Pen15 – 01×01 – First Day
| 01 Mai, 2019

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Estreou há uns dias a nova produção da Hulu, Pen15, criada e protagonizada pelas já conhecidas Maya Erskine e Anna Konkle (em parceria com Sam Zvibleman), que se representam a si mesmas num retrato trágico-cómico do que foi a sua adolescência.

[Spoilers a partir daqui!]

Neste episódio de apresentação somos introduzidos à amizade entre as protagonistas, que estão a entrar agora na adolescência e vão começar o 7.º ano escolar. Na noite anterior ao início do ano escolar, juram uma à outra que vão fazer sempre tudo juntas nesta nova fase. À sua volta estão o irmão mais velho de Maya, Shuji (Dallas Liu), e ainda Sam (Taj Cross), amigo das duas e secretamente apaixonado por Maya. Juntos chegam à escola no primeiro dia e percebem que as coisas estão a mudar. As duas amigas são-nos apresentadas como duas adolescentes normais, que falam de coisas normais, sem quererem assumir um protagonismo exagerado que por vezes vemos acontecer nas séries mais adolescentes, à exceção das características que fazem delas um alvo para o bullying escolar. Maya é asiática e tem um corte de cabelo que é alvo de chacota e Anna usa aparelho nos dentes e ainda não se desenvolveu fisicamente.

Apesar de ter um desenvolvimento e final previsível e já varias vezes usado em outras ocasiões, é o bullying o principal tema explorado neste episódio. Maya é vítima da maldade dos seus colegas escolares, que a fazem acreditar que dois rapazes estão apaixonados por ela, para mais tarde descobrimos que não passou de uma maneira de a nomearem a rapariga mais feia da escola. Maya, juntamente com Anna, vai pedir ajuda ao seu irmão, que a aconselha a ser ainda mais maldosa para os colegas do que foram com ela. Maya goza com o colega em relação ao pai deste que já tinha falecido, indo longe demais nos insultos, ficando arrasada com a sua atitude. Quem a ajuda é o irmão, que lhe explica através de uma mensagem como apagar o seu nome da lista de mais feia da escola. O episódio acaba com Maya a querer desistir da escola, mas Anna, como melhor amiga que é, impede-a e ainda saem reforçados os laços e a promessa de fazerem tudo juntas nesta nova fase da vida delas.

Todo este enredo é bem desenvolvido ao longo de cerca de 30 minutos de duração do episódio, num ritmo bem apresado, mas que tem algumas falhas. Vamos começar com aquela que mais me deixou incrédula: a diferença de idades entre as protagonistas e o restante elenco infantil. A sério, eu percebo a ideia de serem elas próprias a representarem-se na história que as mesmas passaram, mas é demasiado perturbador ver duas mulheres já adultas no meio de miúdos de 12 anos. Desculpem, mas fica muito esquisito e acaba por ser um fator, durante a visualização do episódio, de que não nos conseguimos abstrair. A ausência de personagens secundárias fortes é outra das falhas que encontramos. Tudo na série gira à volta das duas e praticamente não existem adultos. Como se os pais ou os seus responsáveis não tivessem um papel importante na adolescência de qualquer pessoa. Outras das falhas são os acontecimentos demasiados previsíveis que vão acontecendo. Quando começa a história de que os rapazes estão apaixonados por Maya conseguimos perceber logo onde aquilo vai terminar. Não é que a história não seja bem concluída e o episódio tem principio, meio e fim, mas não consegue surpreender o espectador, nem deixar vontade de ver continuar a ver. Na verdade, foi como se víssemos uma curta-metragem de 30 minutos.

Depois de ver este episódio de estreia ficamos com uma sensação ambígua. Por um lado, não desgostamos do que acabamos de ver; por outro, fica a sensação de algo de que não terá grandes argumentos para se manter neste mar de série que todos os meses estreiam.

Catarina Lameirinhas

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