Hoje celebra-se o Dia Internacional do Amigo, também conhecido como Dia da Amizade. A data foi instituída, há oito anos, pelas Nações Unidas na esperança de que a amizade sirva de inspiração como contributo para a paz. Não há dúvida de que a amizade, o tipo certo de amizade, é uma das melhores coisas do mundo, por isso não podíamos deixar passar este dia sem fazer uma homenagem à relação especial entre alguns dos personagens das nossas séries. Já aqui tínhamos dedicado alguma atenção ao tema, em edições anteriores de crónicas, por isso hoje damos destaque a um novo rol de amizades.
[Contém spoilers]
Celeste Wright, Madeline Mackenzie, Renata Klein, Jane Chapman e Bonnie Carlson [Big Little Lies]: No início da 1.ª temporada teria sido difícil de imaginar que, um dia, estas mulheres se tornariam amigas. Algumas delas já o eram, mas foi a fatídica noite em que Perry mostrou, perante o mundo, o monstro que era, ajudou a criar uma amizade entre as cinco. Ao perceberem os abusos que Celeste tinha vindo a sofrer às mãos do marido, as outras juntaram-se para a defender e Bonnie acabou por empurrar Perry para a morte. Depois, decidiram todas proteger Bonnie, não permitindo que ela assumisse a responsabilidade pelo que acontecera. Creio que se desenvolveu aqui algo muito para além de cinco mulheres que guardam um segredo. Bonnie era uma espécie de outsider de quem Madeline gostava de falar por estar casada com o seu ex-marido e por quem sentia ciúmes por ter uma relação próxima com a sua filha mais velha e Renata, bem, era outro alvo da personalidade intempestiva de Madeline. No entanto, Renata parece ter-se tornado a outra melhor amiga de Madeline e Bonnie, que tem passado por momentos complicados nesta temporada, tem despertado a preocupação da personagem de Reese Witherspoon. Já Jane e Celeste, as duas vítimas de Perry, estão cada vez mais próximas. Conhecidas como “as cinco de Monterey”, acabaram por ir juntas à polícia contar o que aconteceu.
Joséphine Karlsson e Laure Berthaud [Engrenages]: Joséphine tinha um ódio antigo pela polícia enquanto instituição devido a um passado dramático, por isso uma amizade entre estas duas parecia altamente improvável, mas a verdade é que aconteceu. O primeiro passo desta relação deu-se após um momento trágico. Joséphine perdeu o namorado – que provavelmente foi a primeira pessoa que ela amou verdadeiramente – e a morte de Pierre também foi uma perda para a detetive, visto que os dois eram amigos, mas Laure sabia que a advogada não tinha mais ninguém e mostrou-lhe que não estava sozinha naquele momento. Estão longe de ser aquelas amigas típicas das séries, ou até da vida real, mas criou-se uma relação de confiança e de respeito entre as duas e quando Joséphine foi sexualmente atacada, recorreu a Laure. Tenho uma temporada desta série por ver – não é fácil seguir produções francesas de forma certinha -, mas estou certa de que Laure terá feito todos os possíveis para ajudar Joséphine a livrar-se da prisão depois de esta ter tentado matar o seu violador.
Maritza Ramos e Marisol ‘Flaca’ Gonzales [Orange Is the New Black]: Estas duas não têm o tempo de ecrã merecido e deixou-me imensamente triste que, no final da 5.ª temporada, tenham ido para prisões diferentes, que nem sequer tenhamos visto nada delas na temporada seguinte. Nesta temporada de despedida da série, elas voltaram a encontrar-se, mas soube a pouco. Maritza e Flaca tornaram-se melhores amigas na prisão e proporcionaram uns quantos momentos divertidos ao público, ao trazer alguma alegria a um local tão sem cor como uma prisão. Quem mais para além delas se lembraria de criar um canal no YouTube relacionado com questões de beleza? A transformação que fizeram a Alex e a Nicky foi a melhor de sempre!
Amelia Shepherd e Charlotte King [Private Practice]: Não são raras as vezes em que as pessoas estabelecem uma ligação à conta de algo complicado que têm em comum. Amelia e Charlotte tinham ambas um historial de dependência e depois de Charlotte ter sido violada o seu passado semelhante tratou de as aproximar. Frequentaram juntas reuniões dos AA e Charlotte revelou-se muito protetora de Amelia quando ela voltou às suas velhas tentações. Amelia andou uns tempos descontrolada e Charlotte, com o poder que o cargo no hospital lhe conferia, viu-se obrigada a impedir a amiga de operar e acabou por despedi-la. Amelia, que quando se sente emocionalmente ferida tem um certo condão de afastar aqueles que a amam, recusou por várias vezes ajuda para lidar com o seu vício e a reconhecer que havia um problema, mas Charlotte nunca desistiu dela e tentou minimizar os sarilhos em que se metia. Depois de Amelia ter vindo da reabilitação, e apesar de algumas coisas feias terem sido ditas da parte da neurocirurgiã, Charlotte não se ressentiu e a amizade das duas sobreviveu. Ainda bem, porque Amelia voltaria a passar por momentos complicados ao descobrir que o seu bebé estava condenado a morrer à nascença e precisou da amiga, mesmo que nem sempre tenha querido aceitar que não estava sozinha. Quando Charlotte engravidou de trigémeos, foi a vez de Amelia apoiar a amiga. A amizade entre Amelia e Charlotte foi, sem qualquer espécie de dúvida, uma das minhas relações preferidas da série. Duas mulheres tão fortes, mas ao mesmo tempo frágeis, e de personalidades tão intensas tinham que dar uma boa dupla!
Barry Goldberg, Andy Cogan, Naked Rob, Geoff Schwartz e Matthew Bradley [The Goldbergs]: Costumo identificar-me mais com as amizades femininas nas séries, mas os JTP (abreviatura de The Jenkintown Posse) a modos que são friendship goals. É claro que Barry é um bocado parvo e tem uma certa tendência para pensar que é o boss dos amigos e que só o que ele diz é que interessa, mas, ao mesmo tempo, são um grupo muito unido. Contra mim falo, mas as amizades entre rapazes parecem sempre mais fáceis do que as coisas entre raparigas, com menos dramas e mais maluquice à mistura. Basicamente fazem tudo juntos, envolvem-se nos problemas uns dos outros – seja para ajudar a resolvê-los, seja a atrapalhar mais do que ajudam, mas sempre com boas intenções – e já prometeram que mesmo quando forem adultos, com as suas próprias mulheres e filhos, não vão deixar que a amizade se perca e irão sempre encontrar um bocadinho de tempo nas suas vidas para manter a amizade.
Will Truman e Grace Adler [Will & Grace]: Esta série provavelmente ajudou muitas raparigas hetero a plantar na cabeça a ideia de que ter um melhor amigo gay pode ser uma das coisas mais divertidas do mundo e estaria a mentir se dissesse que não me identifico com este pensamento ou não tivesse eu crescido a ver Will & Grace. É claro que estes dois são um bocado próximos de mais e parecem fazer tudo juntos, partilhando o que se passa na vida de cada um quase até à exaustão, tanto que não falta quem lhes mande a piada de que parecem casados, mas é extremamente engraçado vê-los juntos. Entendem as necessidades um do outro como ninguém, estão lá sempre que é preciso – e não apenas porque tal se proporciona geograficamente, visto que são companheiros de casa – e raramente se vê isso num par de pessoas, principalmente quando ambos são profissionais bem sucedidos que já há muito passaram dos vinte anos. É bom ver que há amizades que nunca se perdem com o tempo!
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Diana Sampaio