Atenção: esta review pode conter spoilers!
No passado dia 25 de janeiro chegou à Netflix a minissérie Black Earth Rising, a qual teve a sua estreia em setembro do ano passado no canal BBC Two, no Reino Unido. A série, que se insere no género dramático, é uma coprodução entre a BBC Two e a Netflix e foi escrita e realizada por Hugo Blick.
Black Earth Rising tem como protagonista Kate Ashby (Michaela Coel), que trabalha como investigadora legal em Londres, sob a alçada de Michael Ennis (John Goodman). Quando Eve (Harriet Walter), a mãe adotiva de Kate, aceita ser procuradora num caso que envolve o líder de uma milícia Ruandesa, o caso leva Michael e Kate numa jornada que irá virar as suas vidas do avesso.
É este o enredo da série, que se baseia em eventos históricos, nomeadamente o genocídio em Ruanda levado a cabo por extremistas hutus contra tutsis (que, na altura, eram os dois maiores grupos étnicos do país). Se não estão familiarizados com este capítulo histórico, recomendo o filme Hotel Rwanda para contexto.
Sem querer entrar em grandes detalhes sobre aquilo que aconteceu neste episódio piloto, quero apenas revelar que esta contextualização histórica rapidamente se torna importante, uma vez que Kate é uma sobrevivente do genocídio em Ruanda e Simon Nyamoya (interpretado por Danny Sapani) o líder da milícia que pôs fim ao massacre dos tutsi. Naturalmente, gera-se um conflito entre mãe e filha quando Eve resolve aceitar o seu papel no julgamento de Simon, por parte do Tribunal Penal Internacional.
Pessoalmente, achei a série interessante, mas devo admitir que os episódios me pareceram demasiado extensos. Tratando-se de episódios de cerca de uma hora de duração, reparei que por volta dos 45 minutos começava a distrair-me, pelo que me parece que este pode ser considerado um aspeto menos positivo da série. Isto e o facto de uma ou outra fala não estar legendada.
Mas, por detrás dessas pequenas falhas e algumas escolhas de realização um pouco duvidosas, Black Earth Rising é uma série interessante – e, para além disso, uma série que não tem qualquer problema em trazer ao de cima questões desconfortáveis, como é o caso do neocolonialismo, abordado nos primeiros minutos do episódio. Alia-se à temática cativante um forte elenco, com algumas caras conhecidas e outras tantas surpresas.
Black Earth Rising não será, de todo, uma série para toda a gente. Se temas como este são do vosso interesse, recomendo a série. Uma vez que adorei o filme que mencionei acima, este primeiro episódio foi o suficiente para despertar a minha curiosidade, pelo que devo continuar a série. Se, por outro lado, não têm grande interesse por eventos históricos, talvez esta série não seja para vocês. De qualquer forma, o investimento não é de alto risco, uma vez que a série tem apenas oito episódios. Nada como experimentar!
Inês Salvado