[Contém spoilers]
Ai, juro que nem parece real. Mais uma semana, mais um episódio de Game of Thrones. Logo este ano que estou a entrar às 7h da manhã no trabalho é que se lembraram de transmitir os episódios em direto. Só pude ver o primeiro episódio em direto porque estava de folga. E olhem que ter uma copa infestada de gente às 13h e 80% das conversas serem da série não é nada fácil. Ou uma pessoa se apressa ou encho-me de spoilers.
Para vos ser totalmente sincera, adorei este A Knight of the Seven Kingdoms e não entendo o pessoal a criticar a falta de ação. Quero dizer, temos 95% das personagens juntas no mesmo sítio, a serem um bocado felizes e o povo queixa-se? Desculpem lá, mas eu quero aproveitar o máximo possível ver os Stark que restam juntos e em harmonia em Winterfell. Theon a fazer as pazes com o passado. O Verme Cinzento e Missandei a serem fofinhos. Tyrion a beber copos. Tyrion e Jaime a matarem saudades. Tormund a ser hilariante. Jaime e Brienne a reencontrarem-se depois de tudo. Os últimos irmãos da Patrulha da Noite a passarem uma última noite juntos. Jorah a ser outra vez a voz da razão de Dany. Jon a ser Jon com uma bomba na sua cabeça. E PODRICK PAYNE A CANTAR!!
Ora bem, vamos lá analisar este segundo episódio. The calm before the storm. O último em que podemos ter um bocadinho de paz de alma e coração antes de vermos os nossos personagens favoritos morrerem e VER OS MANOS DRAGÕES A LUTAREM UNS CONTRA OS OUTROS! * chora baba e ranho *
Winterfell
Com Cersei no banco esta semana (até as coisas no Norte estarem resolvidas, Porto Real é assim um bocado irrelevante, mas já tenho saudades da Cersei e da sua malvadez), Jaime chegou a Winterfell pronto para lutar pelos vivos, mas o que encontrou foi hostilidade. Daenerys Targaryen viveu muitos anos a ouvir as histórias do irmão Viserys. Das mais populares, claro, foi de como um dos membros da Guarda Real do pai o traiu e o apunhalou pelas costas. Literal e metaforicamente. Poucas pessoas sabem o porquê de Jaime ter mandado o juramento pelo cano abaixo. Se calhar Jaime perdeu uma oportunidade maravilhosa de contar ao mundo que só matou Aerys II porque o rei estava tão avariado da moleirinha que queria explodir Porto Real com fogovivo. Isso seria bom para se livrar da péssima reputação que o persegue desde essa altura e também para Daenerys se recordar que incendiar o mundo talvez não seja a melhor ideia para conquistar as pessoas.
Melhor reunião era impossível entre Brienne e Jaime. A viagem dos dois até Porto Real na 2.ª temporada ficou no coração dos fãs pela cumplicidade dos personagens. Além disso, foi Brienne a grande responsável pela mudança de Jaime Lannister. Antes tínhamos um leão com pouca moral, que atirava criancinhas das torres sem pensar duas vezes. Agora temos um Jaime que abandona a mulher que ama para se juntar à batalha pelos vivos.
Brienne sempre foi uma personagem maravilhosa. Desde a sua lealdade inabalável, ao seu sentido de honra, à professora/mãe severa de Podrick e que despedaça os corações dos homens. Desde que Tormund a viu em Castelo Negro na 6.ª temporada que temos sido presenteados com uma série de olhares penetrantes e one liners geniais. Quem não adora a paixoneta de Tormund por Brienne? Ela não tem muita paciência para ele, é verdade, mas o povo adora!
Mas a parte mais importante de Brienne em toda a série acontece na última temporada, num episódio a que ela dá o nome. Jaime nomeia-a Cavaleira, a primeira mulher a ter esse título nos Sete Reinos. Até me caiu uma lágrima ao ver a felicidade estampada no rosto dela. Gwendoline Christie dá realmente tudo de si ao interpretar a sua personagem!
Esta nomeação aconteceu no culminar de uma noite de copos, que teve a presença de quase todos os nossos favoritos: Tyrion, Pod, Jaime, Ser Davos, Tormund e Brienne. Todos a fugirem ao frio, todos a tentarem aproveitar os últimos cartuchos. Os mortos estavam a poucas horas de distância e a esperança de vida não é muita.
Muito se tem falado da música de Podrick e eu não vou perder muito tempo a tentar desmistificar a coisa (o testamento teria o dobro do tamanho, acreditem). Há muitos sites que explicam o significado de “Jenny of the Oldstones”. Basicamente, Jenny foi uma mulher pela qual Duncan Targaryen (tio-avô de Dany) se apaixonou e por isso abdicou do Trono de Ferro. Duncan morreu no incêndio da casa de verão dos Targaryen, Summerhall, no mesmo dia em que Rhaegar Targaryen nasceu. É uma música sobre amor, sobre a morte e sobre os que cá ficam para recordar os que já partiram. Tem toda a pinta de ser uma referência ao que vem no próximo episódio. Game of Thrones gosta de partir os nossos corações com música. Rains of Castamere, lembram-se?
Jon teve um episódio longe da família de sangue e da mulher que ama (que ironicamente também é de sangue, ahahahahaha) e aproveitou para se aproximar dos irmãos da Patrulha, a sua outra família, que chegaram a Winterfell com a má notícia que vimos no final do episódio passado. Que bom ver Edd, Jon, Sam e Tormund juntos e de vigia uma última vez, com Fantasma (FINALMENTE!) ao seu lado. A Muralha foi-se, mas a irmandade permanece.
Arya, sua menina malandra! Desculpem lá, mas a rapariga já matou, desmembrou e fez uma tarte com carne humana. Isso é bom! A rapariga ‘perder os três’ na última noite antes de o inferno gelado chegar, já é logo um bicho de sete cabeças. Cresçam, pessoas! Arya também cresceu, mesmo em frente aos nossos olhos. Deixem-na experimentar as coisas fixes da vida. Ainda por cima com um fofo como o Gendry.
Adorei o reencontro de Sansa com Theon. Eles passaram por muita, muita coisa mesmo. Ambos sofreram horrores nas mãos de Ramsay e escaparam juntos também. Tem todo o sentido Theon estar com os Stark, com a família que o acolheu. A redenção dele acaba ao proteger Bran, a quem traiu e expulsou de casa sem dó nem piedade. Bran vai servir de isco ao Rei da Noite e quem mais que não Theon para ficar ali ao seu lado? Entendem porque achei este episódio tão importante? As feridas sararam, os perdões foram aceites. A vida segue sem rancor, por muito curta que possa vir a ser para muitos.
O plano está traçado. Toda a gente sabe que os Mortos os superam – e em grande escala – em números. E lidar com um exército que não sente dor nem cobardia é perigoso. A melhor hipótese de todas é mesmo matar o criador de tudo. O Rei da Noite. Se este antes já parecia imbatível que baste, agora com um dragão nem se fala. Hoje não houve Rhaegal nem Drogon, mas eu não me esqueci deles nem do medo que tenho que lhes aconteça algo.
O melhor, ou, neste caso, o pior, fica para o fim. Mas antes de começar a dar na cabeça da minha personagem favorita, tenho de me babar um bocado com o guarda-roupa maravilhoso dela! Ai que inveja! Continuando. Fogo, Dany! A vontade de lhe dar um tabefe aumenta a cada episódio. Para de alienar as pessoas que sempre estiveram do teu lado! Certo, Tyrion errou em relação a Cersei, mas até Jaime acreditou nela. Era evitável aquele sermão em público. Ninguém tem culpa que ela não ande popular em Winterfell. Adorei o abre olhos de Ser Jorah. Já tinha saudades dos conselhos dele. Ainda bem que ela continua a ouvi-lo. A conversa de Sansa era algo já esperado, mas vi logo que quem ia sair a perder da conversa era Daenerys. Sansa endureceu muito ao longo dos tempos e Winterfell e o Norte é algo pelo qual a jovem Stark vai lutar até fim; ninguém a pode culpar. Até eu quero o Norte independente.
Claro que o momento final antes de os mortos chegarem tinha de ser a revelação. Depois de passar o episódio inteiro a ser evitada por Jon, Daenerys sabe finalmente a verdade. Não é só ela a última descendente da Casa Targaryen. Há o sobrinho, filho de Rhaegar, que morreu antes de ela o poder conhecer.
Viu-se logo que Jon ficou incomodado por Dany só se ter focado no trono e não na relação de parentesco de ambos, mas não se esqueçam que Dany vem de uma família em que o incesto era uma coisa comum e natural. Os pais dela eram irmãos. No primeiro livro, ela até achava que ia casar com Viserys (isto antes de o irmão a ter vendido a Khal Drogo). O próprio Rhaegar era para casar com uma irmã, mas foi filho único quase até à idade adulta. Nada disto é normal para Jon, daí andar com a cabeça cheia. Se para Jon o problema é estar apaixonado pela tia, o de Dany é o trono que cobiça há tanto tempo. Isso ser ameaçado pelo homem que ama é devastador!
E então o alarme soa. As discussões sobre o Trono de Ferro terão de esperar. Se é que vai haver oportunidade para isso. A Batalha de Winterfell vai começar e mal posso esperar por ver a nova obra prima de Miguel Sapochnik, realizador de maravilhas como Hardhome e Battle of the Bastards.
VENHAM ELES. AMÉN!
Maria Sofia Santos