[Pode conter spoilers]
Temporadas: 1 e 2
Nº de episódios: 11 (1.ªT) e 9 (2.ªT)
Chilling Adventures of Sabrina é o reboot da conhecida série dos anos 90, Sabrina the Teenage Witch, focada na metade bruxa e metade humana adolescente Sabrina Spellman (Kiernan Shipka) que, incrivelmente, consegue estar metida em todas as trapalhadas possíveis e imaginárias. Baseada nas personagens da Archie Comics e produzida pela Netflix, a série estreou em outubro do ano passado, tornando-se num sucesso imediato, e já foi renovada para uma 3.ª temporada, que terá direito a 16 episódios.
Esta série é uma daquelas raras lufadas de ar fresco no meio de tanta coisa feita e refeita. Não é segredo nenhum que a Netflix tem apostado imenso em produções arrojadas e surpreendentes e Chilling Adventures of Sabrina enquadra-se perfeitamente nestas características. Muito à semelhança de Riverdale (os produtores executivos são os mesmos e as séries decorrem no mesmo universo), Sabrina traz-nos um ambiente místico e viciante. Mas, ao contrário da primeira, não há dúvida sobre o que se está a passar e o plot é claro, ainda que não seja demasiado óbvio.
No geral, a temporada tem um bom ritmo. Pode-se dizer que está dividida em duas partes: os primeiros dez episódios e o especial de Natal, cuja review podes ler aqui, e os nove últimos. Esta divisão permite fazer o famoso bingewatch, ficar com pena de se ter visto tudo de uma vez, ser presenteado com o episódio de Natal e repetir o primeiro passo. Não posso afirmar que é tudo um mar de rosas no enredo da série, porque não é. Poucas séries roçam a perfeição e, por muito boa que Sabrina seja, está longe de atingir esse estado.
O ambiente dark e sombrio e a abordagem irreverente ao tema das bruxas, dos cultos e da adoração a Satanás elevam a série ao patamar do “nunca antes feito”, não caindo no ridículo. Chega ao ponto de estarmos a torcer por aquilo que, supostamente, é maligno. Creio que para os religiosos será um verdadeiro desafio ver esta série sem sentirem que estão a pecar! Por outro lado, o facto de a protagonista ser uma adolescente de 16 anos, de se estar sempre a meter em sarilhos e de parecer que esses sarilhos a perseguem, são coisas cliché e que, por vezes, fazem revirar os olhos. Ainda assim, a caracterização, o argumento, os efeitos especiais e o elenco estão fantásticos. Todo o conjunto faz da série uma daquelas que têm de se ver.
Melhor episódio:
Episódio 6 da 2.ª temporada – Este é aquele episódio em que ficamos verdadeiramente de olhos arregalados. Sabrina surpreende-nos vezes sem conta ao longo das temporadas, mas The Missionaries revela-nos um lado desconhecido da aprendiz de bruxa. Diria que é este o clímax da temporada e que os episódios anteriores (incluindo os da 1.ª temporada) são construídos para culminarem aqui. O que acontece é imprevisível e ficamos a sentir um misto de emoções para com a rapariga. Como referi anteriormente, o plot da série é claro, mas não óbvio, e este episódio demonstra precisamente essa subtileza.
Personagem de destaque:
Ambrose Spellman (Chance Perdomo) e Nicholas Scratch (Gavin Leatherwood) – Na 1.ª temporada a personagem que se destaca, na minha opinião, não é Sabrina, como seria de esperar, mas sim Ambrose, o seu primo. Como já foi descrito numa crónica escrita aqui no site (Papéis Fascinantes que Transcendem os Protagonistas), Ambrose é uma personagem muito mais interessante do que Sabrina. Não se sabe muito sobre ele, portanto o mistério paira sempre no ar, o que abona a seu favor. As suas falas e cenas tornam-se num escape a todas as aventuras intermináveis da prima.
Na 2.ª temporada, curiosamente também não é Sabrina que sobressai verdadeiramente (apesar de ser a protagonista e ter mérito enquanto tal. Com apenas 19 anos, Kiernan Shipka fez um trabalho louvável!). Nicholas Scratch, o handsome novo interesse amoroso de Sabrina, é a minha escolha. Nick destaca-se pelo facto de apoiar Sabrina em todas as suas loucuras e de a tratar sempre como uma igual, apesar de o seu conhecimento em bruxaria ser superior. Com o potencial para ser o lacaio cego de Satanás, Nick escolhe estar ao lado de Sabrina. Queria apenas referir que, para mim, a pior personagem da temporada foi Harvey. Não consigo nutrir qualquer tipo de emoção por ele. Está ali só por estar. É um verdadeiro pão sem sal!
Beatriz Caetano