficou na minha lista de séries a ver. Sempre gostei de séries de advogados e, apesar de ser um género já bastante explorado, creio que ainda não caiu na exaustão dos policiais. Pelo menos, eu achei que havia algo de diferente em Proven Innocent. Confesso que só comecei a ver a série depois de ter sido anunciado o cancelamento, mas não me arrependi; o episódio final dá-nos uma perfeita sensação de closure. Haveria material para mais temporadas, mas o essencial da história está contado e sou da opinião de que mais vale que uma série dure pouco do que tempo a mais.
Ora, a história centra-se em Madeline Scott, advogada numa firma que se dedica a defender pessoas que foram injustamente condenadas por crimes que não cometeram. Esta é uma questão pessoal para Madeline, que na adolescência foi condenada, juntamente com o irmão mais velho, pelo homicídio da melhor amiga. Passou dez anos na prisão e, desde que saiu em liberdade, dedicou-se a ajudar pessoas que estão a passar pelo mesmo que ela. A firma de advogados é constituída, essencialmente, por mais três elementos: o parceiro advogado de Madeline, Ezekiel Boudreau, que foi o advogado que a tirou da prisão; Violet Bell, a responsável pelas questões de comunicação e melhor amiga da personagem principal; e, finalmente, Bodie Quick, o investigador que adora ninjas. Os quatro formam uma boa equipa, quer em termos pessoais, quer profissionais.
No entanto, a série vive muito dos casos em que se debruça, como é óbvio. Na generalidade, revelaram-se interessantes, prenderam-me ao ecrã e foram especialmente relevantes aqueles que debateram temas como a transexualidade, racismo, corrupção policial ou política. Melhor do que isso é o facto de as coisas nem sempre terem corrido bem: nem todos os clientes foram inocentados e, no polo oposto, um deles até acabou por se revelar mesmo culpado. Grande parte do foco esteve também na campanha política de Gore Bellows para Procurador-Geral. Este homem foi o responsável pela acusação de Madeline quando ela era adolescente e continuou a revelar-se uma verdadeira pedra no sapato, visto que nunca acreditou na inocência dela e continua a fazer de tudo para mostrar a sua culpa.
Apesar de ser uma série dramática, Proven Innocent tem alguns momentos engraçados proporcionados pelo núcleo principal e é daquelas séries boas para fazer maratonas. Houve reviravoltas, algumas mais e outras menos inesperadas, que é aquilo que se pode pedir numa série deste género, por isso a minha opinião só pode ser mais do que positiva. Gostei bastante do que vi, até. É o tipo de série de que gosto sempre, embora tenha havido algumas falhas a apontar. Por exemplo, a certa altura conhecemos Wren, a namorada que Madeline teve na prisão, e que se revela bastante importante para a personagem, mas que pareceu ter aparecido do nada. Depois também andou desaparecida durante um ou dois episódios, o que foi esquisito, visto que supostamente estaria a viver com Madeline. Acho que a relação das duas foi tratada de forma um pouco negligente, por vezes. Havia outras narrativas mais prementes a acontecer, mas foi impossível não reparar nessa falha. De resto: mais do que aprovada!
Melhor Episódio:
Episódio 9 – Quase caí no cliché de escolher o último episódio como o melhor, mas embora esse tenha sido, provavelmente, o meu favorito, a verdade é que houve melhores. O nono é exemplo disso, com uma história interessante que levanta questões que vale a pena debater. O caso em destaque é o de um preso no corredor da morte que já conhecíamos de um episódio anterior. Ele tinha sido condenado injustamente por um crime que não cometera, mas Madeline e Ezekiel tinham tomado conta do caso e conseguiram um adiamento da execução. No entanto, esse adiamento é revogado por aquilo que é, possivelmente, a desculpa mais estúpida de sempre em termos de direitos humanos: as drogas usadas para executar os presos condenados à morte estavam a expirar o prazo de validade e por isso as execuções estavam a ser apressadas. A sério, como é que é possível que a vida de uma pessoa valha tão pouco?! Madeline lutou com tudo o que podia para adiar o inevitável, mas não conseguiu. Todos sabemos que o sistema judicial tem falhas, que nem sempre é justo, mas acelerar a sentença de morte de um homem para não expirar um prazo de validade parece-me algo demasiado fútil quando, ainda por cima, novos factos vieram à tona e a defesa só precisava de algum tempo (e de um pouco de sorte também) para provar a inocência do seu cliente. Por outro lado, Ezekiel conseguiu libertar da prisão um homem acusado de violação e de homicídio de uma jovem numa festa de uma fraternidade. Ainda assim, essa vitória teve um sabor amargo, porque o advogado reencontrou um antigo mentor que estava a perder as faculdades mentais. Contudo, Ezekiel é exímio a lidar com os outros e foi-o mais uma vez. Noutra nota positiva, a namorada de Madeline, Wren, saiu da prisão (vibes de Orange Is the New Black aqui, o que é sempre bom!).
Personagem de destaque:
Madeline Scott – Seria impossível não escolher Madeline, a personagem principal, como figura de destaque na série. Interpretada por Rachelle Lefevre, que já em Under the Dome tinha dado vida à minha favorita, Madeline tem uma série de características que gosto de ver numa personagem: ela é badass, mas com um excelente coração; luta por aquilo em que acredita e é bastante engraçada. A sério, já vi muitas comédias em que não esbocei um sorriso sequer, mas Madeline fez-me rir várias vezes, com as suas tiradas e graça natural, fora e dentro dos tribunais. Ela é a alma da série!
Diana Sampaio