[Contém Spoilers]
The Graduates marca um importante virar de página nesta temporada de This Is Us, com novas histórias e marcantes avanços nos desafios correntes. Foi sem dúvida um episódio de dramatismo intenso, mas sustentado em pequenos momentos com mensagens cheias de significado que permitiram continuar a desenrolar a densa teia emocional desta família.
Confesso que até aos primeiros 20 minutos de episódio estava algo desiludido: em primeiro lugar porque se percebia que não teríamos Jack muitos minutos em cena e esse cenário até se confirmou; depois porque não estava a gostar de certos retrocessos em caminhos que vinham a ser inspiradores e justos.
Está claro para mim que a presença física de Jack Pearson em cena se vai esgotando porque já visitámos muitas memórias antigas, conhecemos o derradeiro momento, conhecemos o segredo mais bem guardado do seu passado… Grande parte do que resta contar está no presente e futuro e esses são tempos onde, infelizmente, Jack não pode participar.
Por outro lado, o que me apraz dizer sobre o colapso de Kevin num momento que poderia ser de glória e satisfação pelo resultado da sua demanda: afinal de contas ele revelou uma resiliência e determinação imensas e isso valeu-lhe a hipótese de conhecer o tio. As recaídas ocorrem na vida real e ocorrem aos “melhores” – e na ficção passa-se o mesmo. Já tínhamos assistido a Jack a cair na tentação várias vezes e à sua constante luta e até faz sentido que Kevin possa repetir alguns erros do pai, mas depois de longos episódios a vê-lo evoluir positivamente, mais do que qualquer outra personagem, na minha opinião este era precisamente o capítulo que não queria que se concretizasse. Mas acredito que os irmãos o possam tirar do poço e impedir que se desvie demasiado do caminho que estava a trilhar na sua vida e carreira.
Após esses 20 minutos, This Is Us começou a dar-nos cenas de um brilhantismo destacável, nomeadamente a conversa franca entre Randall e Deja e a maturidade que esta revelou ao demonstrar o seu apreço pela estabilidade que adquirira e pelos simples pedaços de rotina que valorizava imensamente, não querendo “saltar etapas”. Tivemos também, e mais uma vez, um desempenho extraordinário de Mandy Moore no período que se seguiu à perda de Jack, onde se revela vazia, quebrada e com a sensação de que a vida não faz sentido… E facilmente se compreende que se tenha agarrado a algo que suavizava essa dor, à pessoa que estava lá para lhe dar algum conforto num momento tão duro.
Na estrada tortuosa que foi este episódio e depois de um ambiente leve e divertido associado à repentina (e inexplicável) graduação de Kate, o “mundo” começou a desabar, entre a descoberta do regresso de Kevin à bebida, ao pedido de Randall a Beth, que pode ter sido o princípio do fim, e a um imprevisível e prematuro “rebentar de águas” de Kate… Não foi quanto a mim drama a mais, sobretudo porque foi muito bem articulado com a graduação no passado, com um propósito e mensagens claros.
E quando tudo estava mais negro que nunca, eis que voltamos a uma cena que tem tanto de reconfortante como de emocionante: os três irmãos adolescentes a “sobreviverem” à perda do pai, a voltarem a pensar no futuro, a recearam as incertezas da vida e a preservarem uma mensagem fortíssima de fraternidade e amor com a ideia de “tudo correrá bem” enquanto estiverem juntos. E somos novamente transportados para o presente e lá estão os três irmãos juntos, num belo quadro que nos faz acreditar que tudo pode dar certo. E é isso que todos queremos, não é mesmo?
Acabou por ser, para mim, um excelente episódio que relança a temporada para a ponta final que se avizinha emocionante, aliás, outra coisa não seria de esperar. Fico com o coração nas mãos até à próxima semana, mas otimista de que “tudo vai dar certo”.
André Borrego