Há quem se sinta em casa no bar e depois há quem tenha o bar em casa: Abby (Natalie Morales), uma veterana de guerra com uma personalidade marcada e aguerrida, tem um bar no quintal da casa que aluga. Quando a sua senhoria morre e deixa a casa ao sobrinho, Abby arrisca-se a perder tudo.
Seguem-se as devidas peripécias e um rol de personagens que se vão apresentando e mostrando o seu lado mais cómico, que dá conteúdo à série. Uma vez que o próprio formato sugere que não haverá uma grande continuidade narrativa de episódio para episódio, parece-me importante que as personagens se estabeleçam desde início e o piloto faz isso bem.
No entanto, a grande benesse de Abby’s é ser uma comédia à antiga. A presença de um público que reage no imediato e quase que nos indica quando devemos rir facilita muito e contribui bastante para o ambiente bem-disposto da série. O elenco de caras todas elas relativamente conhecidas e a familiaridade com que se relacionam ajuda a que nos sintamos em casa neste bar “caseiro” e que sintamos que as private jokes que partilham são nossas também.
E talvez seja aí que Abby’s ganha. O próprio conceito da série tem piada. No entanto, e isto é um ótimo indicador futuro, o comentário sobre o passado de Abby (que serviu no Afeganistão) e o seu breve discurso sobre a importância das pessoas que populam o seu bar na sua vida, sugerem uma carga dramática que dá um pouco mais de suporte à série. Bem vistas as coisas, Abby’s é uma comédia moderna “à antiga”. Tem um conceito engraçado e confortável que parece prometedor e um público sempre presente e reativo.
Apesar de não ter a força de séries anteriores (como Cheers, Friends ou até How I Met Your Mother), tem um elenco também ele “veterano” (Neil Flynn – Scrubs, The Middle; Nelson Franklin – New Girl, black-ish), e uma premissa engraçada que eu espero ver desenvolvida em episódios futuros.
Raquel David